O Judeu Luso-Espanhol, Sefardita, na Estrutura Social do Nordeste do Brasil.
Os Ximenes de Aragão, os Drummond de Andrade e os Feitosa
Pedro de Albuquerque
Para melhor abalizar as opiniões aqui emitidas, eu procedi à atualização deste artigo
depois de oito meses de publicado. Contando, neste período, 9.000
pontos ou acessos dos 40.000 pontos alcançados por este blog, com todas
as suas matérias. Com esta nova atualização o “blog” conta 70.000
pontos, sendo 40.000 somente referentes a este artigo. Surpreende,
notadamente a mim, o interesse a que veio despertar por tratar de
matéria de rigor específico.
Assim o
faço com notas tiradas a alguns trabalhos de Francisco Antonio Dória.
Emérito professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Matemático.
Filósofo. Membro da Academia Brasileira de Filosofia, titular da
Sociedade Brasileira de Genealogia e da Sociedade Brasileira de
Genealogia Judaica.
Da maior valia
visitar o link
colacionado à margem direita
deste blog
FRANCISCO DORIA – CAFÉ HISTÓRIA
Eu sempre fui entusiasta da sua obra por sua precisão de dados e, notadamente, por
minudenciar a não deixar escapar detalhe sequer em sua exauriente
investigação: uma lenda, uma carta, um parágrafo ou um fragmento o qual
possa firmar qualquer evidência.
“D. Afonso V
confirma escambo
ao Dr. Lopo Gonçalves,
desembargador régio, e
a seu pedido, de umas casas
na rua Nova da Judiaria Grande
da cidade de Lisboa,
feito a Mécia da Costa,
sua mulher,
herdeiros e sucessores.”
Chancelaria de D. Afonso V, liv. 31, fl. 18
Extrato de nota de Francisco Dória
O agraciado, Lopo Gonçalves de Leão
é avô de Lopo de Albuquerque: o Bode;
pai de Brites e de Jerônimo.
Tratando-se
o seu trabalho de fonte fidedigna, do maior socorro, à acuidade de um
acadêmico ou historiador ou, mesmo, de um escritor. Assim, colacionei,
desde a edição inaugural destes estudos, à margem direita desta página, o link ALBUQUERQUE – ÁRVORE GENEALÓGICA.
Estabelecemos
correspondência. Autorizou-me, Francisco Dória, a proceder às
necessárias atualizações com extratos de algumas das suas valiosas
dissertações; cujos arquivos digitais ele me repassou. Posto isto, eu
festejo hoje, nesta quarta-feira 11 de Maio de 2011, a sua colaboração.
Enquanto
isto, o meu irmão Jacques Ribemboim, presidente da antiga sinagoga
ashkenazita do Recife. No antigo gueto da Boa Vista. Onde viveu Clarice
Lispector. Indicou-me o livro Nordeste Semita da autoria de Caesar
Sobreira: vencedor do Concurso Nacional de Ensaios: Prêmio Gilberto Freyre de 2008/2009.
Diante
deste trabalho de indispensável leitura para o resgate da identidade
histórica do Nordeste do Brasil, refém da estéril historiografia
oficial, sempre a serviço dos aparelhos ideológicos de dominação social,
eu procedi às atualizações desta minha crônica com citações e
referências do ensaio de Caesar Sobreira. As quais vêm corroborar, em
aspectos historiográficos e sociológicos, a minha livre dissertação.
Discorrer sobre a presença do judeu luso-espanhol,
sefardita, na formação étnica e na estrutura social do Nordeste do
Brasil, não é tarefa simples. Dado aos prejuízos causados pela
Inquisição Católica Romana: a culminar nos horrores nazistas do
Holocausto.
Há um sem
número de famílias de ascendência sefardita: os mesmos cristãos-novos.
As quais de tudo faziam para esconderem-se do crivo inquisitorial na
vida sócioeconômica. Contando, para garantir a sobrevivência, com a
endogamia e a sistemática escolha de filhos e filhas para a vida
clerical forçada. Isso, tanto para obnubilar a ascendência judaica, como
para defesa do tráfico de influências e de informações privilegiadas: necessárias no combate à Inquisição.
Este
artigo focaliza dois grupos familiares. Ambos de
imbricada consanguinidade e de complexo parentesco colateral. Em
verdade, dois clãs distintos: os Feitosa dos Inhamuns e os Ximenes de
Aragão da Serra da Ibiapaba: Ceará. Por haverem mantido a estrutura de
clã até a primeira metade do Século XX.
Tendo
como marca patente, em comum, a endogamia: esta última característica
antropológica dos judeus ibéricos. Tal como registra Gilberto Freyre:
mestre de Caesar Sobreira. Evidente que o trabalho de Freyre se reporta
ao judeu ibérico, já que o judeu ashekenazita somente chegou ao Brasil
depois do primeiro quartel do Século XX.
Ressaltando,
Sobreira, nos oferecer Gilberto Freyre um sem número de casamentos
entre primos e primas: mesmo de tios com sobrinhas e de tios avós com
sobrinhas netas. Tal como faziam os Paes e, ou, os Pais Barreto, os
Cavalcanti de Albuquerque, os Wanderley e os Souza Leão: estes últimos os mesmos, ou quase mesmos, Carnerio Leão ou Carneiro da Cunha. Costume a que se aferraram os Feitosa.
Há outros grupos familiares, a exemplo dos Albuquerque, os quais tiveram a sua estrutura de clã prematuramente rompida; em conseqüência das perdas com a Guerra dos Mascates: 1710.
Também, em 1817 e em 1824, com a sucumbência da Confederação do
Equador. Sendo estes episódios: as causas do empobrecimento e da
desagregação de muitos dos ramos descendentes. A ascendência deste grupo
é igualmente tratada, neste ensaio, por ser basilar da estrutura
genealógica de imbricada parentela.
Os
Feitosa, com origens no Norte de Portugal: rincão de massiva
ancestralidade judaica. Como registra Caesar Sobreira. Com passagem por
Sirinhaén: Pernambuco. Onde se consorciaram aos Pais, ou Paes, Barreto.
Na propriedade de partidos de cana-de-açúcar e de currais de gado no São
Francisco. Região da cidade de Penedo, no atual Estado de Alagoas, a provocar especial interesse.
Despontando
João Alves Feitosa: o mesmo João Cavalcanti. Pioneiro da pecuária vacum
no Brasil. Patriarca da aristocracia pastoril. A melhor dizer: da
“bovinocracia”. Chegado à colônia em 1650. Em companhia do seu irmão
José Alves Cavalcanti. Recebendo, em 1680, sesmarias de 40 léguas em
Araripecico: região da cidade de Penedo.
O seu filho Lourenço Alves Feitosa, o qual não deixou descendentes, fez-se ao Ceará,
em companhia do seu sobrinho Francisco: filho de Pedro Alves Feitosa.
Lourenço acumulou o patrimônio inédito de 23 sesmarias ( cf. Tomaz
Pompeu, Sesmarias Cearenses).
As quais
passaram ao domínio de Francisco. Ressabido determinar a lei o máximo de
4 concessões para cada requerente. Para bem saber da ascendência de Francisco
Alves Feitosa (filho de João Alves Cavalcanti, o mesmo João Alves
Feitosa; este, filho de Paulo Cavalcanti de Albuquerque). Francisco casado com Catarina Thereza da Rocha Cardosa de Resende e Macrine. Da
direta linhagem de Filippo Cavalcanti e de Catarina de Albuquerque.
Vale consultar o link à margem direita desta página: GENEALOGIA
DE FRANCISCO ALVES FEITOSA. Mas, a partir da pontuação “136“. Contando,
na direta ascendência: Paulo Cavalcanti de Albuquerque.
No que concerne à sequência de matrimônios de Francisco Alves Feitosa, Catarina da Rocha Cardosa
de Resende e Macrine, ou Macrina, foi a sua primeira esposa. Como
observa Borges da Fonseca, em sua Nobiliarquia Pernambucana de 1748 a
1777. A ser reeditada, ainda, neste ano de 2013, pela Fundação Gilberto
Freire.
João
Cavalcanti de Albuquerque casou no sertão de Inhamuns, Capitania do
Ceará, com D. Maria Alves Vieira, filha do capitão-mor Francisco Alves
Feitosa e de sua primeira mulher Catarina: neta por via paterna de João
Alves Feitosa, o mesmo João Alves Cavalcanti, do Araripecico, Penedo, e
sua mulher Ana Gomes Vieira.
Passando
Borges da Fonseca ao registro da presença de Arnaud de Holanda
Cavalcanti, em 1775, nos Inhamuns; como testemunha do casamento da filha
de Francisco Alves Feitosa com João Cavalcanti de Albuquerque. Este,
filho de Antônio Cavalcanti de Albuquerque herdeiro do Engenho Araripe,
em Igarassu, Pernambuco: vendido a Duarte Ximenes de Aragão; mais
adiante tratado.
Mas, o quê estaria a fazer um próspero senhor
de engenhos de Pernambuco nos sertões dos Inhamuns; não fosse a
estreita consanguinidade e a relevância, para o clã, do enlace
matrimonial? A viagem para os sertões do Ceará, ainda hoje é do maior incômodo.
Comprar
gado, nem pensar. Um rico senhor do açúcar jamais procedia a viagens com
tais propósitos. Além do mais, vivia-se nos Inhamuns a época áurea da
pecuária vacum. Com a venda de bois mansos e muares para as Minas
Gerais; em pleno ciclo da mineração: razão da riqueza dos Feitosa. Pouco tempo fazia, que a
Vila Rica do Albuquerque, fundada pelo governador geral no Rio de
Janeiro, Antônio de Albuquerque Coelho, procedente de Angola, sobrinho
neto de Jerônimo, passou a chamar-se Ouro Preto.
Este
Arnaud era casado com uma irmã de Antônio, o pai do noivo, portanto,
neto de Filippo Cavalcanti e de Catarina, filha de Jerônimo de
Albuquerque. No caso, se não tratando de Arnaud de Holanda, o sócio de
Sebal Lins Dorndorf, casado com uma filha de Filippo e Catarina. Mas, do
seu neto.
A partir
desta consulta, desvenda-se o estreito parentesco de Francisco Alves
Feitosa com Felipe de Pais Barreto: protagonista da parábola familiar “O Nome e o Sangue” de Evaldo Cabral de Mello. Dado à comum ascendência na linhagem dos Sá e Albuquerque; o quê tantas agruras causou a Felipe, por serem reconhecidamente cristãos-novos. Consultar “link” à margem direita deste “blog”: ASCENDÊNCIA COMUM DOS FEITOSA E DOS CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE.
Alcançando-se
melhor compreensão das denúncias de Evaldo Cabral, com a leitura do
ensaio Prosopopéia. Deste mesmo “blog” e, notadamente, com o cruzamento
dos dados do “link”, também à margem direita desta página: ALBUQUERQUE –
ÁRVORE GENEALÓGICA. Dado o parentesco ancestral.
Há lendas
da origem dos Feitosa, em duas irmãs e dois irmãos, refugiados da
Inquisição, chegados ao Brasil na segunda metade do Século XVII. Outra,
de uma viúva, por igual época chegada com dois filhos. Em
um ponto estas lendas coincidem: os nomes dos irmãos: João Alves
Feitosa e José Alves Cavalcanti que se assentaram na região de Penedo,
então Pernambuco, hoje Estado de Alagoas.
A verdade, entretanto, é que se não sabe das razões destes
dois Cavalcanti adotarem o topônimo Feitosa: uma pequena freguesia do
Concelho de Ponte de Lima, Distrito de Viana do Castelo; Portugal.
Apelido o qual somente passou a tomar vulto a partir de 1817;
com a derrocada da revolução emancipacionista. A qual viria
a desencadear a revolução de 1824: a Confederação do Equador. Razões do
secular mito dos Feitosa acoitarem criminosos. Detalhes os quais escaparam aos historiadores cearenses Nertan Macedo e Raimundo Girão.
Entretanto,
as lendas servem para velar a verdade histórica na sua narrativa
heroica para a construção de um discurso de fácil assimilação. O quê
levantada a suspeita de assim haverem adotado o nome para escapar das
perseguições, do terror de Estado instalado por Dom João V, em fato da
derrocada, em 1710, da Guerra dos Mascates.
Mas, as
lendas, são apenas mitologias formadas na tentativa de um determinado
grupo social legitimar-se e fazer-se reconhecer como distinto entre os
demais pela objetivação deste mesmo discurso para a dominação. Tal como
da preleção de Pierre Bourdieu, citado por Edilberto Mendes da Silva em
sua dissertação em sede de mestrado junto à Universidade Federal do
Ceará.
Assim não fosse, o historiador inglês Henry Koster, em suas Viagens ao Nordeste do Brasil:
Londres, 1816. Não teria fixado o protagonista Manuel Martins Chaves,
aliás, Manuel Gonçalves Vieira, como o terrível chefe do poderoso clã
dos Feitosa dos Inhamuns. Vindo a sua única filha, Ana Gonçalves Vieira a
ser a sua matriarca.
O mais intrigante é que Koster
não trata Vieira, como líder do clã. Mas, chefe do partido dos Feitosa:
como um grupo multifamiliar sob orientação única. O quê entendera por
partido, seria em verdade um ma’amad de cristãos-novos, um Custódio de
denominação criptografada? Vindo a formar unidade familiar, já no
Século XIX, com a sua única filha de Martins Chaves. Tal como das notas
do Barão de Studart.
Registra Koster, ainda, Manuel Martins Chaves, morto sob torturas no Limoeiro de Lisboa, o
qual deixara a cidade de Penedo, Alagoas, por ocasião da morte por
enforcamento do seu pai Antônio Gonçalves Vieira: acusado de crime de
usura e de ser judaizante. O quê, ainda, mais empresta sustentação à tese da formação de um Custódio.
Localizavam-se, estas propriedades,
no Rio São Francisco. No Rio Jaguaribe. No Riacho dos Porcos. No Rio do
Jucá. No Boqueirão do Arneiroz. No Quixelô. Na Lagoa do Iguatu e em
Caiçaras: região da cidade de Groaíras. Além do Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco, como já referido.
As quais
seriam, ainda, acrescidas pelo dote de Ana Gonçalves Vieira: única filha
de Manuel Martins Chaves; por herança do seu tio Antônio da Costa
Leitão. Como, em fato do seu casamento com o capitão-mor José Alves
Feitosa, neto de Francisco: o patriarca.
Mais
tarde, com o casamento da sua filha Eufrásia Alves Feitosa com Leandro
Custódio de Oliveira e Castro: filho de Bernardo de Freire e Castro, senhor do Engenho Tamatanduba. Limítrofe do Engenho Cunhaú de Jerônimo de Albuquerque Maranhão, nosso quinto avô, em Alagoinha: Rio Grande do Norte.
Contando, ainda, os
Feitosa dos Inhamuns, ascendência em Pedro de Albuquerque Melo do Rio
Formoso. Cediço ser Feitosa criptografia do hebraico Yosafet: Josafá;
braço armado de Esdras. Sendo, ainda, Feitosa, o relativo português do
sobrenome espanhol Bezerra e, ou, Beçerra.
O epíteto
Feitosa, em Portugal, aplica-se às novilhas vacuns e, mesmo, às
moçoilas: meninas-moças. Sendo, em verdade, criptografia direta do
hebraico Yosafeit: Josafá. Bastando inverter a ordem de leitura. Por seu
turno, Melo ou Mello, é criptografia do hebraico “malla”: mensageiro.
Já Albuquerque é vernáculo derivado do hebraico “alboker”: do alvorecer.
Por declinação semântica: do levante ou do oriente. Para esta decodificação criptográfica usa-se a cifra Atbash: método dos rabinos cabalistas.
Este jogo de letras sempre foi de largo uso dos criptos judeus. Caesar Sobrerira, com referência no rabino Jacques Cukiekorn,
do Kansas, EUA, cita-nos como exemplo o nome da cidade Venhaver do Rio
Grande do Norte. Em verdade criptografia de Vem Chaver. Do hebraico
chaver, pronuncia-se raver: companheiro. Portanto, se não tratando de
mera suposição ou coincidência: Feitosa é mesmo Yosafeit.
