Documentos de Margaret Thatcher revelam divergências sobre Malvinas
Anotações
pessoais da ex-primeira ministra mostram as diferenças dentro do
partido conservador sobre como reagir ao ataque argentino em 82
Documentos
particulares da ex-primeira ministra do Reino Unido, Margaret Thatcher,
divulgados nesta quinta-feira revelam as divergências que surgiram no
partido conservador britânico após a incursão argentina nas ilhas
Malvinas em 1982. Uma série de notas preparadas por Thatcher durante os
dias posteriores à ocupação mostra como os "tories", que em público
mostraram uma imagem de unidade, discutiram entre eles qual era o melhor
caminho a seguir.
Thatcher ao lado do ex-presidente americano Ronald Reagan em 1982 Foto: AP
O Arquivo Margaret
Thatcher decidiu publicar hoje manuscritos e fichários que conserva
sobre um ano-chave na carreira política da Dama de Ferro. Neles é
possível perceber como o então jovem secretário de Estado, Ken Clarke,
defendia "explodir alguns navios, mas nada mais", enquanto o deputado
Peter Mills advertia que os constituintes não aceitariam respostas
mornas: "querem sangue", disse.
Além de Clarke,
outros cinco parlamentares conservadores advertiam à primeira-ministra
nesse mesmo sentido e se mostravam partidários de "manter a calma". Uma
nota similar descreve no dia seguinte a posição do "tory" Stephen
Dorrel: "só daremos apoio à frota como uma tática de negociação. Se não
negociam, deveríamos nos retirar". Em outra anotação da então
primeira-ministra, se lê sobre o deputado Keith Stainton: "tem intenção
de atacar o governo. Sua mulher tem grandes interesses nas Malvinas".
O conflito bélico
pela soberania das Malvinas começou no dia 2 de abril de 1982, quando o
então general Leopoldo Galtieri, presidente da Junta Militar argentina,
ordenou a ocupação das ilhas, reivindicadas por Buenos Aires desde 1833.
No dia seguinte, o Reino Unido começou a enviar seus militares ao
arquipélago até reunir 27 mil soldados, que no dia 1º de maio iniciaram
os combates. A guerra, que causou a morte de 649 militares argentinos,
255 britânicos e três ilhéus, terminou no dia 14 de junho de 1982 com a
rendição argentina.
Os papéis de
Thatcher refletem o "caos" no qual mergulhou o partido no governo
britânico após a incursão argentina, segundo descreveu Chris Collins,
historiador do Arquivo Margaret Thatcher. "Durante os primeiros dias do
conflito houve uma grande confusão e dúvidas sobre como comportar-se,
embora, certamente, o partido devia mostrar-se unido na medida do
possível", apontou Collins.
O historiador
britânico Charles Moore, biógrafo autorizado de Thatcher, assinalou que
esses escritos privados são "um recurso fantástico para todos aqueles
interessados em sua carreira como primeira-ministra e na história
política recente do país".
Fonte: Terra
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