Radar é usado para buscas arqueológicas no Forte

Da Tribuna do Norte
Pedro Andrade
repórter

Magnus NascimentoEquipamento, que está sendo usado no RN pela primeira vez, busca alterações no solo que possam indicar algum achado arqueológicoEquipamento, que está sendo usado no RN pela primeira vez, busca alterações no solo que possam indicar algum achado arqueológico
 
Pesquisadores utilizaram nessa terça-feira (11) pela primeira vez no Estado um georadar em buscas arqueológicas no Forte dos Reis Magos. O trabalho faz parte do processo de pesquisa iniciado em novembro passado e faz escavações em todo o monumento. O trabalho de pesquisa está no último mês, mas será seguido por uma obra de restauração, ainda sem data definida para começar. De acordo com o superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Rio Grande do Norte, Onésimo Jerônimo Santos, as buscas feitas ontem com o radar procuram aspectos desconhecidos do Forte. 
Segundo Onésimo Santos, o equipamento busca anomalias subterrâneas, identifica que há algo diferente no terreno, mas essas informações precisam ser interpretadas por arqueólogos, que vão sugerir o que pode ser encontrado no local. “O equipamento emite ondas que identificam alterações no subsolo, seja de forma ou material. Se for no espaço de areia e houver uma ossada ou pedra, será detectado”, exemplifica.

Onésimo afirma que o radar será utilizado em apenas uma sala do Forte, onde hoje tem a placa de Refeitório do Comando, última atribuição dada ao espaço, além de parte da muralha. “Nesta sala, acreditamos que possa ter sido a primeira capela do Forte, já que a capela, no centro do Forte, foi construída cerca de 30 anos depois do restante da construção e tem janelas no mesmo formato. Entre as muralhas, buscamos possíveis restos de paredes”, detalha. Segundo o superintendente do Iphan, a chance de a sala ter sido a primeira capela do Forte é atribuída à forma das janelas, em arcos, assim como a capela no centro do Forte, enquanto as de todos os outros cômodos são quadradas.

O processo de escavação será feito apenas na sala, tem previsão de duração de aproximadamente uma semana, e pode começar a qualquer momento, já que os resultados a serem interpretados por arqueólogos a respeito dos dados coletados com o radar servirão como base de comparação entre o que foi indicado e o que há, realmente, sob o piso. Essa atividade não será feita na muralha, já que implicaria no desmonte da estrutura.

O arqueólogo Marcos Albuquerque, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), está à frente do trabalho de pesquisa arqueológica em todas as dependências do monumento. O serviço foi contratado pelo Iphan por R$ 122 mil, com recursos próprios. Já o georradar não teve custos para o órgão por ter sido cedido pela Polícia Federal. “Esse tipo de aparelho é utilizado em diversas áreas, cada uma com seu direcionamento. Aqui, estamos fazendo um teste em relação à capacidade de detecção desse equipamento nessas buscas arqueológicas”, explica Onésimo.
Marcos Albuquerque lembra da importância dessas buscas, já que foram encontrados materiais capazes de dar mais detalhes sobre a história do Forte. “Essas pesquisas estão fornecendo informações importantes para dar suporte e acrescentar dados sobre o Forte dos Reis Magos, como o tipo de remobilização, de material e sobre o cotidiano [no local]”, avalia.

Ele cita entre as descobertas feitas: o primeiro piso da fortaleza, o piso utilizado pelos portugueses e outro adotado no século XIX; projéteis de dois tipos de canhão; balas de chumbo utilizadas em mosquetes, uma as primeiras armas de fogo utilizadas pelas infantarias nos séculos XVI e XVII; pedaços de cerâmicas que podem datar do fim do século XVI; cachimbos holandeses; e pedaços de ferro diversos, entre eles alguns que remontam às primeiras marcações para construção do Forte.

Durante as atividades de pesquisa, o funcionamento do Forte dos Reis Magos permanece sem alterações, aberto a visitas das 8h às 16h.

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