Anota-nos Caesar Sobreira, em seu Nordeste Semita, ressaltar Gilberto Freyre a onipresença do judeu português na vida socioeconômica,
em seu trabalho de inestimável valor para compreensão da brasilidade:
Casa Grande e Senzala. Compila, Freyre, uma carta denúncia de um
holandês de notabilidade, Wätjen, ao Conde Maurício de Nassau:
“Cada
vês mais cai o comércio do Brasil holandês nas mãos dos judeus. Os
comerciantes cristãos estão quase excluídos e tornaram-se meros
intermediários dos judeus. Todos os israelitas que chegam aqui são bem
recebidos pelos seus companheiros portugueses e empregados como agentes
feitores ou de plantação de cana-de-açúcar. Todos os lugares de corretor
são ocupados por judeus que se esforçam o mais possível para o
progresso do comércio…”
Os
Ximenes de Aragão com passagem por Antuérpia, Bélgica. A ser Ximenes,
valendo o “x” por “s”. Assim como em hebraico: o samed por shim.
Criptografia de Meneses: Manassés. Deste imbricado parentesco, a
despontar como expoente moderno o legendário pioneiro da indústria e da
energia hidroelétrica do Brasil: Delmiro Gouveia.
A
designação “judeu português” foi adotada somente no Séc. XVII, pela
Diáspora ibérica em Amsterdã: Holanda. São incontáveis as famílias
descendentes dos judeus sefarditas chegados ao Brasil no séquito dos
primeiros donatários. Ou a cumprir degredo. Ou em fuga da Inquisição,
pela rota dos Países Baixos. Pulula de lápides com os seus nomes o
Cemitério Judeu Português de Amsterdã, Beth Haim: Casa das Vidas, no
subúrbio de Ouderkerk.
São estas
famílias, entre muitas outras, os: Alencar, Almeida, Álvares, Alves,
Andrade, Azevedo, Barbosa, Barreto, Barros, Bezerra, Berenguer, Borba,
Braga, Cardoso ou Cardozo, Cardosa ou Cardoza, Castro, Costa, Coronel,
Coutinho, Dias, Domingues, Ferreira, Ferro, Fernandes, Fonseca, Gondim,
Gomes, Gonçalves, Gonzaga, Henriques, Jorge, Lima, Lins, Lopes, ou
Lopez, Luna, Lucena, Madeira, Mattos ou Matos, Martins, Melo ou Mello,
Mendes, Meneses ou Menezes, Miranda, Muniz ou Monis, Nunes, Oliveira,
Ortiz, Pedrosa, Pereira, Pessoa, Pinheiro, Pinto, Queiroz, Salsa, Silva,
Soares, Souza ou Sousa, Tabosa (Sabaot, decodificado) Teixeira, Veiga (
português) e Vega (espanhol).
Diz-nos
Francisco Antônio Doria, das suas notas em Sangue Converso no Brasil
Colônia I, que todo aquele a ter sangue dos primeiros colonizadores de
Pernambuco, terá, forçosamente, sangue de conversos. Indicando a si, que
o marranismo da elite açucareira pernambucana encontre raiz no próprio
Jerônimo de Albuquerque: o Adão Pernambucano.
Ainda em
Sangue Converso no Brasil Colônia I, desfaz-nos Francisco Antônio Doria a
lenda da ascendência de Arnaud de Holanda em uma tal Margreth Florenz:
casada com certo Barão Hendrick Van Rhilnburg, ou, mesmo, Von Reinburg
na forma alemã.
Fixando-nos a sua indubitável ascendência judaica. Havendo, mesmo, Arnaud
casado com a judaizante Brites Mendes: a Velha. Acusada pelo Tribunal
do Santo Ofício de ser comadre da legendária Branca Dias. Fazendo
anotar, Doria, do processo de Inquisição de um seu tetraneto a imputação
do visitador: de haver tido Brites Mendes os pais supliciados pelo
Santo Ofício. Havendo a sua mãe, sido queimada viva em um auto-de-fé.
Arnaud
de Holanda, junto a Sebal Lins Dorndoff, agentes financeiros de Anton
Fügers de Agsburgo, pioneiro do financiamento da economia açucareira,
são, em linha direta de sucessão de Jerônimo de Albuquerque, os
patriarcas dos Accioli, Lins, Gomes de Mello, Wanderley, Barros
Pimentel, Holanda Cavalcanti, Cavalcanti de Albuquerque, Suassuna,
Bezerra Cavalcanti e Pires de Carvalho. O interventor da república em
Pernambuco, Etelvino Lins é seu descendente direto.
Desvenda-nos,
Doria, a descendência da legendária Branca Dias e Diogo Fernandes:
primeiros donos do Engenho Camaragibe. Provindo, em parte, do casamento
de uma sua neta Maria de Paiva com Agostinho de Holanda e Vasconcellos:
filho de Arnaud de Holanda e de Brites Mendes.
Alcançando
seus descendentes praticamente todas as grandes famílias de Pernambuco.
Havendo, nessa linha, um casamento de um descendente de Branca Dias com
uma filha de João Cavalcanti de Albuquerque: do Engenho Apoá.
Descendente do ramo varonil dos Holanda Cavalcanti.
Os
Mannelli, aparentados a Filippo Cavalcanti, o qual tem por mãe a Ginevra
Mannelli, descendem de Branca Dias nas linhas femininas. Assim como
muitos dos Tenório de Albuquerque de Alagoas e Pernambuco. Ainda, um
ramo dos Paes Barreto provem de Branca Dias.
Ou seja, o
sangue desta mulher ícone das barbaridades praticadas pelo Tribunal do
Santo Ofício contra judeus e judaizantes brasileiros, permanece em boa
parte da população pernambucana. Notadamente da sua elite açucareira: os
Bezerra Cavalcanti, os Marinho Falcão e os Lacerda Falcão.
Um filho
de Filippo di Cavalcanti com Catarina de Albuquerque, filha de Jerônimo
de Albuquerque e da tabajara Muyrah Uby, Antônio, casou com Isabel de
Goes: filha do judeu português Arnaud de Holanda e de Brites Mendes a
Velha. Ver o link à margem direita deste blog: FILIPPO DI CAVALCANTI –
ÁRVORE GENEALÓGICA
Sendo,
portanto, o Brasil, um país de ascendência judaica por excelência. Nada
justificando o descalabro da atual política externa tocada a peito pelo
Itamaraty ideologicamente aparelhado pelo governo Lula da Silva.
Cumprindo emprestar, para título deste artigo, as palavras do Visitador
do Santo Ofício, o Padre Vieira: “Cristão-novo; Judeu-Velho”.
A valer
registro os protestos de Sebastião José de Carvalho e Melo: o Marquês de
Pombal. Primeiro Ministro do Rei Dom José I. Digno livre obreiro:
maçon. O qual tinha por certo ser Portugal um país de ascendência
judaica por excelência. Pombal desbancou a Igreja Católica Apostólica
Romana dos seus poderes temporais e cassou o poder de polícia do
famigerado Tribunal do Santo Ofício. Assim,vingando os antepassados.
Conta-nos
Caesar Sobreira, com base em Léon Poliacov, que o Rei de Portugal, Dom
José I, ordenara que todo português com qualquer ascendência judaica
usasse um chapéu amarelo. Dias depois, o Marquês de Pombal fez-se
presente à Corte a portar três desses chapéus.
O Rei
indagou de Pombal qual a razão daqueles três chapéus. Ao que o Marquês
respondeu-lhe ser para cumprir o seu decreto. A dizer-lhe ser um para si
próprio, um para o Rei e o outro para o grande inquisidor.
Assistia
razão ao Marquês de Pombal. Estudos de DNA procedidos pelo Prof. Mark A.
Jobling da Universidade de Leicester, Reino Unido. Publicados pela
Folha de São Paulo em 5 de Dezembro de 2008. Indicam que mais de 20% da
atual população da Península Ibérica é de ascendência judaica. Isto a
contar o brutal genocídio e expulsão empreendidos pela Inquisição
Católica Romana.
Ora, é
ressabido que os judeus, juntamente com os fenícios, chegaram à
Península Ibérica cerca de mil anos antes da era comum. Ou seja, do
advento de Jesus. Miscigenando-se com os povos autóctones para, assim,
fazer-se nativo. Como corretamente registra Caesar Sobreira.
O
historiador Benzion Netanyahu, emérito professor da Universidade
Hebraica de Jerusalém, pai do primeiro ministro Benjamin Netanyahu,
comungando das teses de Samuel Bochart, geógrafo bíblico protestante:
1599/1667. Em seu livro Jewish History in Spain, localiza Tarshishi, ou
seja, a riquíssima colônia fenícia de Tarsus, mencionada pelos profetas
Isaías, Jeremias, e Ezequiel ( 27.12-14). Assim como nos livros dos reis
(10.22), de Jonas ( 1.3) e nas cartas de Paulo aos romanos ( 15.24-28),
como o ponto mais ocidental ao qual se poderia alcançar por navegação.
Na
concepção de Bochart, Tarshish, ou Tarsus, seria realmente a atual
Espanha, compreendendo o território português. Somente passada ao
domínio romano com a vitória das Guerras Púnicas (218 a 202 AC), com a
queda de Cartago: sede do império de Aníbal. Cumprindo esclarecer
denominarem os romanos estas guerras de púnicas por assim chamarem aos
fenícios de phunius: semitas não monoteístas que legaram o alfabeto
hebraico como hoje conhecido.
Com o
desenvolvimento destes estudos, é realmente possível datar a presença
judaica na Península Ibérica em torno de um mil e quinhentos anos antes
da presença romana. Com o estabelecimento das colônias de Toledo e,
mesmo, Lishbon: atual Lisboa. Assim como outras mais ao norte a exemplo
da localidade aonde refugiou-se o apóstolo Thiago na atual Galícia.
Sendo o
judeu, em sua gênese, um povo e jamais uma raça como propuseram os
manuais da Inquisição e do nazismo. Por receber, durante milhares de
anos, contribuições genéticas de vários outros povos como dos caldeus,
dos amitas: antigos egípcios. Dos hititas, dos persas e de povos da
África Sub-Saarica. Lhe não foi difícil, nem improvável, a miscigenação
com os autóctones ibéricos. Dentre muitos, os iberos propriamente ditos e
os bascos. Bem como os celtas e os germânicos deslocados por força do
Império Romano.
Verdade é
que somente com a vitória do cônsul Tito nas Guerras Judaicas, depois
imperador sob o nome de Falvius Caesar Vespasianus Augustos (39 a 81
DC). Com a destruição de Jerusalém e o desterro dos judeus para as
províncias ocidentais. A Diáspora veio alcançar uma maior expressão da
sua presença multimilenar. O que corrobora toda a assertiva da origem
dos sefarditas e da sua natividade ibérica neste artigo defendidas.
No
Brasil, portanto, não seria difícil, nem pejorativo ao judeu português
miscigenar-se ao negro e ao tupynambá para amálgama da brasilidade.
Cumprindo, aqui, denunciar a concepção ideológica inquisitorial nas
razões do Padre Vieira, reeditada por Hitler ao infirmar que: “Um
descendente de judeu, somente limpa o sangue depois da décima geração.
Até então, ao deparar-se com qualquer reminiscência, inevitavelmente
retorna à identidade judaica”.
Assim, ao
seu ver, a não valer esperar. Optou Hitler pela Solução Final: o
Holocausto. Sendo esta a igual razão do Holocausto Nuclear: projeto
maior da Ditadura Teocrática do Irã. Isto na satânica expressão do seu
títere Mahmoud Ahmadinejad: apaniguado de Lula da Silva.
Bem
entender a presença do judeu luso-espanhol, na estrutura da sociedade
brasileira, é tanto difícil. Mesmo, em razão e fato da Inquisição
Católica Romana haver praticado um “genealogicídio”: como do protesto de
Evaldo Cabral de Mello. Isto, para usar do bem empregado vernáculo
desenvolvido pelo historiador Elias Lipiner.
Para
imputar a Borges da Fonseca, então Comissário da Inquisição, a
manipulação genealógica. Para, assim, ocultar as raízes judaicas da
esmagadora maioria das famílias coloniais portuguesas e espanholas: as
quais fixaram o basilar elemento europeu da nossa nacionalidade. Mas,
com a Inquisição em pleno vigor. Ou Borges da Fonseca praticaria um
genealogicídio, a esconder as raízes judaicas de muitos dignitários, ou
seria cúmplice do genocídio Católico Romano.
Ao
prosseguir na leitura deste artigo, alcança-se a compreensão do
avassalador dano à História do Brasil, à identidade nacional e à
Diáspora; causado pela promulgação do Dia Nacional da Imigração
Judaica. A fazer do judeu brasileiro estran”J”eiro na sua natividade.
Projeto da desastrosa iniciativa do ex deputado Marcelo Zaturansky
Nogueira Itagiba: não reconduzido à câmara federal.
No
equívoco ideológico sectário da direta subversão do conceito de
continente e contingente. Para generalizar a identidade judaica na
excepcionalidade de uma etnia: ashkenazita. Ao invés de consagrar esta
identidade no geral da diversidade das etnias: ashkenazita, mizrahita,
falashita e sefardita. Prestou, assim, Marcelo Itagiba, como inocente útil, inequívoco serviço ao anti-semitismo.
Com isto,
vindo tão somente embasar o acintoso discurso de Lula, no parlamento de
Israel. Para fazer do judeu minoria estrangeira em sua própria terra: o
Brasil. Ao artificiosamente infirmar a superioridade numérica dos
imigrantes muçulmanos e, assim, justificar, no seu ideal apátrida, a
alienação da brasilidade em favor da Conspiração Islâmica.
Mas, esta
dificuldade de compreensão da formação idiossincrática e étnica da
gente brasileira, não tem unicamente causa na imbricação histórica. Em
fato de ser simples tal realidade. Tampouco na distância dos tempos, ou
na assimilação das gerações descendentes. A causa reside, mesmo, na
sistemática erradicação da identidade sefardita das gerações
descendentes.
Isto pela
supressão da memória da presença do elemento judeu colonial. Processo
inquisitorial de extinção de um povo por aniquilamento moral: no dizer
do Rabino Yehoshua Kemelman de Sidney, Austrália. Ora, sem memória; sem
identidade. Sem identidade; sem liberdade! O quê deveria ser da sabença
de um representante popular eleito em processo de legitimidade
democrática de uma nação pluralista.
Tudo para
consolidar o Império Português: vassalo do Sacro Império Romano
Germânico, por legitimação única da Igreja Católica Apostólica Romana.
Nada haver com a garantização da hegemonia do Catolicismo Romano, como
religião oficial de Estado. Tampouco com o cristianismo; em aspectos
teologais. Notadamente, nada haver com a catequese de evangelização.
Mesmo
porque, a institucional Igreja Católica Apostólica Romana somente
surgiu no ano 320 da era comum. Como impostura do Concílio de Nicéia.
Isto para unificação das igrejas cristãs sob a égide do imperador romano
Constantino. Na ocasião eleito primeiro Sumo Pontífice: Papa. Ou seja:
Pontifex Maximus. Unidade esta que viria a desintegrar-se com a Reforma e
a Contra Reforma no início da Idade Moderna.
Ocasião
em que o Bispo Ário foi condenado como herege. Bem como inúmeras
versões, autênticas, do Evangelho foram proscritas e queimadas. O
próprio Evangelho Segundo Tiago foi julgado apócrifo: por embasar a
doutrina de Ário.
A qual
negava a identidade divina de Jesus; ao tempo que defendia a sua
afinidade como homem iluminado. Negando, assim, o mito da teopsia em
Jesus transmudado no Cristo. Quando o valor de Jesus, para a Civilização
Ocidental, não está em uma sua virtual identidade divina. Mas, na
grandeza da sua doutrina: na sua revelação para a reforma e construção
da civilização ocidental.
