RIO GRANDE DO NORTE, DOS ALVES, DOS MAIA E DOS BOCÓS

Podres poderes

As desavenças políticas entre o senador Garibaldi Alves e o deputado federal Henriquinho Eduardo Alves foram parar na “Carta Capital” que traz uma extensa reportagem sobre o assunto assinada pelo jornalista Gilberto Nascimento.

A briga, claro, é de araque. A estratégia deles é ”dividir o poder para continuar reinando”. Garibaldi e Henriquinho são primos e integram a oligarquia Alves que domina a política potiguar há 50 anos juntamente com os Maias. Mas como isso é possível, Ailton? Ora, o natalense 100% é 99% idiota. Confiram, abaixo, a reportagem:

A política no Rio Grande do Norte sempre foi um latifúndio dividido entre duas famílias, os Alves e os Maia. Quem ingressava nas fileiras de uma virava automaticamente adversário da outra. Um breve armistício foi acertado em 2006, quando as famílias se uniram para tentar, em vão, derrotar a governadora Wilma Faria, do PSB, ela mesma uma ex-Maia.

As coisas pareciam ter voltado ao normal, com Alves e Maia nos seus respectivos lugares. Parecia. Um cisma na família Alves promete aquecer a disputa eleitoral em 2010.

Depois da morte do ex-ministro Aluízio Alves, em 2005, aos 84 anos, começou uma clara disputa pelo seu espólio. Titular dos ministérios da Administração, no governo Sarney, e da Integração Nacional, no governo Itamar Franco, Aluízio era o político com maior poder e projeção entre os Alves.

Hoje estão em campos opostos o seu filho Henrique, líder do PMDB na Câmara dos Deputados, e o sobrinho e senador Garibaldi Filho, também peemedebista. Henrique é um apoiador incondicional do presidente Lula e da candidatura de Dilma Rousseff à Presidência. É aliado da governadora Wilma Faria e defende a aliança no estado com o PT e o PSB.

Garibaldi, ex-presidente do Senado, é da base do governo federal, mas, no momento, tende mais para a candidatura tucana de José Serra. É a favor de uma aliança com o senador José Agripino Maia, líder do DEM no Senado e um dos mais ferrenhos opositores de Lula. Garibaldi declarou apoio à candidata de Maia ao governo, a também senadora do DEM Rosalba Ciarlini. Henrique deve se alinhar à candidatura do hoje vice-governador Iberê Ferreira (PSB), que assumirá em abril quando Wilma renunciar ao cargo para concorrer ao Senado.

Garibaldi e o neoaliado Agripino são candidatos à reeleição, contra Wilma. Os três pleiteiam as duas vagas ao Senado. A ambiguidade de Garibaldi pode prejudicá-lo. As pesquisas já indicam uma polarização entre a candidata de Lula, Wilma, e o anti-Lula, Agripino.

Duas razões levaram Garibaldi a preferir a candidata do DEM ao governo: o senador não engole a derrota para Wilma na disputa ao governo em 2006, a primeira e única em sua carreira política. O outro motivo é muito prático: o suplente de Rosalba no Senado é o seu pai, Garibaldi Alves, 84 anos, irmão de Aluízio. Se Rosalba for eleita, Garibaldi pai concluirá o mandato.

Henrique e Garibaldi foram juntos, no dia 13 de outubro, falar com o presidente Lula sobre a divisão do PMDB no estado. O senador fez questão de comunicar pessoalmente sua decisão a Lula. Henrique sabia o que Garibaldi iria dizer, mas o acompanhou com a esperança de que Lula conseguisse demovê-lo. O senador disse que “ainda era cedo” para se definir em relação a Dilma. Lula disse esperar que o tempo “se encarregue de resolver os impasses”.

Os dois primos podem decidir a pendenga no voto, internamente. Mas Garibaldi diz ter esperanças em um acordo. “Eu e o Henrique somos primos e amigos fraternos. Estamos buscando a possibilidade de alguma convergência, embora não tenhamos ideia de como ela possa se dar. Estamos tentando de tudo, justamente para evitar bater chapa. Aí, sim, então, seria um rompimento”, comentou o senador.

Esse é o primeiro racha na família peemedebista. Os primos fazem campanha juntos há 39 anos. Começaram na política em 1970, com uma dobradinha: Henrique para federal e Garibaldi, estadual. Repetiram a chapa em 1974, 1978 e 1982. Depois, Garibaldi foi eleito prefeito de Natal e começou a construir uma carreira própria. Havia comentários de que Aluízio Alves favorecia o filho Henrique. Mas nunca houve problema entre os primos, enquanto o ex-ministro continuava atuante na política local. Com a morte de Aluízio, Henrique passou a comandar o PMDB no estado.

Apesar do imbróglio, o deputado diz que a reeleição de Garibaldi é prioridade. “Não faria sentido nenhum projeto do PMDB que não passasse pela reeleição de Garibaldi”, garantiu. Enquanto o senador balança entre Dilma e Serra, Henrique está fortalecido no governo. Ele é o relator do pré-sal e conseguiu aprovar, na terça-feira 3, sua proposta de divisão das receitas obtidas com a cobrança de royalties de empresas de petróleo, o que agradou ao governo.

Para acessar o site da “Carta Capital” , clique aqui.

Este artigo foi publicado em 7/11/09 às 13:54 e está arquivado sob Notas. Você pode acompanhar todas as respostas a este artigo através da alimentação por RSS 2.0. Você pode deixar uma resposta, ou criar um trackback do seu próprio sítio.

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