Morre aos 92 anos o historiador Raimundo Soares de Brito

Morreu nesta terça-feira, em Natal, aos 92 anos, o historiador e escritor Raimundo Soares de Brito, mais conhecido como Raibrito.
Nascido em Caraúbas, ele foi jogador de futebol, fotógrafo, desenhista, comerciário e comerciante.
Viveu em Natal, Fortaleza, Assu e Mossoró, cidade que o acolheu.
Ainda em Caraúbas foi juiz distrital e três vezes vereador.
Se aposentou pelos Correios, depois de ter atuado como gerente postal em Caraúbas, Assu e Mossoró.
Em seu blog, a jornalista mossoroense Lúcia Rocha conta mais sobre Raibrito:
 Desde menino gostava de ler até tarde, sob a luz de lampião, mesmo sofrendo reprimenda do pai. Adolescente, passou a escrever, especialmente sobre a seca e, adulto, teve a ousadia de enviar um de seus textos acompanhado de fotos de dois jumentos mortos de fome, tiradas por ele, para o jornalista já falecido, David Nasser, da revista Cruzeiro, publicação nacional que fazia o maior sucesso na época. 

Para surpresa de Raibrito, o renomado jornalista publicou o material com destaque, em página dupla, como se fosse dele, David Nasser. Não deu crédito nem mesmo para as fotos, que Raibrito guardava os originais, bem como cópia em carbono do texto datilografado. 

A falta de ética do renomado jornalista serviu de estímulo, pois Raibrito não desistiu de sua intuição para a escrita e, de lá para cá, publicou mais de cinquenta obras, sendo as duas últimas EU, EGO E OS OUTROS e o DICIONÁRIO DE RUAS EPATRONOS DE MOSSORÓ, esse último em dois volumes, ambos frutos de quarenta anos de pesquisas. 

Raibrito dedicava sua vida ao ofício de pesquisar a história e biografia de norte-rio-grandenses, num esforço e abnegação fora do comum. Por isso, recebeu ao longo da vida, muitas homenagens, pois seus arquivos eram disponibilizados sem nenhum custo para estudantes, universitários e profissionais mais diversos. 
Da comunidade acadêmica, recebeu o título de Doutor Honoris Causa, pela UERN – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. 

Raibrito era sócio de diversas casas de cultura, como Academia Norte-rio-grandense de Letras, Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, Academia Mossoroense de Letras, Instituto Cultural do Oeste Potiguar, Fundação Vingt-un Rosado e Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço.
Em agosto de 2005, a Petrobras patrocinou a criação da Biblioteca Virtual Raimundo Soares de Brito, que surgiu da necessidade de se preservar o grandioso acervo da hemeroteca de Raibrito, composta de mais de duzentos mil documentos, entre recortes de jornais, revistas, publicações e pesquisas próprias, que testemunham a história do Rio Grande do Norte.
Raibrito era considerado o guardião da cultura potiguar porque durante mais de cinquenta anos sua residência foi visitada  por jornalistas, intelectuais, escritores, professores, estudantes e curiosos que faziam do acervo de Raibrito a fonte de suas pesquisas. 
Homem simples, desprovido de qualquer vaidade, Raibrito adquiria diariamente todos os jornais do estado, pagando com sua modesta aposentadoria, para alimentar sua hemeroteca, que ocupava todas as dependências da casa, no Conjunto Walfredo Gurgel. Há cerca de dez anos ele adquiriu a casa da frente, para onde foi transferido parte do seu acervo e onde a Petrobras montou uma estrutura para digitalizar o acervo que durante um tempo ficou disponível no site www.raibrito.com.br. Não se sabe o motivo por que saiu da net.
Em novembro de 2003, a TCM – TV Cabo Mossoró – gravou o primeiro programa Mossoró de Todos os Tempos, apresentado pelo hoje reitor Milton Marques, na residência de Raibrito, momento em que Raibrito contou sua trajetória, falou de suas obras, paixão pelas letras e, especialmente, pela pesquisa.
        Há alguns anos Raibrito havia fixado residência no bairro de Capim Macio, em Natal, com seu sobrinho e secretário, professor Marcos Antonio – Marquinhos – por ele adotado desde criança e a quem transferiu o gosto pela leitura, pesquisa e livros.
Era sonho de Raibrito lançar uma obra com potiguares ilustres, aqueles que fizeram a diferença e conquistaram destaque em nível nacional ou internacional. Para isso, mantinha um excelente material, que vinha pesquisando há um tempão.
Raibrito foi casado com Dinorá de Brito, falecida em 2004, e pai de Socorro Figueiredo, residente em Brasília. Deixa netos  bisnetos.
 
FONTE: http://www.thaisagalvao.com.br/2012/11/28/morre-aos-92-anos-o-historiador-raibrito/

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