Mas, para
socorro da origem divina do poder inconteste e supra temporal do
imperador. O que viria emprestar fundamentação ao direito divino dos
reis. A perdurar até a Revolução Francesa. Fazia-se, pois, necessário
matar o homem, Jesus, no Cristo, para encarnar no homem o Cristo
divinizado.
É que os
imperadores romanos, desde o primeiro: Otávio. Foram, sempre,
deificados. Idolatria: origem da canonização. Para realizar a presença
do Deus pai, então Júpiter, entre os mortais. Assim, realizando o mito
de Deus feito homem.
Para
tanto, fez-se necessário o uso do sincretismo religioso. Para tudo
consolidar sob a autoridade única de um Estado dualista: civil e laico
e, ao mesmo tempo, teocrático. Todavia monolítico. Sob os pés do
Imperador canonizado. Tudo em direta subversão da doutrina do próprio
Jesus: Mateus, XXII: 15-22; Marcos, XII: 13-17.
Sendo
estas as razões maiores, para o advento da Inquisição. Como
indispensável aparato de consolidação dos embrionários Estados
nacionais. Para, logo mais, empestar base ideológica e método ao
Holocausto: um só povo, um só líder. Na sustentação do ensandecido apelo
populista do nacional socialismo: canto de cisne do Sacro Império
Romano Germânico.
Todavia, a
primeira iniciativa de afirmação dos Estados nacionais, para lhes
garantir a soberania foi a ruptura com a cúria romana. Pela constituição
de um cristianismo independente e reformado. Daí o sucesso de Martinho
Lutero, Calvino e mais outros teólogos.
Notadamente,
a vitória de Henrique VIII. Ao constituir a Igreja Episcopal Anglicana,
para libertar-se do jugo do alongado cetro do Sacro Império Romano
Germânico: a coroa espanhola. Sendo esta a verdadeira causa do seu
divórcio da Rainha Catarina; filha dos inquisidores reis católicos:
Fernando e Isabel de Castela.
Em
conseqüência disto, na Europa continental, a Inquisição veio a
fortalecer-se como instituição secular. Para consolidação dos estados
nacionais. Mesmo no controle do aparelhamento ideológico da Igreja
Católica Romana. A ter ininterrupto seguimento por mais de 700 anos: a
culminar com o Holocausto.
Valendo
registrar que somente no Séc. XX, os tribunais da Inquisição foram
suprimidos pelos modernos Estados europeus. Mas foram mantidos pelo
Estado Pontifício até 1908, sob o Papa Pio X. Quando o Tribunal do Santo
Ofício foi renomeado como Sacra Congregação do Santo Ofício. Vindo, na
Alemanha, no plano secular, a ser substituído pelo III Reich; mediante a
célebre Concordata.
Em 1965,
por ocasião do Concílio Vaticano II, durante o pontificado de Paulo VI,
em clima de grandes transformações na Igreja, após o papado de João
XXIII, o Tribunal do Santo Ofício recebeu a denominação atual de
Congregação para a Doutrina da Fé.
Somente
em 1973, no Brasil, com a Constituição Outorgada pelas forças do
contragolpe militar de 1964, por gloriosa luta da Maçonaria, a Igreja
Católica Apostólica Romana perdeu o status de Religião Oficial do
Estado.
Sendo
esta a razão da guinada do clero às esquerdas populistas, com as suas
pastorais da terra e as suas comunidades eclesiais de base. As quais, na
atualidade, de modo sub-reptício, ameaçam fazer retornar o Santo Ofício
ao poder. Isto nos bastidores das forças políticas comprometidas com o
Foro de São Paulo. Mesmo com a instauração da Comissão da Verdade
embutida, na terceira versão do Plano Nacional de Direitos Humanos.
A
Inquisição Católica Romana, com as suas “provanças” de fé e de pureza de
sangue. Isto é, de raça. De defeitos de subalterna origem social:
mesmo dos havidos por cristãos velhos. Se é que os houve na História de
Portugal. É a causa maior do atraso sociocultural e econômico de todas
as nações de origem colonial portuguesa e espanhola.
Sendo,
mesmo, o germe do totalitarismo latente na América Latina. Causa das
cíclicas sístoles e diástoles na sua história política. Isto, para
emprestar palavras ao bravo coronel Golbery do Couto e Silva.
A
corroborar esta assertiva, a sobrevivência e ascensão de rebotalhos como
Fidel e Raúl Castro, Hugo Chávez, Christina Kirchner e Fernando Lugo:
esporos desta bactéria incubada pela catequese inquisitorial; hoje mantida pela Teologia da Libertação de Leonardo Boff. Ora, todo povo retardo carece de um herói messiâsnico!
A
tramitação do processo inquisitorial em segredo. Mesmo do acusado,
considerado culpado até prova em contrário. Com o seu interrogatório
sob tortura: o que não indultava o réu da pena capital da morte na
fogueira. Fez-se de consagrado ato de caridade para, com isto, livrá-lo
da eternidade nos infernos.
A
Inquisição constituiu-se instituição independente e, mesmo, acima da
Igreja Católica Romana no seu próprio controle interno. Vindo, com
isto, promover o maior genocídio de toda História. Com a matança
indiscriminada de homens, mulheres e crianças imoladas vivas nos brasis
dos autos-de-fé.
Isto, a
exaltar a delação premiada com a recompensa celestial, prometida às
crianças submetidas ao catecismo. Para acusação de amigos e parentes.
Como dos próprios pais, por práticas judaizantes. No seu aparato, ainda,
o terror da exumação dos acusados. Para serem, post mortem, processados
e condenados e, assim, terem os restos mortais calcinados em
autos-de-fé. Tudo, para a sua eterna danação e a perpétua execração
pública dos seus descendentes.
Acreditando,
negado a eles o beneplácito do Juízo Final. O conhecimento da
misericórdia divina. Por lhes ser impossível a ressurreição da carne
incinerada e, assim, o seu comparecimento diante da graça de Deus.
No
Brasil, é caso exemplar disto Branca Dias e Diogo Fernandes, do Engenho
Camaragibe: Pernambuco. Diletos protegidos do Donatário Duarte Coelho
Pereira e do seu cunhado e lugar tenente Jerônimo de Albuquerque.
Enquanto
perdurou o poder donatarial dos Albuquerque, o quê, por ironia
histórica, veio a sucumbir coincidente com a queda da Companhia
das Índias Ocidentais. Até então, a Inquisição lhes não lançou mãos ao
seu próprio alvedrio. Cumprindo a leitura de Alexandre Ribemboim; entre
outros seus trabalhos: Senhores de Engenho Judeus de Pernambuco.
Em razão
desta mesma fundamentação teológica, o manual inquisitorial proibia a
tortura, ou a execução com o derramamento de sangue. Por entender
beneficiar ao réu, o fato da terra beber-lhe o sangue e, assim,
permitir-lhe a ressurreição da carne com a suscetível prometida vida
eterna.
Daí, mais
uma razão ideológica ou, mesmo, de ocultismo, para os fornos
crematórios de Hitler. Não deixar, portanto, restos a serem absorvidos
pela mãe terra. Para o condenado não cumprir a sentença da terra
devolver-lhe o corpo: quando do Juízo Final. Com isto, ter-se-ia operado
em eficiência teológica.
Com o
judaizante condenado, para sempre: morto e amaldiçoado. Para que nem
Deus o pudesse redimir. A se lhes não permitir qualquer evidência
material da sua existência e, assim, ter-se erradicada a história de um
povo e o testemunho da sua civilização.
Contando,
ainda, o confisco de todas as propriedades e, mesmo, dos haveres de
menor importância dos condenados. Causa maior da riqueza da Igreja
Católica Apostólica Romana e dos nacituros Estados nacionais.
Ressaltando-se
a venda dos seus filhos, como escravos para o Império Otomano e as
províncias de ultramar. Mais precisamente, Ilha da Madeira, Açores e
Cabo Verde, para servir no eito das plantações de cana-de-açúcar.
Portanto, a servidão do negro não constitui fato exclusivo da escravidão.
Também, a
venda das filhas dos condenados, para suprir a falta de mulheres
brancas nas colônias. Tudo a vir, tempos depois, a emprestar motivação
ideológica, causa e método aos horrores nazistas. Razão porque o Papa
Pio XII não encontrou arrimo moral para direta, afirmativa e
efetivamente condenar o Holocausto. O quê, em verdade, apenas emprestou
continuidade à Inquisição.
A
colonização das Américas desviou o interesse das coroas espanhola e
portuguesa do norte da África, de dificultoso povoamento e pobre em
riquezas fáceis e imediatas. Provendo ao invasor muçulmano, do
necessário armistício à consolidação da sua dominação do continente
africano.
Contando os islamitas, em a sua lei fundamental, a Sharya, a qual, até os dias atuais, válido o instituto da escravidão das mulheres e dos outros povos. Tal como asseverado pelos acadêmicos:
Bernard
Lugan, em sua “Afrique l’Histoire à l’Endroit” (Perrin, Paris) e Eric
Voegelin, em sua “The History of the Race Idea” (Louisiana State
University). Baseados em pesquisas sobre os historiadores árabes: Ibn Khaldun, Al Abshihi e Yad Al Sabi.
Fazendo-se,
com isto, o muçulmano de fornecedor da mão de obra escrava.
Indispensável à exploração do Novo Mundo. Com milenares províncias
cristãs e, notadamente, a judaica Etiópia, abandonadas à sua cobiça.
Enquanto garantidas às coroas espanhola e portuguesa, as rotas do
comércio com o Oriente. Eficaz estratégia diplomática. Moeda de troca
de um acordo tácito entre impérios, os quais por séculos digladiaram-se
pelo espólio romano.
A África,
contando setenta etnias de mais de setecentos idiomas distintos. Aliás,
a acepção do negro como um todo único é generalização ideológica para a
banalização da sua identidade histórica. Fez-se
de campo aberto à escravidão dos seus povos. Havendo de negar-se o mito
de haverem-se encontradas em estado primitivo. Como da assertiva de
Pedro Doria em seu “1565, Enquanto o Brasil Nascia”, Editora Nova
Fronteira: de leitura inarredável.
Assim,
dando início ao ciclo do tráfico negreiro. Comércio ao qual, não muito
tardou, cooptaram inúmeros reinos negros da África equatorial da costa
atlântica. Ao exemplo dos Bantos: distribuídos em vários reinos e fiéis
ao imperador do Congo. Vindo a
ser, o independente N’Dongo, com a sua temível rainha guerreira,
N’Zinga M’Bandi N’Gola, de nome patronímico católico romano Dona Ana de
Souza, Rainha de Angola, o seu mais fiel aliado.
No
Brasil, a catequese inquisitorial viria a emprestar causa, como
efetivamente emprestou, a todo preconceito e desagregação social. Tanto
pela estigma do defeito de sangue e de origem subalterna. Como,
notadamente, pela marginalização do judeu, do índio e do negro.
Cerceada,
aos seus descendentes mestiços, a promoção social. A posse e
propriedade da terra. O acesso aos cargos públicos e à profissão
eclesiástica. Sendo, com isto, evidente causa da genética corrupção
política do Brasil. Por haver, a Igreja Romana, inaugurado a indústria
nacional de criar dificuldades para vender facilidades. A qual sustenta o
processo eleitoral. Revigorada, nos dias de hoje, pela Ditadura da
Desfaçatez Eleitoral: em passos largos de consolidação.
Mais
precisamente, causa da fragilíssima solidariedade social do brasileiro.
Fundamento das exceções pessoais. Base ideológica da formação das
oligarquias e, ou, nomenclaturas de qualquer matiz ideológico. Mesmo por
reação, ou cooptação. A saber, o escalonamento dos defeitos de sangue conforme o manual do Santo Ofício:
1 –
defeito de sangue judeu, independente de quantos costados, ou seja,
fontes ascendentes. Perdão de exclusiva competência do Papa;
2– defeito de sangue negro, também indepndente de quantos costados. Perdão de exclusiva competência do monarca;
3 –
defeito de sangue gentílico, sangue índio. Defeito venial, desde que
fosse mestiço de branco: do tupy “cariboca”. Perdão da direta
competência tanto dos visitadores do Santo Ofício; assim como dos
comissários da Inquisição.
Cumprindo
ressaltar que o Tribunal do Santo Ofício estipulava, a peso de ouro, na
distinção de casos por casos. No conceito vales o quanto pesas. As
cominações pecuniárias por qualquer das suas indulgências. Razão das
milionárias dotações das famílias senhoriais às ordens religiosas, como
prevenção das penas compulsórias.
Assim,
netos e bisnetos do grande patriarca Jerônimo de Albuquerque, o Adão
Pernambucano, tiveram impedido o acesso a títulos e investiduras. Como
as da Ordem dos Cavaleiros de Cristo e da Ordem de Avis. Por flagrante
defeito de sangue judeu ou tupynambá. Tal como registra Evaldo Cabral de
Mello em seu extraordinário compêndio “O Nome e o Sangue: Uma Parábola
Familiar no Pernambuco Colonial”.
Jerônimo, filho de Lopo de Albuquerque, era, portanto, bisneto de Lopo Gonçalves de Leão e sua esposa Mécia da Costa: beneficiária da chancela de Dom Afonso V; no caput deste artigo. Fundou
o Engenho Nossa Senhora da Ajuda, ou, dos Fornos da Cal, em Olinda: em
terras correspondentes ao atual bairro de Beberibe e arrabaldes.
Casou, em
primeiras núpcias, com a tabajara Muyrah Uby, de nome patronímico
católico romano: Maria do Espírito Santo Arcoverde. De quem teve oito
filhos: Jerônimo de Albuquerque Maranhão, Manuel, André, Catarina,
Isabel, Joana, Antônio e Brites. Havendo mais cinco filhos de outras
tupynambás.
Do
casamento forçado com Felipa de Melo, filha de Cristóvão de Melo, por
quem nutria todo o ódio, por imposição da Rainha Catarina, ainda teve
onze filhos: João, Afonso, Cristóvão, Duarte, Jerônimo, Cosme, Felipe,
Isabel, Maria e mais dois natimortos.
O texto da intimação da rainha para o seu casamento com Felipa é ameaçador: “… para
evitar que continuasse o sobrinho de Afonso de Albuquerque, o
descendente de reis, a seguir a lei de Moisés, mantendo trezentas
concubinas.” Esta carta é referida no “link” à margem direita: FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO – JERÔNIMO DE ALBUQUERQUE
No
entanto, servindo-se do seu ardil político, Jerônimo legitimou a todos;
ao negociar com o sogro o casamento de dois dos seus filhos caboclos com
as suas duas únicas cunhadas. Para fazer dos seus netos, no seu próprio
dizer; como nos registra Evaldo Cabral: tão bons, ou seja, tão nobres,
como as filhas e netos de Cristóvão de Melo.
Lopo de
Albuquerque foi o primeiro Conde de Penamacor, por édito do rei Dom
Afonso V de Portugal, quem, também, o fez senhor da Vila de Penamacor e e
de Abiul. Lopo, ainda foi Camareiro Mor, Guarda Roupas, Copeiro Mor e
Capitão Geral da guarda do monarca.
Tomou
parte ativa nas guerras junto aos principais do seu tempo. Foi guarda
pessoal de Afonso V, em sua viagem à França. Também seu embaixador em
Roma, onde tratou, junto ao Papa, da anulação do casamento do rei com a
rainha Dona Joana.
Foi,
junto ao seu irmão Pedro, o almirante, líder da Conjuração dos Duques de
Bragança. Em fato da sucumbência do levante, retirou-se de Portugal com
o passaporte falso de Pedro Nunes emitido pelo Ma’amad: órgão supremo
da jurisdição civil autônoma dos judeus portugueses.
