O povo Tapuia (Tarairiu)
Aspectos histórico-geográfico
dos Tapuias
Os
Tapuias, também conhecidos por "Bárbaros",
habitavam, dentre outras regiões, os sertões
da Capitania do Rio Grande. Dividiam-se em vários
grupos nomeados de acordo com a região onde
moravam – Cariris (Serra da Borborema), Tarairiou
(Rio Grande e Cunhaú), Canindés (no
sertão do Acauã ou Seridó). Eram
chefiados por vários reis e falavam línguas
diversas. Merecendo destaque os reis Janduí
e Caracará.
Caracteísticas Físicas
dos Tapuias
Os
homens apresentavam-se corpulentos, possuidores de
grande força física. A pele queimada,
em tons de marrom. Usavam cabelo longo ao sabor do
vento. Não costumavam usar roupas. Eram desprovidos
de pêlos por todo o corpo. Apesar de andarem
nus, cobriam as partes íntimas com peças
feitas de materiais rudimentares, extraídos
da natureza. Em contra partida, as mulheres apresentavam
estrutura física pequena, mas a cor era a mesma
da dos homens. Costumavam manter os cabelos curtos
ou longos, de corpos rechonchudos. Também escondiam
suas partes íntimas. Adornavam seu corpo com
o que encontravam na natureza – Penas de aves, folhas
de plantas nativas, raízes, utilizavam-se de
pedaços de paus para fazerem brincos, colares
e outros. Utilizavam-se de tais enfeites tanto para
a prática das danças, como na preparação
para a guerra.
Rituais
de Vida e Morte
Os
Tapuias, por vezes, atingiam aproximadamente dois
séculos de vida. Quando isso acontecia eram
homenageados por sua tribo. Isto quando do sexo masculino
- se do sexo feminino, ao darem à luz a mais
de um filho, tornavam-se cativas. Estando doentes
são visitados pelos amigos e se o caso de morte,
matavam-nos para que não houvesse sofrimento.
A causa mais freqüente de óbito entre
os Tapuias era o veneno de cobra. Eram endocanibalistas,
devoravam até mesmo os de sua tribo, quando
da sua morte.
A Vida Amorosa dos Tapuias
A
puberdade era o período em que a donzela estaria
pronta para casar-se. A virgindade era bastante valorizada.
O namoro, acontecia entre danças, onde eram
escolhidos os pretendentes. No noivado, o pretendente
oferecia presente ao sogro. Quando a donzela não
arrumava pretendente, era levada ao rei e este a possuía.
Os
jovens tinham que demonstrar valor pessoal, exibindo
força física. O rei aprovava a cerimônia
e quando esta se realizava, furavam-se as faces dos
noivos e colocavam pauzinhos. A festa durava cinco
dias. Os matrimônios eram severos, apesar da
poligamia, mas as cerimônias eram reservadas
às primeiras esposas. Possuir várias
mulheres era sinal de prestígio. O adultério
era raro, e o marido expulsava a ré, depois
de açoitá-la, no caso do flagrante e
poderia matá-los. Sobre os tapuias cariris,
eram praticantes do adultério, e era recíproco.
Da Gravidez, do Parto e das Crianças
A
Índia, quando grávida, não tinha
relações com o marido, também
enquanto amamentava. A tapuia dava à luz nas
matas, cozia o umbigo e a placenta e comia. Quando
voltava ao acampamento, o filho era cuidado por outra
mulher. Os maridos tinham o mesmo resguardo da parturiente.
Esta se alimentavam de farinha de mandioca, milho,
feijão, até o nascimento dos dentes
dos lactentes. Os nascidos mortos eram devorados pelos
tarairiús. As crianças começavam
a andar com nove semanas e aprendiam a nadar nesta
mesma época. Entre sete e oito anos eram furados
o lábio inferior e as orelhas e colocados ossos
e paus, depois eram batizados, ficando aptos para
as lutas.
Ferocidades, Armas e Lutas dos Tapuias
Os
Tapuias possuíam semblante ameaçador,
corriam igual as feras, por isso eram muito temidos.
Eram inconstantes, fáceis de ser levados a
fazer o mal. Eram fortes, carregavam nos ombros grandes
pesos. Ao irem para guerra, marchavam em silêncio,
mas no embate faziam bastante alarido, jogando setas
envenenadas das quais os feridos jamais escapavam.
Foram
úteis, como aliados dos holandeses, conduzindo
aos lugares mais difíceis. Os tapuias que se
destacavam nas lutas eram considerados heróis.
O
poder real não era hereditário, este
era substituído quando morto. O rei distinguia-se
dos outros pelos cabelos e pelas unhas. Os tapuias
eram muito obedientes ao rei.
Os
tapuias se enfeitavam da cabeça aos pés
para as lutas. Suas armas eram as flechas, as pranchetas,
arcos e dardos, que usavam com grande habilidade.
Usavam também as clavas e machados de mão;
as armas eram enfeitadas com bonitas plumas. Eles
não se utilizavam das armas de fogo, passaram
a usar em razão da Guerra dos Bárbaros.
