Os 90 anos de Sua Eminência o Cardeal Sales

Cardel Sales


Dom Eugênio com o Papa João Paulo I, em 1978.
Dom Eugênio e o Papa João Paulo II.

Dom Eugênio e o Papa Bento XVI.


Brasão Cardinalíceo de Dom Eugênio de Araújo Sales.

Sertão do Seridó – Terra forte e bela. Em seu cerne mineral, o milagre do amor: homens e mulheres, fortes e destemidos. Como os habitantes, seus desbravadores, povoadores primeiros. Dessa gênese, os homens comuns, os letrados, os artistas, os religiosos, legando amor, sabedoria, criatividade, religiosidade. Destes, aquele que de seu coração e de sua alma fez brotar o amor aos homens e ao Cristo, doando-se ao Ministério de Deus.

Homem de Fé: Dom Eugênio nasceu na Fazenda Catuana, em Acari (RN), no dia 8 de novembro de 1920, sendo filho do Dr. Celso Dantas Sales e D. Josefa de Araújo Sales (Téca) e irmão de Dom Heitor de Araújo Sales, Arcebispo Emérito de Natal, Rio Grande do Norte. Foi batizado na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Guia, em Acari, no dia 28 de novembro de 1920. De família muito católica, era bisneto de Cândida Mercês da Conceição, uma das fundadoras do Apostolado da Oração na cidade de Acari.

Menino desta paisagem agressiva do sertão: inteligente, irrequieto, curioso...Sua vida – uma preocupação com a evangelização do povo. Sacerdote, Bispo, Arcebispo, Cardeal a 1º de maio de 1969 (Titular de São Gregório), concedido pelo Papa Paulo VI. Dom Eugênio de Araújo Sales costuma dizer: “eu sou do sertão. Deus me indicou os caminhos do mundo, eu só tinha que obedecer.”

De família muito católica, realizou seus primeiros estudos em Natal, inicialmente em uma escolar particular, depois no Colégio Marista e finalmente ingressou, em 1931, no Seminário Menor. Realizou seus estudos de Filosofia e Teologia no Seminário da Prainha, em Fortaleza, Ceará, no período de 1931 a 1943.

Ordenado bispo ainda muito jovem, aos 33 anos, assumiu como bispo auxiliar de Natal em 1954, e em 1962 tornou-se administrador apostólico dessa mesma arquidiocese. Em 1964 tomou posse como administrador apostólico de Salvador, sendo elevado a arcebispo dessa sede em 1968, tornando-se, assim, primaz do Brasil (isto é, arcebispo da diocese mais antiga do país).

Em 1969, Dom Eugênio Sales foi feito cardeal pelo papa Paulo VI. Em 1971 tornou-se arcebispo do Rio de Janeiro, função em que permaneceu até 2001, quando se aposentou. Desde então é arcebispo emérito. Entre 1972 e 2001 acumulou também a função de bispo dos fiéis de Rito Oriental do Brasil. Foi também membro de 11 congregações na Cúria Romana. Sua vida apostólica foi marcada pela defesa da ortodoxia católica e pela oposição à Teologia da Libertação.

Destacam-se dentre as atividades de Dom Eugênio, a criação do Movimento de Educação de Base e, com ele, as escolas radiofônicas; a criação dos primeiros sindicatos rurais; a defesa de refugiados políticos; a criação de centros de atendimentos aos portadores de AIDS, a criação da pastoral carcerária e a Campanha da Fraternidade que foi realizada pela 1a. vez na Quaresma de 1962 nas três dioceses da Província Eclesiástica do RN: Natal, Mossoró e Caicó.

Intelectualmente ativo, Dom Eugênio mantém colunas nos seguintes jornais: Jornal do Brasil, O Globo, O Dia e Jornal do Comercio. Além de ter publicado os livros A Voz do Pastor; Viver a Fé em um Mundo a Construir.

Dom Eugênio também ficou conhecido por ajudar perseguidos políticos durante o regime militar. Fato interessante narrado por reportagem da revista Veja de 1991, diz que em plena treva do Regime Militar, o grampo do Centro de Investigações do Exercito, o famigerado CIE, capturou um momento de indignação do cardeal. Dom Eugênio se queixava com a sua interlocutora, lamentando que determinado preso político continuava a ser torturado, mesmo depois de promessas de que estava sendo bem tratado.

No dia seguinte, telefona um coronel para dizer a Dom Eugênio que ele estava enganado. A combinação funcionou. O cardeal usou o grampo para saber de uma informação que, apesar do seu trânsito na área militar, não conseguiria de outra maneira.

Esse engajamento incluiu, no período compreendido entre 1976 e 1982, a defesa de refugiados políticos não só do Brasil, mas também dos regimes militares latino-americanos. Dom Eugênio montou, nessa época, uma rede de apoio a esses refugiados, abrigando-os, primeiramente, na sede episcopal (Palácio São Joaquim) e depois em apartamentos alugados com essa finalidade. Contou com apoio da Cáritas brasileira e do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados para financiar essa estadia, até conseguir asilo político a essas pessoas em países europeus.

Numa terra regada pelo sangue dos primeiros mártires da fé, Dom Eugênio atingiu os mais elevados postos na Hierarquia Eclesiástica do Brasil e do Mundo, graças às suas promoções pastorais, ao seu pioneirismo no campo social em natal, Salvador e Rio de Janeiro. É, por todos os títulos um orgulho da terra potiguar.
"De mui boa vontade gastarei o que é meu, e me gastarei a me mesmo, pelas vossas almas, ainda que, amando-vos mais, seja menos amado por vós". (Cor. 12,15).
Ad Multos Annos!!

FONTE:

http://www.historiaegenealogia.com/search/label/Perfis

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Graduado em História. Atualmente é mestrando em Educação pela UFRN e cursa Direito. É sócio fundador do Instituto Norte-Rio-grandense de Genealogia, membro do Instituto Pró-Memória de Macaíba, do Centro Norte-Rio-grandense do Rio de Janeiro e da Academia Macaibense de Letras, onde ocupa a cadeira nº 04, cujo patrono é Augusto Tavares de Lyra.

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