A tragédia da arrebatadora paixão de Pedro e Inês: cantada por Luís de Camões como Colo de Garça. Fez-se da alma portuguesa e, hoje, identidade da cidade de Coimbra; como do fado na voz de Amália Rodrigues: Amália Rodrigues: Coimbra
Finalmente, preso
por três anos na Torre de Londres, teve o seu resgate pago pela rainha
Isabel de Castela, sua prima, quem o fez Conde de Uzeda e Ubeda na
Andaluzia. Morto, teve os restos trasladados para a sua terra por ordem
da rainha Leonor, preceptora de Dom Manuel I; quem os encerrou no Mosteiro de Santo
Antônio da Castanheira: em Vila Franca de Xira. Com a morte de Lopo, a
Inquisição foi oficialmente instaurada em Portugal. A ter início com o
batismo forçado, ao quê veemente se opôs o Cardeal Alpedrinha: Dom Jorge
da Costa; tio avô de Lopo de Albuquerque.
Foi
casado com Catarina de Noronha; sobrinha de Felipa Moniz, esposa de
Cristóvão Colombo: suspeito codinome do seu irmão exilado Pedro de
Albuquerque. Felipa, também, era conhecida como Leonor de Noronha, filha
do Bispo de Évora, Pedro de Noronha casado com Branca Dias Perestrello.
Ela, filha de Bartolomeu Perestrello: primeiro governador da Madeira;
filho de Filippo Pallastrelli, natural da Itália.
Tais
pressupostos e requisitos dos manuais do Santo Ofício viriam
desestabilizar todo o processo de organização política da sociedade
brasileira. Desde os mais remotos tempos coloniais até 1973, com a
promulgação da Constituição outorgada: da relatoria do Min. Alfredo
Buzaid. Por força da qual a Igreja Católica Apostólica Romana teve
cassado o status de religião oficial do Estado.
O termo
Inquisição refere-se a várias instituições dedicadas à supressão das
heresias no seio da Igreja Católica Romana. A Inquisição foi criada
inicialmente para combater o sincretismo dentre alguns grupos
religiosos. A Inquisição Medieval, da qual derivam todas as demais, foi
instituída em 1184 na região de Languedoc: sul da França. Para combater
aos Cátaros, os mesmos Albigenses.
Em 1249
foi implantada no Reino de Aragão, como a primeira Inquisição de Estado
e, já na Idade Moderna, com a união de Aragão e Castela, transformou-se
na Inquisição espanhola de 1478 a 1834: sob controle direto da
monarquia. Estendendo a sua atuação para as Américas, com o advento da
União Ibérica e sujeição de Portugal à coroa espanhola.
A
Inquisição Portuguesa foi instituída em 1536 e perdurou até 1821. A
Inquisição Romana, instituição sob a denominação de “Congregação da
Sacra, Romana e Universal Inquisição do Santo Ofício” permaneceu a
vigorar até 1965. Extinta pelo Concílio Vaticano II convocado pelo Papa
Paulo VI.
Assim, o
terror de Estado, cúmplice do terror religioso, persistiu por
quase oitocentos anos. Não há, portanto, como distinguir o Holocausto
Nazista como evento histórico isolado. Sendo, em verdade, apenas uma
nova fase da Inquisição: a fase germânica. Qualquer distinção, a este
respeito, é de flagrante hipocrisia.
Com isto,
o Brasil, com um atraso histórico de quase duzentos anos, fez-se Estado
laico, para ingressar na Idade Contemporânea. Fato este, que veio
provocar a guinada do clero católico romano às esquerdas. Isto para
sobrevivência política, em razão da perda de cediços privilégios.
Qualquer outro argumento é mera falsidade ideológica.
Sendo
esta a real motivação da gramaticalmente equivocada “opção preferencial”
pelos pobres. Ora, o termo opção, de si, expressa preferência.
Tratando-se mesmo, de primário marqueteirismo demagógico.
O autoproclamado clero progressista, encabeçado por Dom Helder Câmara: egresso das falanges da direita integralista. Dom
Fragoso, bispo de Cratéus, Ceará e Dom Pedro Casaldáliga, bispo de São
Félix do Araguaia, Mato Grosso: coito e teatro de operações da mais
acirrada guerrilha. Insurgiu-se contra o poder civil laicista; na
renitência do poder temporal da Igreja Católica Apostólica Romana.
Isto com a
organização e fomento de movimentos de extrema esquerda revolucionária
da linha maoísta e stalinista, treinada e armada em Cuba, no
protagonismo de assaltos terroristas. O quê provocou os excessos do
contragolpe militar: com a morte de centenas de inocentes úteis; heróis messiânicos.
Em
Pernambuco, os preconceitos consagrados pela Inquisição Católica Romana
viriam provocar todas as sedições, motins, escaramuças e arruaças. A
culminar no êxodo das mais antigas famílias para os sertões do
semi-árido nordestino. Bem como, para regiões dos Estados de Minas
Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
Aliás,
dos mazombos: acaboclados nobres da terra. Conta-se passados a Minas
Gerais, os ascendentes do poeta Carlos Drummond de Andrade. Diretos
descendentes de João Escócio: quem, em 1475, casou-se com a judia
sefardita Branca Afonso.
Por um lado com ascendência nos Albuquerque Berenguer. A ressaltar serem os Berenguer antiga família sefardita de
Castela. Por outro, em João Escócio o qual era filho de John Drummond
casado com Elizabeth Sinclair: filha de Henry Sinclair, Conde de Orkney e
Jane Hallibourton.
Já a
filha de João Escócio, Beatriz, casou-se com o cristão-novo Antão Alves
de Carvalho: filho de Gil Carvalho, capitão mor na Índia casado com a
judia Maria Eanes de Loureiro. Os quais se fixaram na Ilha da Madeira.
Na Vila de Santa Cruz: na propriedade denominada Solar de São Gil. Sendo
esta a comum ascendência dos Drummond do Brasil.
O ramo
pernambucano dos Drummond descende do casamento de uma neta de Jerônimo
de Albuquerque com a índia tabajara Muyrah Uby: filha do morubixaba Uyra
Uby, o Arcoverde. A descenderem desta e outras índias do séquito de
Jerônimo os Albuquerque Arcoverde, os Holanda Cavalcanti, os Cavalcanti
de Albuquerque, os Albuquerque Lins, os Albuquerque Maranhão, os Bezerra
de Melo, os Albuquerque Melo, os Holanda Cavalcanti e os Bezerra de
Albuquerque.
O ramo
dos Drummond de Minas Gerais é descendente de Antônio de Carvalho
Drummond, quem no Séc. XVII, vindo da Madeira e passado por Pernambuco,
foi nomeado capitão mor das terras de São Miguel de Antônio Dias: no Rio
das Velhas.
Entre os
descendentes diretos dos cristãos-novos, judeus-velhos, Gil Carvalho e
Maria Eanes de Loureiro e a matriarca sefardita Branca Afonso, conta-se o
juiz ordinário João Batista de Carvalho Drummond. O mesmo legendário
coronel Cantídio Drummond de Drummond e o poeta Carlos Drummond de
Andrade.
Ao
contrário do que muito se acredita, ter sido a queda da Companhia das
Índias Ocidentais a causa única do êxodo das famílias senhoriais de
cristãos-novos de Pernambuco. A revolução de 1710 apresenta-se como
evento de maior causa emigratória.
A Guerra
dos Mascates, como esta revolução ficou para a História. Veio a ser
conseqüência das disputas instigadas pelo Tribunal do Santo Ofício a
serviço da coroa portuguesa que, no reino, combatia a antiga nobreza
para firmar-se como poder central. Ao tempo que na colônia empreendia
quebrar a hegemonia da açucarocracia, para impor a nova ordem da
Metrópole.
Nisto
bateram-se dois partidos. De um lado os recentes imigrados portugueses
afeitos ao comércio: ditos reinóis. Pretendidos cristãos-velhos,
privilegiados da Inquisição. De outro, os “nativizados” cristãos-novos:
ditos mazombos. Do antigo senhoril ruralista, refutados da Inquisição.
Por
ocasião do acirrado revanchismo do período pós guerra, a coroa
portuguesa, contando ao seu serviço os comissários da Inquisição. De
esmagadora maioria reinol. Instaurou o terror de Estado. A fazer de
bandos de marginais, os tundacumbes, a sua vanguarda armada na invasão
de propriedades e no incêndio de canaviais. Mesmo na violação das
casas-grandes, com o estupro das mulheres das famílias senhoriais.
O quê
viria inspirar as Ligas Camponesas de Francisco Julião: causa maior dos
excessos do contra-golpe militar de 1964 a culminar com o exílio do
líder camponês. Sendo, ele mesmo, de inequívoca ascendência mazomba.
Isto na
ignorância de si próprio: conseqüência da Inquisição. Pois, os Lucena,
ascendentes diretos de Julião, são uma das mais antigas famílias
judaicas da Espanha. Isaac de Lucena era sócio de David Senior Coronel.
Juntamente com quem fundou a sinagoga portuguesa de Amsterdã, a sinagoga
portuguesa do Recife e a sinagoga portuguesa de Nova Iorque: Sherit
Israel.
Julião
era herdeiro dos Lucena do Engenho Espera. Na cidade de Bom Jardim,
município contíguo a Orobó: Pernambuco. Com fortes raízes na
açucarocracia paraibana. Da comum parentela do presidente da república
Epitácio Pessoa e do seu sobrinho, o heróico João Pessoa Cavalcanti de
Albuquerque: morto no Recife por João Dantas, da Serra do Teixeira:
Paraíba. Cuja frase estampa a bandeira daquele Estado: Nego! Primo em
primeiro grau de Mário Barbosa da Silva, com quem Julião partilhou a
herança.
Mário:
meu sogro. Filho do major Olímpio de Lucena e de Maria de Paula Pessoa
Barbosa. Quem dividiu o espólio do Engenho Espera, com Francisco Julião.
Casado com Maria de Lourdes Henriques de Oliveira: filha do
cristão-novo, reinol de bom partido, Boaventura da Costa Oliveira. Mais
conhecido do vulgo por Seu Pedro e de Severina Navais de Miranda
Henriques: Dona Nenen. Pai de Roseana Oliveira Barbosa, minha primeira
esposa.
Do
assento de n.° 24.060 de Maria de Lourdes, esposa de Mário, junto ao
Conservatório de Registros Gerais de Lisboa, consta ser ela, pelo lado
paterno, neta de Joaquim da Costa Oliveira e de Maria de Souza Maia:
naturais de Póvoa de Varzim, Vila do Conde, norte de Portugal. Já do
lado materno ela ser neta de Manoel Augusto de Miranda Henriques e de
Anna Eulália de Navais Henriques.
Já Mário,
por seus laços com João Pessoa, faz-se-nos próximo parente de Olga
Feitosa (de Castro), minha mãe, e de Pedro Bezerra de Albuquerque: meu
idolatrado pai. Eu bem
poderia tê-lo feito mais feliz. Realizado comigo: fosse eu, grande
empresário. Mas, o dinheiro sempre me aborreceu.
O quê fazer, se eu nasci poeta e escritor? Ora, qualquer assunto financeiro leva-me à profunda melancolia. Para mim, todo trato pecuniário é
do meu mais irrelevante interesse. Contudo, eu fiz caminho inverso ao
do meu primo Bruno Maranhão: líder e fundador do MST-Movimento dos
Trabalhadores Sem Terra.
É quê eu tive um amigo de inestimável valor: Roberto de Souza Leão. Casado com Leninha: filha de Cornélio Lacerda de Almeida Coimbra
Brennand. Roberto foi pai de João, Joaquim e de Roberta. Inimicíssimo
dos meus inimigos e amicíssimo dos meus amigos. Acérrimo crítico do
clero progressista. Mas, unicamente no campo ideológico; qualquer outra
consideração é pura mitologia.
Roberto
foi irmão dos meus amigos Ricardo, Maria e Márcia. Maria, delegada de
polícia, casou com Joaquim Guerra, deputado federal: filho do ex
governador Paulo Guerra; correligionário de João Roma. Márcia casou com
Múcio Novaes de Albuquerque Cavalcanti: filho de Leonardo, embaixador do
Brasil na Argentina. Múcio é neto de Antônio de Novais de Mello
Avelins.
Antônio
foi ministro da agricultura, deputado federal, prefeito da cidade do
Recife e senador da república. Nasceu no Engenho Pimentel: no Cabo de
Santo Agostinho. Era irmão de Maria Hermila, quem casou com Fernando
Carneiro Campello: tio de Antônio e de Gilson Machado Guimarães.
Um filho
de Maria Hermila e Fernando, João Paulo, casou em primeiras núpcias com
uma filha de Olga e Pedro Bezerra de Albuquerque e, em segunda núpcias,
com uma sobrinha de Olga, de igual nome da primeira esposa: Mercês;
filha de Francisca de Araújo Chaves e do seu primo Gerardo Feitosa de
Souza.
Pedro, o
meu pai, por seu turno, era filho de Maria Apolônia de Miranda Campos:
esposa de Juvêncio Bezerra de Albuquerque, em segundas núpcias. Ele era
natural de Timbaúba dos Mocós, ela de Bezerros: Pernambuco.
Estabelecendo-se,
Juvêncio, na cidade de Cajazeiras. Extremo oeste do Estado da Paraíba:
na fazenda Cacareco. A cidade formou-se em um sítio da antiga sesmaria
do seu primo Luís Gomes de Albuquerque, da linhagem Gomes de Melo:
natural de Pernambuco.
Com o
casamento da filha de Luís, Ana de Albuquerque, com o cearense Vital de
Souza Rolim, Luís Gomes repassou-lhe as terras como dote. Ana e Vital
viriam a ser os pais de Ignácio de Souza Rolim. O legendário Padre
Rolim, emérito fundador da cidade de Cajazeiras: a qual se desenvolveu
ao derredor do colégio por ele fundado.
Juvêncio,
seguro da proteção dos parentes, suprimiu o sobrenome Cavalcanti em
razão das más querenças, delações e usurpações instaladas em Timbaúba;
em fato da derrocada da Confederação do Equador: o quê provocou cismas
no núcleo do clã. Havendo, aos treze anos, órfão de pai e de mãe, com
três irmãs e um comboio de mulas de carga e mais gente sua foreira. Com
títulos de terras nos sertões e mais prataria. Arribado para Águas
Belas: fronteira de Alagoas.
Onde,
viveu até os 18 anos, acoitado em terras de um seu primo Tenório
Cavalcanti de Albuquerque. De lá mandando uma das suas irmãs, França,
para os Inhamuns e fazendo-a casar com o homem de primeira confiança do
Cel. Lourenço Alves Feitosa e Castro. Seu secretário particular. Filho
do Cel. Joaquim Alves. Para, nisto, passar-se, então, para o comércio no
Recife: onde fez patrimônio.
Aos
sessenta anos, quando emigrou para Cajazeiras, casou-se com uma sua
prima de trinta. Já moça velha, para a época, Maria Apolônia e, com
ela, teve sete filhos: Pedro, José, Esther, Maria, Quitéria, França e
Manuel; fora dois natimortos.
Maria
Apolônia era filha do judeu português, tropeiro, mascate, crediarista e
caixeiro viajante João Coura Campos. Mas, filho de mãe honrada de eira,
beira e soleira. Fazia, também o comércio de couro, muares amansados e
de carne seca.
Cumprindo,
na época de estiagem, o itinerário dos engenhos de açúcar de Pernambuco
e Paraíba e, na época de chuvas, os sertões até os Inhamuns.
Juvêncio,
ainda teve mais outros onze filhos com a sua primeira esposa em
Pernambuco. Também sua prima, a supor-se em primeiro grau. Assim,
honrou Jerônimo; indubitavelmente.
Igual
sina abateu Constâncio de Albuquerque Maranhão, na mesma quase idade de
Juvêncio, com as suas duas irmãs Susana e Palmira e o seu irmão Hermes.
Vindo a acoitar-se, em Águas Belas, por favores de Audálio Tenório de
Albuquerque, quando deixou em fuga o seu engenho em Vitória de Santo
Antão. Constâncio descreveu uma verdadeira epopeia. Empobrecido, emigrou
para o Rio de Janeiro onde assentou trilhos da Central do Brasil: como
ele narrava na maior risadagem. Como próprio dos homens de espírito
elevado e imbatível.