Das Habitações dos Tapuias
Eram
nômades, paravam onde houvesse abundância
de alimentos. Gostavam de viver ao ar livre. Por isso
não construíam casa, levantavam alguns
ramos para servir de abrigo. Eram gulosos, as reservas
alimentares dentro da área duravam somente
dois ou três dias. Quando partem para outros
sítios tocam fogo no acampamento.
O
rei era quem programava as atividades do dia e da
noite. Antes de partirem, banhavam-se no rio, para
espantar a moleza. Quando mudavam de acampamento,
os mais fortes carregavam dois troncos de árvores.
As mulheres e os meninos conduziam as armas, as bagagens
e os trastes. Chegados ao local do novo acampamento,
iam cortar árvores, e usavam os galhos e ramagens
para fazerem sombra. As habitações dos
tapuias eram toscas e feias.
Caça, Pesca e Agricultura dos
Tapuias
Os
tapuias levavam uma vida descuidosa. Não semeavam,
não plantavam, nem se esforçavam por
coisa alguma. Alimentavam-se com mel de abelhas e
maribondos e com todas as imundícies da terra,
como cobras e lagartos. Os tapuias armavam ciladas
aos peixes e animais, utilizando seu admirável
olfato e sua habilidade para comer. Alimentavam-se
ainda de frutos agrestes, caça fresca, peixes,
tudo sem temperos ou condimentos. Não semeavam
outra coisa além da mandioca.
Para
assar a carne, eles cavavam um buraco na terra e colocavam
a carne, depois enterravam pondo folhas de árvores
por cima e faziam uma fogueira por cima de tudo.
Para
atraírem felicidade na caça e pesca,
os tapuias cariris queimavam ossos de animais ou espinhas
de peixes.
Os
Jovens caçadores presenteavam os velhos da
tribo com caças e pescarias, sem sequer comer
um único pedaço. Durante o período
de caça e pesca, comiam uma sopa muito rala,
feita com farinha de milho ou mandioca. Depois dessa
temporada, estavam magros, por razão do intenso
trabalho e da alimentação inadequada.
A Língua dos Tapuias
A
linguagem era um tanto mal entendida, pois era trêmula,
e cantada, não se entendia nada.
Dezenas
de palavras foram usadas na linguagem dos tapuias
como por exemplo; carfa, caruatá, cayú,
comatyn, corpamba, corraveara, cucuraí, ditre,
entre outros.
As Aldeias Indígenas
Foram
aldeias, que em pouco tempo foram transformadas em
vilas, onde existia um chefe para governar esse vilarejo
indígena, onde estabeleceu-se a forma de vida
um tanto democrática entre os demais. Podemos
citar alguns nomes de aldeias existentes, como: a
aldeia Jacoca, Utinga, Baía da traíção,
Monte Mor da preguiça, Boa Vista, Cariris,
Campina Grande, Brejo, Panatis, Coremas, Aldeia dos
Pegas, dos Icos pequenos, etc.
Religião dos Tapuias
A
religião dos Tapuias era basicamente animista,
eles adoravam as forças da natureza com o trovão,
a lua, o sol, além disto, acreditavam que certos
animais, como serpentes, aves e alguns mamíferos,
como morcegos, praticaram sacrifícios de animais,
até humanos. Os europeus aqui chegados trataram
de demonizar os deuses dos Tapuias, como podemos ver
na frase do cronista Morisot, "Os brasilianos
só adoram o diabo, não que daí
esperem um bem, mas porque o temem, e por esse motivo
oferecem sacrifícios e o invocam". (30,
125).
Os
Tapuias também tinham como Deus principal a
Constelação da Ursa Maior, para eles
um inimigo dos Tapuias o intrigou com o seu Deus,
este era a raposa, a causadora de sua expulsão
do paraíso. Os tapuias acreditavam na imortalidade
da alma desde que a pessoa não tivesse morrido
de morte matada ou de picada de serpente.
Os
Tapuias não faziam nada sem antes consultar
os feiticeiros e adivinhos. De um modo geral, a religião
dos tapuias lembra um pouco as religiões da
África, no tocante a influência forte
dos feiticeiros na vida indígena. Os europeus
viam nos rituais dos tapuias um comércio direto
com os poderes do inferno, além disto os tapuias
possuíam deuses também que regiam a
agricultura, a pesca e a caça, os invocaram
e sacrificaram a eles para obter boas colheitas, pesca
e caça fartas. Os tapuias tinham uma lenda
que falava no Deus da criação, que tinham
dois filhos, o mais novo foi embora para a terra,
o Deus pai enviou seu filho mais velho para buscar
seu filho mais novo, mas este e seus filhos acabaram
maltratando e matando o irmão mais velho, que
depois de morto ficou na terra, entre seus parentes,
por vários dias e somente depois ascendem ao
céu, retornando para o seu pai.
Os
europeus acreditavam que o Deus em quem os tapuias
falavam era o Deus de Israel, o filho mais velho Jesus
Cristo e o filho mais novo seria o próprio
Lúcifer ou Caim.
Referências Bibliográficas
MEDEIROS
FILHO, Olavo. Índios do Açu e Seridó.
Brasília: Centro Gráfico do Senado Federal,
1984.
Cópia de: http://www.cerescaico.ufrn.br/rnnaweb/historia/colonia/tapuias.htm
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