O SAL NO RIO GRANDE DO NORTE
O sal foi um dos primeiros produtos a ser explorado comercialmente no
Rio Grande do Norte. A exploração normal e extensiva das salinas de
Mossoró, litoral de Areia Branca, Açu e Macau data de 1802. Mas o
conhecimento de jazidas espontâneas na região já era conhecida desde o
início da colonização.
A primeira referência que se tem sobre sal no Rio Grande do Norte,
encontra-se registrado no documento que Jerônimo d’Albuquerque escreveu a
seus filhos Antônio e Matias em 20 de agosto de 1605, onde fala de
salinas formadas espontaneamente a aproximadamente 40 léguas ao norte, o
que corresponde hoje as salinas de Macau. Desse fato, voltamos a ter
notícias quando consultamos o “Alto de repartição das terras” feito em
Natal em fevereiro de 1614, onde está escrito que Jerônimo de
Albuquerque dera aos filhos Antônio e Matias, em 20 de agosto de 1605,
umas salinas que estariam a quarenta léguas para o norte
(aproximadamente 240 km), mas que nunca foram cultivadas nem feitas
benfeitorias.
Em 1627, frei Vicente do Salvador registrou a colonização
Norte-rio-grandense. Notou que “as salinas onde naturalmente se coalha o
sal em tanta quantidade que se podem carregar grandes embarcações”.
Outro registro que encontramos nos velhos livros de história fala que em
janeiro de 1644, alguns Tapuias, de volta do Outeiro da Cruz
(Maranhão), onde tinham estado em combate, entraram nas salinas de
Mossoró e degolaram alguns trabalhadores que ali se encontravam.
Em 1808 os salineiros da região foram beneficiados, quando o rei de
Portugal, D. João VI, impossibilitado de receber carregamentos de sal de
Portugal, assinou a carta régia que liberava de quaisquer imposições a
extração do sal favorecendo, sobremaneira, o comércio interno.
Em 1844/45, setenta e oito barcos carregaram em Macau 59.895 alqueires
de sal. No entanto, embora o sal extraído no Rio Grande do Norte fosse
superior pela sua qualidade intrínseca, perdia essa qualidade pela
rudeza como era produzido, de modo que nos anos seguintes perdia mercado
para o sal europeu que era mais barato e melhor preparado. Um dos
fatores que onerava o preço do sal produzido no Rio Grande do Norte era a
dificuldade no transporte por causa do assoreamento das barras dos rios
Mossoró e Açu.
Em 1886 é criado um imposto protecionista para tributar o sal
estrangeiro. Dessa forma, o sal produzido no Rio Grande do Norte passa a
ser competitivo, e isso impulsiona decisivamente o desenvolvimento da
nossa indústria salineira.
No período de 1941/45, houve uma retração na extração do sal, motivada
pela diminuição da navegação de cabotagem durante a Segunda Guerra
Mundial. Apesar disso, o sal continuou sendo o principal produto
comercializado por Mossoró e região, sofrendo oscilações que não
comprometeram o mercado de forma mais acentuada.
Os municípios do Rio Grande do Norte produtores de sal são os seguintes:
Galinhos, Guamaré, Macau, Caraúbas, Areia Branca, Grossos e Mossoró.
Depois de toda essa explicação, o leitor poderia perguntar: como Mossoró
está entre os municípios produtores de sal se não fica no litoral? Para
responder a essa pergunta, temos que dá outras explicações: o clima
predominante em Mossoró é semiárido quente, com temperatura oscilando
entre 24o e 35o centígrados, temperatura essa que dura a maior parte do
ano. O ar apresenta baixo teor de umidade, elevada evaporação,
apresentando uma média de 2.850mm. As precipitações ocorrem ao redor de
450 mm anuais e a evaporação líquida é de 2.400, sendo que a intensidade
de irradiação solar varia entre 120 e 320 horas/mês, com ventos que
apresentam velocidade média entre 3,8 e 4,4 m/s. Junto a isso temos
ainda um solo impermeável, o que assegura condições ideais para a
cristalização e colheita do sal, com um grau de pureza que atin ge até
98 Baumé (Graus de Baumé é uma escala hidrométrica criada pelo
farmacêutico francês Antoine Baumé em 1768 para medição de densidade de
líquidos.).
E onde estão localizadas as salinas? Poderia perguntar ainda o atencioso
leitor. As salinas de Mossoró estão localizadas na várzea estuarina dos
rios Mossoró e do Carmo. Essa várzea é inundada, ora pelas águas do
mar, ora pelas águas das enchentes dos rios, que quando cessam as chuvas
formam salinas naturais, onde o relevo é plano e baixo, estreitando-se
para o litoral, onde a água do mar chega a alcançar até 35 Km do
litoral. Essa série de fenômenos naturais é que faz com que Mossoró
possa figurar entre os municípios produtores de sal do Rio Grande do
Norte.
Fonte do texto – http://salnautico.com.br/historia.php
Fotos – Coleção do proprietário do Blog Tok de História
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