De volta à
sua terra, casou com Maria do Carmo: filha do major Olímpio de Lucena,
primo do presidente da república Epitácio Pessoa; mais adiante tratados.
Amigo do Gal. Cordeiro de Farias e de Etelvino Lins, fez-se sócio de
José Melício Carneiro Leão do Engenho Coimbra e dominou por décadas o
comércio da carne e do gado vacum: fundando o primeiro matadouro
industrial de Pernambuco em Peixinhos, Olinda. Foi deputado estadual.
Deixou os
filhos Júlio Constantino de Albuquerque Maranhão e o senador Ney
Maranhão. Além das filhas Maria Clementina, aliás, Santinha. Da mais
estimada memória, casada com o advogado Moacir Mariz. Vera, casada com
Nilson Pimentel: filho do capitão de indústrias José Albino Pimentel e
Célia, casada com Luís de França.
José
Melício Carneiro Leão casou o seu filho homônimo, hoje senhor do Engenho
Coimbra, com uma sobrinha de Constâncio. Neta do major Olímpio do
Engenho Espera: Melânia. Pedro, o autor deste memorial, casou, em
primeiras núpcias, com uma outra neta do major Olímpio: Roseana, irmã de
Melânia.
João Ignácio Ribeiro Roma Filho é neto de Carlota de Albuquerque Arcoverde, dos Fornos da Cal de Igarassu: antiga propriedade de Jerônimo de Albuquerque.
Viúva do médico Otávio de Freitas. Tia de Joaquim Francisco de Freitas
Cavalcanti: ex-governador do Estado. João Ignácio é filho do
legendário chefe político João Roma: sobrinho neto do Gal. Abreu e Lima;
o qual empresta nome à primeira refinaria de petróleo de Pernambuco.
Dos mais
ilustres descendentes diretos de Jerônimo de Albuquerque e da tabajara
Muyrah Uby, conta-se o promotor de justiça Clovis Arcoverde de Freitas,
irmão de Clarice e de Creuza. Filho de Carlota, dos Fornos
da Cal. Casou com Odeth de Lacerda Falcão. Ambos da mais amada
lembrança. Pais de Thereza, casada com o meu homônimo Pedro Bezerra
Cavalcanti de Albuquerque. Thereza é imã de Teófilo José de Freitas
Arcoverde. Creuza, casada com José Francisco Cavalcanti, é mãe de João e
de Joaquim Francisco de Freitas Cavalcanti.
Lynaldo
Cavalcanti de Albuquerque. Natural de Campina Grande: Paraíba. Casado
com Lavínia Caetano de Albuquerque. Fez-se: Reitor da Universidade da
Paraíba, Presidente do Conselho de Reitores das Uinersidades
Brasileiras, Presidente do CNPQ – Centro Nacional do Desenvolvimento
Científico e Tecnológico, Grande Oficial da Ordem Infante Don Henrique
de Portugal, da Ordem Gran Cruz Del Sabio Afonso de Espanha, Assessor
especial da Presidência da República Federativa do Brasil, Comendador da
Ordem Aguila Azteca do Mexico, da Ordem Mayo Al Merito da Argentina,
Doutor Honoris Causa da Universidade do Canadá. Comendador da Ordem do
Pacificador, do Exército do Brasil e da Ordem do Rio Branco do
Ministério do Exterior da República Federativa do Brasil.
José Rufino Bezerra Cavalcanti, governador de Pernambuco, foi
senhor dos engenhos Trapiche, Novo, Barbalho, Pirapama, São João,
Malinote, Malakof, Mataparipe, São Pedro e Santo Inácio. Fundou a
Companhia Geral de Melhoramentos de Pernambuco, controladora da Usina
Cucaú, em Rio Formoso: sesmaria de Pedro de Albuquerque Melo.
O seu neto,
de igual nome, casou com Francisca Frederica Cavalcanti Von Shostern:
Sussi. Neta do ex-governador Carlos de Lima Cavalcanti. Uma filha de
Sussi, Maria Cecília, casou com Ricardo Lacerda de Almeida Coimbra
Brennand Filho.
Contudo,
das querelas e lutas intestinas dos Cavalcanti de Albuquerque e dos
Maranhão de Timbaúba, o quê custou muito sangue irmão e lágrimas,
ressalta-se a disputa de dois primos homônimos João e João pela herdade
do Engenho Cavalcanti: em Lagoa de Itaenga. O João do contíguo Engenho
Petribu, hoje sede da usina de açúcar, rompeu com a estrutura do clã e,
vitorioso, adotou o topônimo “de Petribu”.
Fato do
testemunho da minha inesquecível mestra de letras Cecília Guerra quem,
na minha adolescência, com paciente dedicação, revisava os meus
descuidados primeiros ensaios. Casada com João de Petribu: filho do
patriarca e irmão de Paulo , o fundador da usina, casado com Helena Correia de Araújo
Atualmente
é senhor do Engenho Cavalcanti o industrial Miguel de Petribu, amigo
indissociável do seu primo e cunhado Gustavo de Albuquerque Maranhão:
hoje casado com Dodora Morais e residente em Florença, Itália. Assim,
retornado às origens, onde vive em alto estilo.
Mas
Gustavo, não é o primeiro Albuquerque Maranhão a voltar a Florença. Um
neto de Catarina de Albuquerque e Filippo Cavalcanti, Lourenço
Cavalcanti de Albuquerque Maranhão, no final do Séc. XVI, de posse das
credenciais de Filippo, passadas por Cosimo di Medici. Com o apoio de
Sebastião Ximenes de Aragão. Regressou ao rincão do seu avô e fez-se
braço direito de Ferdinando di Medici, no estabelecimento de um comércio
de açúcar, tabaco e madeira com o Brasil. Obtido o privilégio, ou seja,
a patente ou licença da coroa espanhola. Ali viveu na Corte, até a sua
morte e deixou descendência.
Tradução:
“Cosimo di Medici, por graça de Deus, Duque segundo de Florença e Siena.
A todos e a cada um a cujas mãos chegarem as presentes letras, saúde e prosperidade etc.
A famlia dos Cavalcanti nesta cidade de Florença, como também a família dos Mannelli
resplandecem com singular nobreza e luzimento,
das quais até este tempo têm saído varões de Nós, de nossos Progenitores e da nossa Republica
beneméritos porque eles têm alcançado, em sucessivos tempos,
todas as honras e dignidades da nossa cidade,
e têm servido aos Supremos Magistrados com grande louvor
e trazendo as armas próprias de sua Familia à maneira dos Patrícios Florentinos.
Distintas em seus campos e cores concedidas, como abaixo se pode ver,
viverão como os outros mais luzidos Fidalgos de sua Pátria.
Entre os quais contamos, principalmente, a Giovanni Cavalcanti,
pai de FiIippo Cavalcanti o qual vivendo nesta cidade
em tempos passados casou com a nobilíssima Ginevra Mannelli
de quem teve de legítimo matrimônio ao dito Filippo Cavalcanti
o qual não degenerando de seus pais,
vive com toda a pompa no nobilíssimo Reino de Portugal.
Pelo que amamos, como nos é lícito,
as mesmas famílias e a seus descendentes,
e alem disto significamos que o mesmo Filippo Cavalcanti
nascido dos ditos pais nobres, a saber: Giovanni e Ginevra,
de legitimo matrimônio, e de famílias muito nobres com razão é muito amado de Nós,
e com o testemunho das presente letras,
que mandamos selar com nosso selo pendente de chumbo,
certificamos a sua nobreza.
E além disto desejamos e pedimos,
que por nosso respeito se lhe faça com muita benignidade e toda a honra
porque nos será isto muito agradável e o teremos em grande obséquio.
Dado em Florença no nosso Palácio dos Duques.
Agosto de 1559 e do nosso Ducado Florentino 23° e de Siena o terceiro.”
Esclarece,
porém, Francisco Antônio Doria das origens dos Cavalcanti em um de
quatro irmãos vindos da Alemanha e chegados à Toscana: ainda no Século
IX. Um dos quais fez-se ascendente dos Cavalcanti. Um outro dos Calvi.
Outro dos Malavoti e dos Orlandi de Siena e, outro mais, dos Monaldeschi
de Orvieto.
Certo,
porém, é que desde o ano 1000 os seus viviam na cidade. Nos arredores da
Via di Calimala e da Via Porta Rossa. No centro. O que lhes fazia
remontar, como do protesto de Giovanni di Lorenzo Cavalcanti, à época da
primeira muralha: Il Primo Cerchio.
Eram
aparentados dos condes Guidi, dos Adimari e dos Buondelmonti. Haviam
dado à Florença oito cônsules. Assim gozava Giovanni de vasta influente
parentela. Mas ricos, os seus mais velhos, sobretudo, devido ao
comércio. Notadamente do monopólio dos tecidos de lã: daí o seu cordão
umbilical com a Inglaterra. O quê lhes fazia pesar a suspeita de judeus.
Mas, não eram de origem judaica.
Contudo,
na minha apreensão, enfatizo manterem intenso relacionamento comercial e
social com mercadores e banqueiros judeus portugueses e cristãos-novos.
Notadamente, com os Ximenes de Aragão. O quê viria, obviamente, a
motivar e a facilitar o casamento, no Brasil, de Filippo, filho de
Giiovani, com Catarina filha de Jerônimo de Albuquerque. Assim, pela
linhagem descendente, os Cavalcanti do Nordeste do Brasil, têm origem
judaica.
É no
quadro de horrores patrocinado pela coroa portuguesa e pela Igreja
Católica Apostólica Romana, que os Ximenes de Aragão. De original
ascendência basca e judaica. Da parentela dos príncipes de Navarra,
Espanha, passaram-se aos sertões do Ceará.
Os quais,
já em fato em fato da Inquisição na Europa, se haviam passado para
Antuérpia. Na antiga Flandres: atual Bélgica. Para de lá passar-se, um
grupo descendente, para Pernambuco e fixar-se no Engenho Araripe: no
município de Igarassu.
Para, uma
vez mais. Já com laços de parentesco com os Holanda Cavalcanti.
Passar-se ao Ceará: Serra da Ibiapaba. Onde alguns deste ramo familiar
tornar-se-iam grandes produtores e mercadores de café, a exercer
influência na política e na sociedade.
Ainda
porquanto aos Ximenes de Aragão, fartamente documentado, complementa-nos
Francisco Antônio Doria registrar esta “gente muito abastada”. Havendo
adotado o topônimo Aragão já em fins do Século XVI, quando firmado o seu
monopólio do comércio da pimenta para Portugal. Vindo, com isto, a
fazerem-se grandes fidalgos na Itália e na Espanha.
Ressalta-nos
Doria, mesmo lhes não anotando os genealogistas, a origem judaica.
Ficar isto evidenciado por casarem-se nas famílias conversas dos Veiga,
Elvas e Évoras. Mais, ainda, por praticarem profissão típica e
empreenderem atividades econômicas onde houvesse concentração de judeus.
A exemplo da Cidade Livre de Danzig, atual Gdansk: Polônia. Onde
dominaram o comércio. Vindo, um dos Ximenes de Aragão, a ser médico
particular, profissão de judeu, do Cardeal Dom Henrique.
No Século
XVII, um ramo do clã dos Ximenes de Aragão fixou-se na Itália,
Florença, e os seus descendentes casaram-se na família Medici, da
linhagem dos Marqueses Della Castellina, do Papa Leão XI, e na família
Guarini. Bem como, em outras casas nobres da Toscana.
Vindo
esclarecer, ter-se como maior evidência da identidade judaica desta
família o “motu proprio” que lhe foi passado em 1586 pelo Papa Sixto
V: conferindo aos descendentes de Duarte Ximenes de Aragão armas de
nobreza e o nome da família Peretti. Certificando-os
cirstãos-velhos e, mesmo, proibindo “ad perpetuam rei memorian” a quem
quer que fosse lhes inquirir das origens judaicas.
Tradução:
“De Henrique, pela graça de Deus rei da Inglaterra, França, defensor da fé e duque da Irlanda. Ao magnífico Sr. Giovanni Cavalcanti, servo nosso amado ao mais elevado grau.
Aos nossos ouvidos e certamente muito irado contra nós e para com nosso carinho por ti e pela fidelidade dos teus serviços a nós prestados. A apreensão pela a perda da tua herança que nos dias de hoje se transcrevem. Não por qualquer culpa tua, como chegamos a conhecer. Mas por enganos e falsidades de outrem, que testemunhamos acontecer a ti. Comiseramo-nos desta tua desgraça.
Todavia, como a tua inocência deve exortar-te a suportar com ânimo sereno. Assim, nós te encorajamos diante de nós que te amamos agora e para sempre e te prometemos que não te faltará, agora nem de futuro, o nosso afeto e o nosso favor.
Além disso, com as nossas cartas contra esta injustiça, na ocasião protestamos por teu patrimônio e por teu primo Pier Francesco de Bardi. Por tua alma vociferamos por justiça, o que tem muita influência na tua república.
Esperamos seja benéfica e não inferior às dificuldades que se te apresentam. Assim, impusemos aos magníficos senhores Francesco Briano e Pietro Vanno ao teu favor. Aos quais nós designamos nossos embaixadores na Itália para que possa assistir ao nosso trabalho por todos os aspectos a promover, do quê não temos dúvida será empreendido por eles. Pois, te queremos de mente sã e forte. Assim preparada, em todo o teu favorável destino.”
Somente a
necessidade de proteger uma sua linhagem ou legítima, porque o celibato
dos Papas somente passou a ser exigido a partir de 1565, ou, mesmo,
adulterina. Havida dos Ximenes de Aragão coligados dos
Medici, justificaria tal atitude de Felice Peretti. Isto, somente, os
anais do Vaticano têm como esclarecer. A adoção patronímica e a
proibição de se lhes inquirir das origens marranas são denunciadoras.
“Ora, fossem cristãos-velhos; desnecessário seria o tal “motu próprio”.
Com propriedade vem inferir Francisco Antonio Doria.
Esta é a
verdade histórica por trás da mitologia comungada pelos Feitosa dos
Inhamuns e os Ximenes de Aragão, de contarem um papa na sua estrutura
genealógica.
Realmente
a minha amada tia Doca Feitosa da Várzea da Onça. Tia Nenenzinha da
Varzinha: mãe de Eládio e de Lourenço. Tia Guiomar do Arraial e tia
Dolores de Paula Pessoa: casada com Joaquim Alves Feitosa. Nada
inventaram, para mais ilustrar a ascendência. Apenas deram crédito aos
testemunhos dos seus mais antigos.
Um
ramo dos Xmenes de Aragão passou-se ao Brasil fixando-se no Rio de
Janeiro e casou-se nos Dias de Meneses e nos Castros: antigos marranos.
Damião Dias, o patriarca, era judeu converso, maçon e comerciante. Também,
escrivão da fazenda de Dom João III, quem o fez casar com Joana de
Meneses filha bastarda de Dom Duarte de Meneses: da casa dos
Albuquerque. De família tão nobre e rica que, por orgulho, trazia como
brasão um escudo liso de ouro sem incrustações.
Esta
linhagem, anota-nos Doria, congrega judaizantes e conversos de alto
prestígio, a exemplo do Padre Antônio Vieira. Com miríades de
descendentes, é de ressaltar Chico Buarque de Holanda: dos mesmos
Holanda Cavalcanti e Cavalcanti de Albuquerque de Pernambuco. Assim,
como nos traz a lume Francisco Antonio Doria.
Na
Bélgica os Ximenes de Aragão firmaram-se como grandes mercadores e
agentes financeiros. Vindo, mesmo, a nobilitar. Entretanto, o ramo belga
da família viria padecer sobre os horrores do nazismo. Nos bons tempos
de Antuérpia, Fernão Ximenes de Aragão, “O Cavalheiro”, adquiriu, no
comércio, grande riqueza e prestígio. Passando a viver no mais alto
estilo.
Fernão
nasceu em Antuérpia em 1526 e morreu em Florença, Itália, em 18 de
Dezembro de 1600. Teve o corpo trasladado para ser sepultado em
Antuérpia: na Catedral de Notre Dame. Na Capela de São Miguel. Da qual,
como autêntico marrano, patrocinou a construção.
Contando
armada própria, Fernão estabeleceu-se como rico mercador de especiarias
e de outros gêneros importados do Oriente. Morou longo tempo na
Alemanha: em Colônia. Sendo Antuérpia o seu domicílio oficial. Também
chegou a manter estabelecimentos e negócios em Hamburgo e Danzig.
Rodrigo Ximenes de Aragão, seu irmão e sócio, nasceu no ano de 1534 e
faleceu em 2 de Outubro de 1581.
Filantropo
de grande prestígio junto ao Papa Sixto V, Ruy promoveu o resgate de
muitos acusados de heresia pela Inquisição. Mesmo, no patrocínio, a peso
de ouro, dos seus batistérios por livre e espontânea conversão. Isto a
arriscar-se na periculosa convivência da cúria romana.
Manuel
Ximenes de Aragão, cidadão de Antuérpia, nasceu em 1564 e faleceu no ano
de 1632. Foi comendador e cavaleiro de Santo Estevão em Florença,
Itália. Foi Senhor de Blauwhof, Vila de Bazel, município de Kruibeke.
Distrito de Sint Niklaas. Província de Flandres Oriental: Bélgica.
Ana Lopes
Ximenes de Aragão, Baronesa de Rhodes, nasceu em torno de 1560/70 e
morreu em 28 de Agosto de 1635. Casou-se com Simão Rodrigues de Évora e
Veiga: progenitor dos Marqueses de Rhodes. Foi também, Simão, cônsul em 1592,1596 e 1600.
Simão
chegou a comprar um palácio no Meir: Antuérpia. O qual pertencera ao
rico comerciante, industrial e humanista Gérard Gramaye. Fez-se, ainda,
Cavaleiro de Ter Sealon, Cavaleiro da Ordem de Cristo e Cavaleiro da
Casa Real. No Meir, onde, hoje o Osterriethhuis se encontra instalado:
no prédio que o serviu de residência. Sendo esta a comum ascendência dos
Ximenes de Aragão do Brasil.
No
Nordeste do Brasil, o ramo do clã tem origem com os irmãos Duarte e
Gonçalo Ximenes de Aragão. Registram-nos Alexandre e Jacques Ribemboim,
em seu livro Olinda Judaica, Duarte como controlador dos negócios do
consórcio familiar de Antuérpia no Brasil. Duarte foi rendeiro dos
dízimos do açúcar, no período de 1617 a 1621, em Pernambuco.
Havendo,mesmo, convivido com Matias de Albuquerque.
Havendo
sido Duarte o primeiro proprietário dos engenhos Araripe de Cima,
Araripe do Meio e Araripe de Baixo, em Itapissuma, distrito de Igarassu:
Pernambuco. Em terras adquiridas de Antônio, filho de Catarina de
Albuquerque e seu esposo Filippo: filho de Giovanni Cavalcanti.
Era
Duarte filho de Ruy, aliás, Rodrigo Nunes Ximenes irmão de Fernão
Ximenes de Aragão. As suas atividades constam das relações de 1609 a
1623.
A
transferência do clã de Pernambuco para a Serra da Ibiapaba, Ceará, onde
se fizeram produtores e exportadores de café, dá-se no Século XVIII, a
partir de 1710, em fato das perseguições pela sucumbência da
açucarocracia na Guerra dos Mascates.
Ali,
buscaram e obtiveram a proteção de alguns Cavalcanti de Albuquerque,
Holanda Cavalcanti e Albuquerque Melo, descendentes de Jerônimo e de
estreito parentesco ancestral com os índios Tabajaras: autóctones da
região. Temíveis guerreiros, os quais muito serviram a Jerônimo e a
Matias de Albuquerque nas lutas em defesa da colônia. Por outro lado,
já na consanguinidade e ascendência dos Feitosa dos Inhamuns.
O meu
primo Francisco Ximenes de Aragão Filho, o qual aprendeu hebraico com o
seu avô, a quem eu devo encarecidamente a conclusão deste ensaio. De
quem eu, livremente empresto dados e palavras. Estribado em farta
documentação, garimpada numa pesquisa de mais de vinte anos. Traça-nos a
genealogia do ramo cearense destes judeus portugueses na ascendência do
mitológico Delmiro Gouveia.
Diz-nos
Ximenes Filho, haver Raimundo Ximenes de Aragão casado em Ipu, com a sua
prima Rosa Ximenes de Aragão. Nascendo desta união o capitão José
Raimundo Ximenes de Aragão, quem, do seu turno, casou-se por duas vezes.
De
primeira núpcias com Maria Isabel de Souza: filha do coronel Félix José
de Souza e de dona Isabel Rodrigues de Farias: da Fazenda Boa Vista.
Isabel Rodrigues era neta, pelo lado paterno, de João de Farias Leite e
de Isabel Vaz Silveira. Maria Isabel era bisneta de Félix José de Souza e
Oliveira: genro de Manuel Mattos Madeira.
O segundo
casamento do capitão José Raimundo Ximenes de Aragão deu-se com Joana
Maria de Souza: filha de João da Costa Flores e de Cândida Maria de
Souza Carvalho. Casamento realizado pelo padre Gonçalo de Oliveira Lima
em 1892.
Cumprindo
a nota de que o capitão José Raimundo era primo, em segundo grau, da
sua primeira esposa Maria Isabel de Souza. Irmã de Francisca Isabel de
Souza: mãe de Cândido José de Souza Carvalho. O qual, por seu turno,
casou-se com Arminda Quixadá: filha de Maria Madalena Ximenes de Aragão.
Sendo seu sogro o coronel Félix José de Souza, junto a quem gozava de
total estima e consideração. Quem lhe confiava a direção dos negócios e a
administração das suas fazendas.
Nas
épocas próprias de cada ano, o capitão José Raimundo apartava as rezes
“eradas” e outros animais destinados à venda. Delmiro Porfírio Farias de
Souza, o Major Delmiro, pai de Delmiro Gouveia e José Soares de Souza
Fôgo. Respectivamente filho e sobrinho do coronel Félix José, eram os
encarregados das transações nas praças de Sobral, Granja, Aquiraz e
Fortaleza.
O
legendário Delmiro Gouveia, aliás, Delmiro Augusto da Cruz Gouveia,
nasceu em 5 de junho de 1863 na Fazenda Boa Vista de propriedade do seu
avô: o coronel Félix José de Souza. Ficou para a História como o “Rei do
Sertão” por sua riqueza, filantropia e coragem no desafiar o poderio
econômico dos ingleses no Nordeste do Brasil. A falácia de ser Delmiro
de origem humilde, é mito de desconstrução das esquerdas populistas na
cata de um herói messiânico.
Uma
das suas maiores marcas foi a de ser pioneiro da industrialização e da
produção de energia hidroelétrica no Brasil. Na cidade de Água Branca,
sertão de Alagoas, Delmiro instalou o seu parque industrial. Em Alagoas,
vivia em boa paz na proteção dos Tenório Cavalcanti.
Mandou
buscar técnicos nos Estados Unidos da América do Norte, de onde importou
equipamentos e, já no inicio da primeira década do Sec. XX, quando
grandes centros regionais como o Recife e Salvador eram ainda iluminados
a gás, as suas indústrias eram movidas a energia elétrica.
Foi mãe
de Delmiro Gouveia, a pernambucana Leonila Flora da Cruz Gouveia. A qual
ficara viúva do Major Delmiro, morto na Guerra do Paraguai na campanha
de Caimbocá. Havendo, o major Delmiro, sido companheiro de fileiras do,
então, tenente Lourenço Alves Feitosa e Castro. Mesmo por laços de
parentesco. Com quem firmou fraterno relacionamento e de quem o seu
irmão, coronel José Porfírio Farias de Souza, viria a ser o mais
aguerrido correligionário na oligarquia aciolista.
No
comércio Delmiro passou a exportar 1,5 milhão de toneladas de pele por
ano. Ressalta Caesar Sobreira, registrar Gilberto Freyre, ter sido o
comércio de peles de monopólio israelita: dos judeus portugueses.
Restando evidente, haver-se Delmiro Gouveia valido da identidade
ancestral dos Ximenes de Aragão para bem colocar-se no mercado europeu.
Já na
iniciativa industrial, em mais um arroubo de ousadia, Delmiro fundou a
Companhia Agro Fabril Mercantil. A qual, logo nos primeiros meses,
passou a produzir 216 mil carretéis de linha de algodão. A morte de
Delmiro Gouveia fez-se de mistérios. Se não sabe ao certo se foi mandado
assassinar por seus concorrentes ingleses, ou por seu ferrenho inimigo
Sigismundo Gonçalves: governador de Pernambuco.
Quem
jamais perdoou Delmiro da sova que lhe aplicou na, então, movimentada e
chique Rua do Ouvidor: na cidade do Rio de Janeiro. Bem como haver
Delmiro feito sua amante, com quem fugiu para Alagoas, Carmela Eulina do
Amaral Gusmão: filha natural de Sigismundo. Delmiro teve ainda, como
acérrimo inimigo ao conselheiro Rosa e Silva de quem Sigismundo era
aguerrido correligionário.
O coronel
José Porfírio Farias de Souza, tio de Delmiro Gouveia, dono dos Sítios
São Paulo, Mato Grosso e São Félix na Serra da Ibiapaba e Boa Vista, na
cidade, casou-se com Maria Elvira de Andrade de Paula Pessoa. Sobrinha
do senador Francisco de Andrade de Paula Pessoa. Filha de Leocádio de
Andrade Pessoa e Hermelinda Pereira Jacinto da Motta Pessoa. Sendo
ele desembargador do Tribunal de Relação da Província do Maranhão.
Francisco
de Andrade de Paula pessoa nasceu em 24 de Março de 1795, vindo a
morrer, aos 84 anos, em 16 de Julho de 1879. Era filho do capitão-mor
Thomaz Antônio Pessoa de Andrade e de Francisca de Brito Pessoa de
Andrade: prima, em primeiro grau, do legendário José Agostinho de
Macedo; político, escritor, poeta e clérigo português. Ver “link” à
margem direita desta página.
Francisco
era irmão de João de Andrade Pessoa, identificado nas falanges
revolucionárias por Dr. Anta, junto a quem tomou parte na Confederação
do Equador. Ao contrário do irmão, Francisco, teve comutada a pena de
morte por enforcamento. Mas, confiscados todos os seus bens. Já pai de
quatro de seis filhos, Francisco passou-se ao Rio de Janeiro. Onde, aos
quarenta anos, iniciou os estudos de Direito aos auspícios da maçonaria.
De volta a
Sobral, foi eleito presidente da Câmara. Membro do Conselho Geral.
Coronel Comandante da Guarda Nacional. Para, mais uma vez, ser eleito
vice-presidente da província do Ceará e, depois, senador confirmado pela
Carta Imperial de 23 de Dezembro de 1848.
O senador
Paula Pessoa foi membro honorário do Instituto de Advogados da Corte.
Vindo, em 1850, a ser elevado, de revolucionário proscrito, a Fidalgo
Cavaleiro da Casa Imperial. Um seu neto, Francisco de Paula Rodrigues,
filho de Maria Luiza de Paula Rodrigues e do conselheiro Antônio Joaquim
Rodrigues Júnior, viria ser doutor em medicina pela faculdade do Rio
de Janeiro. Deixou várias dissertações científicas. Foi sócio do célebre
Dr. Wecker de Paris e do renomado Dr. Moura Brasil.
O coronel
José Porfírio Farias de Souza teve por preceptor ao seu tio Gonçalo
Ignácio Loyola de Albuquerque Melo, de codinome revolucionário Padre
Mororó: mártir da Confederação do Equador. Executado por fuzilamento, ao
exemplo de Frei Caneca em Pernambuco: em 30 de Abril de 1825, no ângulo
norte do Passeio Público da cidade de Fortaleza.
O seu pai
coronel Félix José de Souza era filho de Francisco de Souza Oliveira, o
mesmo, Francisco Loyola de Albuquerque Melo. Se lhe não sabe ao certo
originário da Paraíba, ou de Pernambuco. Mas, lhe sendo asseverada a
ascendência direta em Pedro de Albuquerque Melo: do Rio Formoso.
É cercada
de mistérios a vida de Francisco de Souza Oliveira, na verdade
Francisco Loyola de Albuquerque Melo: pai do coronel Félix José de
Souza. Avô do coronel José Porfírio Farias de Souza. Este, por seu
turno, pai de Luís Porfírio Farias de Souza.
Francisco Loyola de Albuquerque Melo, refugiado
do terror de Estado que fez o inferno das famílias de mazombos da
Paraíba e de Pernambuco, como já anotado. Casou-se no Ceará, com Águeda
Xavier de Mattos Madeira filha do não menos misterioso Manuel de Mattos
Madeira: legendário português, que se passou à povoação do Riacho dos
Guimarães: atual Groaíras. Então Caiçaras: sesmaria dos Feitosa dos
Inhamuns.
Diz-nos o
Barão de Studart, no seu Dicionário Bio-Blibliographico Cearense Vol
-I-, pag. 259/260, ao testemunho do seu coetâneo Manuel Ximenes de
Aragão que, ao morrer Mattos Madeira: verificou-se dos seus papéis
tratar-se de um alto titular da nobreza de Portugal. Porém, de nome
diverso. Em fuga da mortal perseguição que lhe movia o Conde de Oeiras:
ministro do Rei Dom José I.
Infelizmente,
o celebrado linhagista deixou-nos de registrar o seu verdadeiro nome.
Quiçá, propositadamente para proteger os seus familiares. Hoje, eu ando à
cata dessas anotações, jamais publicadas, de Manuel Ximenes de Aragão:
falecido por volta de 1870. Para o resgate da sua ascendência.
São,
ainda, primos em primeiro grau do coronel José Porfírio Farias de
Souza: Thomaz Pompeu de Souza, o Senador Pompeu. Milton de Souza
Carvalho, presidente do inaugural conselho de administração da Usina
Siderúrgica Nacional, Volta Redonda. Félix Cândido de Souza Carvalho:
desembargador presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará.
Este, por sua vez, cunhado de Maria Elvira de Andrade de Paula Pessoa.
Ela, prima do legendário chefe de polícia Vicente de Paula Pessoa: o
Vêpêpeia. Ou Milton, ou Felix José, é avô de Antônio Cândido de Souza
Carvalho: filólogo membro da Academia Brasileira de Letras.
São
estas as raízes do parentesco dos Ximenes de Aragão, com os descendentes
do coronel José Porfírio Farias de Souza: tio de Delmiro Gouveia. Cujo
filho, Luís Porfírio Farias de Souza veio casar com Maria das Mercês:
filha do coronel Lourenço Alves Feitosa e Castro; patrono do 23.°
Batalhão de Caçadores sediado na cidade de Fortaleza.
Lourenço
Alves Feitosa e Castro era filho de Luzia Alves Feitosa e Vale e do
capitão-mor Lourenço Alves de Castro. Sendo este, filho de Leandro
Custódio de Oliveira e Castro e neto de Bernardo de Freire e Castro do
Engenho Tamatanduba: limítrofe do Engenho Cunhaú de Jerônimo de
Albuquerque Maranhão, no Rio Grande do Norte. Sendo, ainda, neto da
única filha de Manuel Martins Chaves, aliás, Manuel Gonçalves Vieira.
Sobre a
hegemonia socioeconômica dos Feitosa, até a primeira metade do Século
XX. A sua organização familiar em “casas” e o seu relacionamento de
senhoril. Da maior relevância, ler a dissertação em sede de mestrado de
Edilberto Silva Mendes: A Santa Negra dos Inhamuns. Universidade Federal
do Ceará, 2010. “Link” colacionado à margem direita deste “blog”. Ainda, valendo ouvir, com atenção, o registro de Luiz Gonzaga; abaixo indicado:
A região
em que se situa a cidade de Ipueiras, Ceará, fez parte da imensa
sesmaria que pertenceu a Manuel Martins Chaves: coronel do 5.° Regimento
de Cavalaria de Vila Nova d’El Rey e presidente do senado da Vila de
São João d’El Rey. uma das mais curiosas figuras da história colonial.
Certo dia
do ano de 1806, o governador da capitania, João Carlos Augusto
d’Oeynhausen Gravemburg, resolveu por fim ao poderio de Manuel Martins
Chaves acusado de vários crimes, dentre muitos, o de matar o juiz
ordinário Antônio Barbosa Ribeiro.
O certo é
que Manuel Martins, querendo ser gentil ao governador, acompanhou-o na
sua revista por várias pousadas até que, na Serra da Ibiapaba, o revés o
alcançou. Em uma latada, armada para o refrigério dos oficiais, estava
uma coroa depositada sobre uma mesa. João Carlos, então, indagou de
Martins Chaves se este sabia a quem pertencia a indumentária.
Ao que
ele respondeu afirmativamente, que à sua majestade a Rainha Dona Maria. O
governador retrucou, para dar-lhe voz de prisão. Manuel Martins foi
remetido a Lisboa. Para o terrível encarceramento do Limoeiro: Palácio
da Inquisição. Onde morreu, dois anos depois, em conseqüência das
torturas sofridas.
Todas
as propriedades de Martins Chaves foram confiscadas, como do manual da
Inquisição. A sua única filha, Ana Gonçalves Vieira, viria padecer na
indigência não fosse adotada, como herdeira universal, por seu tio
Antônio da Costa Leitão. Ana casou-se com José do Vale Pedrosa, vindo a
ser matriarca do clã dos Feitosa: passando à história como Don’Ana do
Cococi. Abrindo-se, com isto, um novo capítulo desta saga: Os Inhamuns.
Cumprindo
reprisar, para melhor dirimir, ser Ana Gonçalves Vieira avó do coronel
Lourenço Alves Feitosa e Castro. A sua filha Luzia Alves Feitosa e Vale,
mãe do coronel Lourenço, casou-se com o capitão-mor Lourenço Alves de
Castro: filho de Eufrásia Alves Feitosa e de Leandro Custódio de
Oliveira e Castro do Engenho Tamatanduba: Alagoinha; Rio Grande do
Norte.
Como
visto, a endogamia funcionava como um artifício de defesa e
sobrevivência no fechamento do grupo familiar. Assim preservados os
costumes, a segurança do grupo e a integridade patrimonial. A endogamia
permaneceu, entre os Feitosa, até a segunda metade do Séc. XX, como
instituto.
Os Castro
passaram-se ao Brasil na segunda metade do Sec. XVII, por ocasião da
ocupação de Pernambuco pela Companhia das Índias Ocidentais. Com as
levas do filantropo Manuel Nehemias Mendes de Castro: bisneto do judeu
agente financeiro, Manuel Mendes de Castro de Flandres, Bélgica,
Antuérpia. Íntimo de Henrique IV de Inglaterra e fomentador da
insurreição dos Países Baixos contra a coroa espanhola.
Aliás,
Henrique de Lancaster. Valendo a registro que os ingleses Lancaster são
os mesmos portugueses Alencastro. Cumprindo ressaltar que Lopo de
Albuquerque, Conde de Penamancor, de Uzeda e de Ubeda, partícipe de
Isaac Senior Abravanel na conjuração dos Duques de Bragança. Pai de
Brites e de Jerônimo e avô de Pedro de Albuquerque Melo do Rio Formoso
era, ainda, primo do Duque de Lancaster.
O
relacionamento marital entre os Castro e os Albuquerque, tange à noite
dos tempos. Este parêntese bem esclarece de como os Castro chegaram ao
Brasil para, originalmente, fixarem-se no Nordeste sob dominação
holandesa. Mais precisamente no Rio Grande do Norte para, de lá,
passarem-se a: Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Domitila de
Castro, a Marquesa de Santos, amante de Dom Pedro I, era deste mesmo
grupo familiar. Assim, como o são, deploravelmente, os Castro de Cuba.
Desde os
primórdios do clã, os casamentos deram-se na mais estrita endogamia.
Motivo porque os Feitosa da Casa do Cococi, Varzinha, Barra, Papagaio e
São Bento: casas ancestrais. Barra do Puiu, Cococá, Arraial e do Forte:
casas descendentes. Constituem uma única linhagem de imbricada
consanguinidade.
O
casamento de Maria das Mercês, filha do coronel Lourenço com Luís
Porfírio, filho do coronel José Porfírio Farias de Souza, seria fato
excepcional, não fossem, ambos, descendentes de Jerônimo de Albuquerque e
das suas duas esposas: Isabel de Melo Sampaio e a tabajara Muyrah Uby.
Aliás, Maria do Espírito Santo Arcoverde.
Valendo a
registro a ironia do destino. Por serem, além de primos, descendentes
de dois inimigos mortais. Protagonistas de uma grande tragédia: Manuel
Martins Chaves, morto no Limoeiro de Lisboa e o juiz ordinário Antônio
Barbosa Ribeiro, por ele assassinado.
Aliás,
como bem registra Caesar Sobreira, pupilo de Gilberto Freyre, os
processos por denúncias de bigamia abundam nas confissões do Santo
Ofício: “O concubinato, na qualidade de substitutivo da poligamia é, ou
foi, uma característica social e familiar dos nordestinos, como entre os
muçulmanos e os judeus sefarditas”.
Para completar,
a interdição imposta aos judeus, contra o direito à poligamia, só
atingiu aos judeus da Europa Oriental: os ashkenazitas. Tendo, entre os
sefarditas, perdurado por mais de mil anos. Proclamado o interdito, pelo
rabino Gershon de Mongúscia no ano 1000 da era atual, jamais seria
aplicado, ou aceito, pelos judeus ibéricos. Hoje, o preceito é
dispositivo e não imperativo.
Mas,
voltando ao enredo. Ana Gonçalves Vieira, referida no início deste
ensaio, filha de Manuel Martins Chaves, viria a casar com José do Vale
Pedrosa, filho do capitão-mor José Alves Feitosa e sua esposa Maria
Madalena Vieira. Daí, vir Ana a ser matriarca do clã. Passando à
posteridade como Don’Ana do Cococi.
Sendo
avó do Cel. Lourenço Alves Feitosa e Castro. A sua filha Luzia Alves
Feitosa e Vale casou-se com o capitão-mor Lourenço Alves de Castro;
filho de Eufrásia Alves Feitosa e Leandro Custódio de Oliveira e Castro
da Casa do Papagaio. Este, por seu turno, filho de Bernardo de Freire e
Castro, reprisadas vezes comentado.
Para bem
entender a estrutura do clã e o seu modus operandi, cumpre a narrativa
de dois incidentes. Leandro Custódio de Oliveira e Castro do Papagaio,
irmão de Lourenço Alves de Castro e pai do filho de mesmo nome Leandro, o
da Barra, foi morto por seu primo José do Vale Pedrosa, irmão de Luzia,
em revide de flagrante de adultério. Crime a ter repercussão no Jornal
Pedro II da capital cearense.
Maria, de
apelido Iaiá, causa da tragédia, era sobrinha tanto do seu marido José,
como do seu amante Leandro. O assassinato de Leandro pôs em cheque a
unidade do clã: cindido-o em dois partidos. Um liderado por Lourenço
Alves de Castro, a exigir o pagamento da morte de Leandro na mesma
moeda, com a execução de José do Vale. Outro, liderado por Pedro Alves
Feitosa, irmão do assassino, a jurar revide caso este sofresse qualquer
atentado.
Os laços
de parentesco das duas facções são de muita complicação. Lourenço, o
qual exigia a morte de José do Vale, era irmão da vítima, Leandro,
casado com uma sua prima, irmã do assassino e, ao mesmo tempo era tio da
esposa da vítima: como do próprio criminoso.
Entre os
dois grupos rivais, intervieram os primos Joaquim Felício de Almeida e
Castro, advogado, e Joaquim Leopoldino de Araújo Chaves, da Casa do
São Bento: bisneto de Francisco Xavier de Araújo Chaves. Sobrinho de
Manuel Martins Chaves e, por conseguinte, bisavô de Antônio de Ferreira
Sampaio: o Gal. Sampaio, patrono da Infantaria do Exército Brasileiro.
Francisco
Xavier de Araújo Chaves, sobrinho de Manuel Martins Chaves, casou-se
com Isabel Ferreira de Souza e foram pais de Antônia Xavier de Araújo
que se casou com Antônio Ferreira de Sampaio, alferes da Segunda
Companhia do seu sogro e não ferreiro, como narram alguns biógrafos.
Foram
eles os pais do general Antonio de Sampaio, patrono da Infantaria do
Exército Brasileiro. Nascido em 24 de maio de 1810 na fazenda Vitória em
Tamboril, Ceará.
Não sendo
este o único parentesco dos Feitosa com os Sampaio, Alencar, Peixoto e
Saraiva do sul do Ceará e sertões de Pernambuco. Descendentes dos
Saraiva que se passaram ao Brasil via Amsterdã. Isto com a Companhia das
Índias Ocidentais e participaram da instalação da primeira sinagoga das
Américas: Kaal Kadosh Zur Israel em Recife: Pernambuco.
Ver
Duarte de Saraiva, aliás, David Señor Coronel fundador do cemitério
judeu português de Amsterdã, subúrbio de Ouderkerk. Beth Haim: Casa das
Vidas. Tetravô de Senior Coronel: presidente da Fundação David Henriques
de Castro. Fotografia no caput deste ensaio.
Depois de
uma semana de reuniões de acirrados enfrentamentos, chegou-se à
conciliação. Com a família reunida em “custódio”, corte excepcional de
justiça, ao estilo dos antigos “ma’amads” da Península Ibérica,
Francisco Alves Feitosa sugeriu que o assunto passasse à decisão da sua
sogra Ana de Castro. Irmã do vitimado, Leandro, e tia da sua viúva.
Don’Ana
chegou à sábia decisão de que José do Vale seria submetido ao Tribunal
do Júri ordinário. Mas, que o corpo de jurados deveria ser instruído
para votar por sua absolvição. Em contrapartida, o acusado cumpriria
banimento perpétuo “cherém” da família e não mais retornaria aos
Inhamuns sob pena de pagar com a própria morte.
O
desfecho do caso é evidência do poder supra estatal do clã dos
Inhamuns, no enfrentamento da Inquisição e do Estado constitucional. Os
Feitosa dominavam a sociedade a tal ponto que nos casos mais
importantes, eram das suas decisões grupais os veredictos.
Nesses
casos envolvendo membros da família, os funcionários da justiça apenas
emprestavam sanção legal às decisões do clã. Tal como do registro do
sociólogo Billy Janes Chandler em seu Os Feitosas e o Sertão dos
Inhamuns: University of Florida Press, edições UFC e Civilização
Brasileira para língua portuguesa – 1980.
Outro
incidente pôs em cheque a unidade do clã e, por fim, empresta maior
evidência do seu poder político. José Bizarria, um Feitosa, foi morto, a
golpes de faca, por um seu morador: Antônio Preto, filho de escravos.
No dia 20 de Março de 1912, na fazenda Poço Comprido, no Distrito do
Cococi, termo de Arneirós. Propriedade do seu primo e cunhado Vital de
Souza Feitosa.
Testemunhos
da época deixam claro haver-se tratado de um desfecho de intrigas
intestinas do clã. Antônio Preto era pai de José Antônio e Pascoal. José
Antônio havia deflorado uma moça da criadagem de Vital de Souza
Feitosa, o qual o pressionou por casar-se com a vítima.
No dia
aprazado para o casamento, José Antônio arribou para refugiar-se na casa
de um Feitosa despeitado de José Bizarria: Francisco das Chagas Cazé,
da Fazenda Riacho dos Cavalos, também no Cococi.
Pascoal
vivia a desdizer da acusação de Vital de Souza, contra o seu irmão José
Antônio. O que veio emprestar motivo para que Vital de Souza mandasse
dar uma sova no rapaz. Se não sabe ao certo da participação de José
Bizarria. Francsico Cazé protestava proteger Antônio Preto no caso de
vingar-se da afronta ao seu filho. Fato é que Antônio Preto veio a matar
Bizarria e refugiar-se na casa de Francisco Cazé.
A
incontinenti resposta do clã, o qual não poderia permitir a morte de um
primo por outro, dar-se-ia no anoitecer do dia 1.° de Julho do mesmo
ano. Cazé foi assediado e morto a golpes de faca, em sua casa, por três
homens que chegaram a cavalo e apresentaram-se como romeiros em marcha
para o Juazeiro do Padre Cícero Romão Batista.
Logo em
seguida um bando de mais de quarenta homens a cavalo, nas notas de
Leonardo Feitosa, em seu Tratado Genealógico, cercou a casa de Cazé e
trocou tiros com os assassinos matando a dois e deixando um
sobrevivente.
Os
conjurados reuniram-se na Fazenda Várzea do Estreito, de onde Vital de
Souza Feitosa partiu com a notícia para a Fazenda Barra, para pedir o
apoio do Cel. Leandro Custódio de Oliveira e Castro, Pai Lin, cunhado e
primo, ou mesmo, tio do Cel. Lourenço Alves Feitosa e Castro.
Entre as
muitas desfeitas de Cazé, contava-se haver rompido com a orientação
política do clã e de haver apoiado o interventor federal Marcos Franco
Rabelo. Encarregado por Hermes da Fonseca, para por fim ao poderio de
Antônio Pinto Nogueira Accioli: aguerrido aliado do Cel. Lourenço e do
Cel. Porfírio.
Sem mais
demora, diligenciou-se em por à disposição da justiça os envolvidos na
morte de Francisco Cazé. Foram tomados os depoimentos de mais de quinze
testemunhas. Na sua maioria vaqueiros e foreiros dos Feitosa. Orientados
a declarar terem notícia do fato: por assim terem ouvido dizer. O álibi
se haveria como impor.
Na
ocasião do julgamento, Franco Rabelo havia sido deposto por uma
insurreição pacificada por intervenção federal. Os inimigos de Franco
Rabelo fizeram-se de volta ao poder: notadamente, os Feitosa dos
Inhamuns.
O
Tribunal do Júri instalou-se nos dias 23 e 24 de Setembro de 1914. Dos
doze membros do corpo de jurados, quase todos eram Feitosa. Funcionou na
defesa o Cel. Lourenço, o mais influente do clã. Em suas alegações
interpôs que a acusação contra os seus constituintes era fundada em
depoimentos sem provas, prestados por pessoas duvidosas.
Contrapôs
o Cel. Lourenço tratar-se Cazé de homem violento e coiteiro de
criminosos, para defesa da tese de que a sua morte resultara de uma
disputa em que só os envolvidos sabiam dos reais motivos e que contra os
réus não poderia pesar a acusação. Ao que o Júri aquiesceu.
Também o
Cel. Lourenço pediu pela absolvição de Luiz Pereira de Souza,
sobrevivente dos três assassinos de Cazé. Posto que não poderia ser a
ele imputada a responsabilidade dos ferimentos mortais. No que o juiz
discordou. Mesmo, assim, todos foram absolvidos.
O
procurador geral de justiça recomendou que o caso voltasse a julgamento.
Mas, na pauta, apenas o reexame das circunstâncias de Luiz Pereira. O
Tribunal do Júri foi novamente instalado em 21 de Setembro, já falecido o
Cel. Lourenço. Sendo confirmada a absolvição.
Mas,
voltando ao parentesco colateral dos Ximenes de Aragão e dos Feitosa.
Luís Porfírio Faria de Souza era sobrinho de Ana Joaquina de Farias
casada com o capitão José Lourenço Ximenes de Aragão: filho de Joaquim
José Ximenes de Aragão e de Francisca Teodora do Sacramento “a filha”.
Um filho
natural do capitão José Raimundo, por seu turno neto do Cap. José
Lourenço, foi dado pelo próprio capitão para ser criado pelo casal Luís
Porfírio Faria de Souza e Maria das Mercês Alves Feitosa e Castro.
Deram-no o
nome de José Feitosa de Souza e os seus sobrinhos chamavam-no,
carinhosamente, de Tio Zeca Mata Mosquito. Luís e Mercês tiveram aos
filhos, em ordem cronológica, Olga, Porfírio, Lourenço, Gerardo e
Antônio: este, recentemente falecido para a minha consternação.
Por
ironia, dessas que somente o destino apronta, o Cel. José Porfírio e o
Cel. Lourenço. Tão aguerridos correligionários políticos e amigos, a
ponto de casar os filhos para vir a ter descendência comum. Eram
bisnetos de dois ferrenhos inimigos, a reprisar: Antônio Barbosa Ribeiro
e Manuel Martins Chaves.
Retrata-nos
o Barão de Studart a Manuel Martins Chaves, chefe dos Feitosa, como
homem “Rico, valente, impetuoso, mandando centenas de homens em armas,
constituía um legítimo barão do Reno. Um autêntico Herrenmeister de
pulso de ferro e coração de bronze.” Revista do Instituto do Ceará,
1919, Tomo XXXIII, pag. 03.
Antônio
Barbosa Ribeiro, juiz ordinário da Villa Del Rey, hoje Campo Grande, na
Serra da Ibiapaba, foi morto por Manuel Martins em 3 de Março de 1795,
por motivo de várias disputas, a golpes de adaga, espada e tiros. Morreu
abraçado aos pés do Cruzeiro da povoação.
Estas são
algumas das raízes da valiosíssima herança cultural legada pelos
cristãos-novos, ditos marranos, na sua luta por sobreviver. A serem
exaltadas para o resgate da identidade judaica do Brasil.
As
apostasias e conversões por força da Inquisição, a qual permaneceu com o
Tribunal do Santo Ofício instalado até 1953 no Brasil. Embora sem mais
poder temporal. Todavia como órgão de execração social. Não constituem
causas de impedimentos ao retorno à comunhão judaica, desde as firmes
“responsas”, no Sec. XIV, do Rabino Beveniste.
Atualmente
tramita no parlamento israelense um projeto de lei para reconhecer o
incontinenti retorno destas famílias marranas, sem maiores complicações
protocolares e religiosas. Isentando-lhes da pecha de convertidas, para,
assim, conferir-lhes o status de retornados. Por serem, seus membros,
genuínos judeus sefarditas.
Contudo, a
mais surpreendente história dos Inhamuns, a merecer todo destaque, é a
de David de Andrade. Aliás, Francisvaldo Monteiro de Andrade: natural da
cidade de Arneiroz, filho de Francisco Elias de Andrade e de Maria
Valda Monteiro Chaves. Maria Valda é descendente direto de Manuel
Martins Chaves, ou seja, Manuel Gonçalves Vieira. Ela, portanto, uma
Feitosa legítima.
Francisco
Elias, por sua vez, era sobrinho do legendário padre Odorico de
Andrade: vigário da cidade de Tauá, tio do Dep. Paes de Andrade. O padre
Odorico, ainda, era tio de Maria Elisa de Andrade Feitosa casada com
Lourenço Alves Feitosa: neto do Cel. Lourenço e irmão de Olga, Gerardo,
Porfírio e Antônio.
Carente
de recursos. Pobre, jamais. Porque pobre é falta de identidade e sem
dinheiro é mera circunstância. Graduado em Economia e em Filosofia.
David de Andrade, descendente direto de Duarte Saraiva, aliás, David
Senior Colonel, fundador do cemitério judeu português de Amsterdã: Beth
Haym. Da Sinagoga Portuguesa de Amsterdã. Da Sinagoga do Recife: Kaal
Kadosh Zur Israel e da Sinagoga de Nova Iorque: Estados Unidos da
América. Assim como o são todos os Feitosa dos Inhamuns. Fez-se
ao Oriente Médio. Assim encaminhado pelos rabinos Simonovitz do Beith
Chabad de São Paulo e Abraham Anidjar do Rio de Janeiro: Brasil. Alí,
contou com a amizade de Schulamith Chava Halevy e do rabino
Soloveitchik.
Em Israel conversou com os grandes rabinos. Dentre eles, Schlomo Amar:
o rabino chefe de Jerusalém. Fez provar a sua ascendência e conquistou o
“retorno”. Hoje, David de Andrade é membro efetivo do Beith Chabad.
De volta
ao Brasil, casou-se com Rivka Frida Esses: secretária da Ministra de
Administração Federal e Reforma do Estado, Claudia Maria Costin: filha
de um milionário romeno Calmanovitz, o qual alterarou o nome e a
religião para fugir da Europa sob o domínio nazista.
Educada
como católica romana, a ministra Costin, só foi saber da sua origem
judaica quando adulta. Descoberta sua identidade, procurou rabinos do
Beith Chabad que estudaram a sua genealogia e a trouxeram para a
sinagoga. Hoje a Sra. Costin é observante da religião judaica pela
vertente ortodoxa. Assim, portanto, escreve-se a história dos
cristãos-novos: judeus-velhos.
Bem
verdade que setores radicais, movidos pela ignorância que os leva ao
preconceito, renitem na oposição da proposta do retorno incontinenti.
Mas, o que irá prevalecer é o entendimento de quê a segurança de Israel e
da Diáspora está no resgate da identidade judaica do Brasil. Tanto
porque: sem Diáspora, sem Israel; sem Israel, sem Diáspora. Tudo para
expungir iniciativas sectárias ou, no mínimo desavisadas, tal como a do
Dia Nacional da Imigração Judaica.
Magnífico este trabalho "O Judeu Luso-Espanhol, Sefardita, na Estrutura Social do Nordeste do Brasil - Os Ximenes de Aragão, os Drummond de Andrade e os Feitosa".
ResponderExcluirSou natural da cidade de Arneiroz - berço da civilização dos Inhamuns. Devo salientar que na qualidade de historiador, com 5(cinco)livros publicados, alguns sobre a história de Arneiroz e dos Inhamuns, que a família Feitosa, denominados "Os Conquistadores dos Inhamuns", representaram um papel muito importante na construção da História do Ceará.Junto-me aos colegas escritores Padre Neri Feitosa e Aécio Feitosa na busca de remontar a verdadeira história de Arneiroz e dos Inhamuns, pesquisando e tecendo fatos que depois de remontados forma a Verdadeira História dos Inhamus.
Esta matéria é muito importante, por isso levo o meu comentário favorável e de apoio aos organizadores do site, parabenizando pelo material que é de suma importância para se conhecer a historia dos desbravadores da Freguesia dos Inhamuns.
Parabéns! Meu pai era um Bezerra Feitosa. Há alguns anos venho tentando resgatar minhas origens. Belíssimo trabalho; riquíssimo conteúdo.
ResponderExcluirGerardo Feitosa Sousa. Corrija o nome do vereador e posteriormente prefeito.
ResponderExcluirGerardo Feitosa Sousa. Corrija o nome do vereador e posteriormente prefeito.
ResponderExcluirNo Massacre de Lisboa de 1506, também conhecido como Pogrom de Lisboa ou Matança da Páscoa de 1506, uma multidão perseguiu, torturou e matou centenas de judeus (mais de 4000, segundo o relato contemporâneo de Garcia de Resende [1]), acusados de serem a causa de uma seca, fome e peste que assolavam o país. Isto sucedeu antes do início da Inquisição e nove anos depois da conversão forçada dos judeus em Portugal, em 1497, durante o reinado de D. Manuel I.
ResponderExcluirO sionismo tá rendendo no BR mesmo! É inegável a origem judaica, mas essa "febre" atual é absurda...
ResponderExcluirSó podem ser "jornalistas" coxinhas por esse "deploravelmente" em relação à Cuba...
Olá! Antes de tudo lhe parabenizo pelo excelente trabalho. Como tenho visto histórias de muitos senhores de engenho, gostaria de saber se alguém tem alguma informação de um engenho localizado ao sul do Ceará, mais especificamente o Engenho do Arraial, perto de Missão Velha. O seu proprietário era o pai da minha avó materna, Maria Dantas de Araújo (Yayah). O seu pai, Manoel Dantas de Araújo e a sua mãe, Joana Ribeiro, foram ao sul do Ceará, fundaram este engenho e não sabemos ao certo de onde vieram. Minha mãe falava que ele veio de alguma cidade da Paraíba. Gostaria muito de ter alguma informação sobre a minha família. Há possibilidade de haver alguma ligação com estes engenhos acima citados? Grato. Jocel (iotafi@gmail.com)
ResponderExcluirCreio que há uma grande possibilidade pois os Araujo eram próximos dos Feitosas e os Dantas são uma família numerosa no sul do Ceará
ExcluirOlá! Meu trisavô Miguel Xavier HENRIQUES DE OLIVEIRA, casado com Antonia (Antonina) Lavor de Sá Barreto, batizou seus filhos entre 1850-1870 em Missão Velha-CE e Juazeiro do Norte-Ce. Desconfio que seja parente de Maria de Lurdes HENRIQUES DE OLIVEIRA, contudo não encontro dados registrados. Caso possua maiores dados sobre a família HENRIQUES DE OLIVEIRA, peço a gentileza de enviar-me. Meu email é dalvasallescosta@gmail.com . Desde já sou grata!
ResponderExcluirAinda sobre Miguel Xavier Henriques de Oliveira, este teve um filho chamado BOAVENTURA e uma Bisneta com o nome Eulália, o que chamou-me a atenção por serem nome de avós de Maria de Lurdes Henriques de Oliveira.
ResponderExcluirSeu Boaventura da Costa Oliveira ainda tem família aqui na cidade de Bom Jardim-PE.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPra quem não conhece Abrahan Senior o Rabino de Castela uma figura muito importante no judaísmo em sua época (1412-1493) deixando espalhado pelo mundo inclusive no Brasil seus descendentes. Apos muito tempo e muita pesquisa conseguimos junto a CIL, Comunidade Israelita de Lisboa, a primeira aprovação de um relatório histórico/genealógico sobre este judeu, abrindo a possibilidade de milhares de brasileiros conseguirem a nacionalidade tanto Portuguesa quanto Espanhola. https://www.facebook.com/groups/genealogiasefardita/
ResponderExcluirEstou no resgate da minha genealogia sefardita e meu nome completo é Jonathan Lourenço de Macedo nascido em Francisco Beltrão-PR, neto de Serafim Lourenço de Macedo. Teria alguma informação sobre uma possível ligação com esses sobrenomes? Obrigado.
ResponderExcluirjonathanlourenco.83@gmail.com
Em busca da ancestralidade! Seu artigo, trouxe a lume muitas histórias fraguimentadas que ouvir na minha infância. Me chamo Neutemir de Souza Feitoza, sou filho de Neuton Dourado Feitosa e neto de Bento Alves Feitosa e bisneto , não sei ao certo se de Francisco Casé Feitosa ou Francisco Casé Bizarria Feitosa, meu avó era da Cidade de Tauá - CE, sertão dos Inhamuns. Saiu do Ceará não sabemos em que ano, esteve em Belém e Manaus e chegou ao Acre, logo após o término da Revolução Acreana, no ano de 1903. No Acre foi patriarca de uma grande família, foram 10 filhos, dos quais 3 ainda vivem, uma no Rio de Janeiro com 90 anos, meu pai no Acre, com 87 anos e minha tia em Goiânia com 83 anos. O livro Os Feitosas e o Sertão dos Inhamuns fala um pouco sobre o meu bisavó Francisco Casé Feitosa, mas não revela com detalhes o nome dos filhos e nem da esposa, meu avó tinha dois irmãos, um homem e uma mulher, ambos mais velhos que ele. Ando a procura de alguma obra, ou informação sobre nossa história. O fato de uma descendência Judia, não é estranho, porque até hoje nossa família, mantém laços muito fortes com a parentela e acho que isso vem lá dos troncos familiares.
ResponderExcluirBoa noite Neutemir, entre em contato comigo, talvez eu possa te ajudar com algumas pistas conheço sua descendência, também sou Feitosa...
ExcluirMe adicione no Facebook: Yuri Brilhante
ExcluirProcuro por Salustiano Lucio Nogueira Feitosa. Ele casou com Francisca Vieira Rocha e depois com Sabina Vieira de Andrade. (Gomesmsc@gmail.com)
ExcluirM.Sc.Gomes, eu não sei lhe informar, mas caso eu venha a ter conhecimento lhe informarei.
ExcluirBoa tarde;
ResponderExcluirEstou fazendo o estudo genealógico de minha família e sei que descendo de Júlio da Costa Barros e de sua esposa, de nome desconhecido, porém de sobrenome Feitosa, ambos da região do Inhamuns.
Gostaria de saber se alguns dos amigos teria mais informações sobre o casal?
Desde de já, muito obrigado a todos.
Abraços;
Marcelo Viana.
Procuro informações de Salustiano Lucio Nogueira Feitosa
ResponderExcluirFalecido(a)
LDZ2-W8G
Não encontro. Alguém pode me ajudar?
Grato,
Luciano de Andrade
Boa noite! Procuro informação dos Martins Chaves do Brejo da Madre de Deus. Estes teriam relação com os Araújo Chaves/ Feitosa do Ceará? Estou fazendo uma busca genealógica porém cheguei num ponto que não consigo progredir. Procuro pelos pais do casal Antônio Martins Chaves e Maria Francisca do Livramento. Obrigada!
ResponderExcluirNão se pode levar a sério alguém que escreve "nada haver" em lugar de "nada a ver"...Isto se chama analfabetismo funcional. A pessoa é alfabetizada mas não domina os rudimentos da língua. Também os dados históricos confusos, misturados, errados e a maioria, sem a mínima base ! Faz uma salada com fatos históricos, mitos, inverdades e falsidades, para criar um texto sem o menor critério científico e sem compromisso com a realidade histórica. "Prova" o que quer provar, já tem uma conclusão pronta antecipadamente aos seus "fatos históricos", que só servem para apoiar suas criações e chegar aos seus objetivos já prontos...Duvido que o Francisco Antonio Dória. um pesquisador sério, tenha sido consultado e concordado que seu nome seja colocado em uma aberração como esta.
ResponderExcluirBom dia!
ResponderExcluirMinha bisavó era Eufrásia Alves Feitosa, sou neto de Jesus Aleixo Feitosa. Pelo que pude ler, nós os Feitosa, somos Judeus Sefardita mesmo?
Se puder tirar essa dúvida eu lhe agradeço.
Excelente trabalho, riquíssima em material!
Apesar de ser menchevique internacionalista esquerdista preocupado com ética e ponderação mesmo com a direita,concordo que nossa história foi muito violentada no sentido em esconder a identidade marrana da nossa população,eu mesmo tenho ascendência de cristãos novos e tudo começou com a simples desconfiança de um indicio o sobrenome antes eu achava que só tinha um pouco de sangue judaico hoje eu sei que sou um ibérico autêntico com grande ancestralidade moura e judia a além dos outros ibéricos como o português e o espanhol e os etc,e desta maneira cada vez descubro que certos costumes católicos de família eram sefarditas e que mesmo o mais católico principio as vezes se encontra a mais oculta face do cripto judaísmo contudo não desprezo o catolicismo que me foi passado de modo relapso e um pouco irônico com o clero mais conservador e também sou agnóstico não lamento do que sou e defendo mudanças sociais profundas neste país desigual mas preocupado enfaticamente restrito com racionalidade e um radical procedimento educacional que permita as pessoas deste país atingirem um patamar existencial além do confeccionado cinicamente por um estupido poder purista e hipócrita que não quer mudança alguma.
ResponderExcluirMarcos Félix Bezerra - judeu Sefardita
ResponderExcluirOlá. Estas informações estão no site FamilySearch? As informações que estão lá relacionadas aos Ximenes são confiáveis?
ResponderExcluir