FAMÍLIAS APODIENSES COM ASCENDÊNCIA (ORIGEM) INDÍGENA.
As
publicações que abordam a temática do entrelaçamento
étnico-cultural do elemento branco com indígenas, nos remonta a
uma assertiva propalada por pessoas de idades longevas, que de
forma peremptória e incisiva sentenciam: "A minha avó foi pega
à casco de cavalo nas brenhas das matas", ou então - "A minha
avó foi pega nas matas à dente de cachorros". Na maioria dos
casos, restam configurados como simples lendas familiares.
Instigados à revelarem os nomes de suas avós e época em que
foram preadas, apelam para a arguição de falta de
memória,esquecimento, como se temessem que o interlocutor passe
para as páginas de um livro. Denotam uma estranha e
voluntariosa omissão, como se o fato causasse vergonha à
história familiar. No livro que trata sobre a história da
família DIÓGENES, consta que o patriarca DOMINGOS PAES BOTÃO
NETO vivera maritalmente com uma índia tapuia do vale
jaguaribano, de nome NARCISA DIAS. Em Apodi, ouví da Professora
Célia Melo,natural do sítio "Sororoca", a afirmativa de que a
bisavó dela era uma índia e que fora "pega à casco de
cavalo". Sugerí à mesma, que envidasse pela pesquisa
meticulosa,profunda, intensa, para ver se chegava ao "fio da
meada", com a possível elucidação do nome dessa sua ancestral
indígena.
MORTE DO PADRE FILIPE BOUREL |
No contexto da área territorial do Apodi, o processo de
civilização do gentio indígena tapuias paiacus, da nação
Tarairiús, só foi possível com a instalação da Missão Jesuíta
na margem direita da lagoa, em 10 de Janeiro de 1700 pelos
intrépidos e abnegados e virtuosos padres PHILIPE BOUREL e
JOÃO GUINCEL, no local que ficou conhecido como "Córrego da
Missão", que passou para os documentos oficiais como sendo a
MISSÃO JESUÍTA DA ALDEIA DO LAGO PODI (Vide livro "HISTÓRIA DA
COMPANHIA DE JESUS NO BRASIL". Tomo V - Autor: Pe. SERAFIM LEITE).
Tem-se notícia que alguns índios da Aldeia do Apodi foram
batizados com nomes de padres jesuítas que catequisaram neste
rincão, citando-se como exemplo o índio Bonifácio Teixeira. O
capítulo da história indígena em Apodi precisa ser estudado
amiúde,sem canseiras,com abnegação nem data pré-fixada para
conclusão. Ademais, temos muitos conterrâneos com curso superior
em História, que poderiam envidar por essa temática, passando a
"garimpar" em vetustos documentos que tratam deste tema,
existentes no arquivo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio
Grande do Norte - IHGRN.
Ainda não nos foi possível precisar a data do primeiro contato da família NOGUEIRA, fundadora e colonizadora do Apodi no ano de 1680, com o gentio indígena. Com certeza não foi um contato amistoso, até porque não houve a intermediação de padres no processo de alinhamento étnico-cultural. A prova inconteste do atrito permanente dos NOGUEIRAS com os tapuias paiacus reside no trágico embate ocorrido nas margens da lagoa do "Apanha-Peixes, no dia 09 de Agosto de 1688 em que tombaram mortos os primos João Nogueira(O Moço) e Balthazar Nogueira, tendo os NOGUEIRAS batido em retirada, vergonhosamente, deixando os irmãos mortos e abandonados no campo de batalha. Como os tapuias paiacus eram canibais, é possível que tenham se alimentado dos corpos destes bravos mártires, já que a prática era tida como um ritual de sucesso da luta travada. João Nogueira (O Moço) era filho de Manoel Nogueira, e Baltazar era filho de João Nogueira ( O Velho, irmão de Manoel Nogueira).
Ainda não nos foi possível precisar a data do primeiro contato da família NOGUEIRA, fundadora e colonizadora do Apodi no ano de 1680, com o gentio indígena. Com certeza não foi um contato amistoso, até porque não houve a intermediação de padres no processo de alinhamento étnico-cultural. A prova inconteste do atrito permanente dos NOGUEIRAS com os tapuias paiacus reside no trágico embate ocorrido nas margens da lagoa do "Apanha-Peixes, no dia 09 de Agosto de 1688 em que tombaram mortos os primos João Nogueira(O Moço) e Balthazar Nogueira, tendo os NOGUEIRAS batido em retirada, vergonhosamente, deixando os irmãos mortos e abandonados no campo de batalha. Como os tapuias paiacus eram canibais, é possível que tenham se alimentado dos corpos destes bravos mártires, já que a prática era tida como um ritual de sucesso da luta travada. João Nogueira (O Moço) era filho de Manoel Nogueira, e Baltazar era filho de João Nogueira ( O Velho, irmão de Manoel Nogueira).
NONATO MOTA |
O
incansável e abnegado historiador Apodiense NONATO MOTA
(Raimundo Nonato Ferreira da Mota - 30.06.1866/04.06.1936) nos deixou
um vasto legado histórico, fruto de acurada pesquisa nos
documentos cartoriais de Apodi e Portalegre, cujas anotações
foram publicadas no Boletim Bibliográfico nº 63, da Coleção
Mossoroense, sob o título "NOTAS SOBRE A RIBEIRA DO APODI" -
Coleção Mossoroense, Série "B", nº 606, ano 1989). O que me causa
um certo desapontamento é o fato de que as famílias
Apodienses com origem mameluca não descendem de um indígena do
Apodi, e sim, de Alagoas. Deu-se pelo casamento do português
ANTONIO DA MOTA RIBEIRO,nascido em Portugal a 13.06.1710 e que
casou em Apodi com a idade de 29 anos, no ano de 1739 com
JOSEPHA FERREIRA DE ARAÚJO, filha do português Carlos Vidal
Borromeu e da índia ISABEL DE ARAÚJO, natural de Alagoas.
Josepha faleceu em sua fazenda "Santa Cruz"(Apodi) a 17.10.1792
(Vide inventário no arquivo morto do Fórum Des. Newton Pinto).
Carlos Borromeu casou em segunda núpcias, por viuvez, com
Margarida de Freitas, filha do fundador Manoel Nogueira
Ferreira. Abatido pela morte de sua esposa, Antonio da Mota
Ribeiro faleceu a 19 de Agosto de 1796, deixando os seguintes
filhos, netos da índia Isabel de Araújo:
F.01-JOSÉ DA MOTA FERREIRA.
F.02-TEREZA
MARIA DE JESUS - Casou com o português Manoel Antonio da Costa,
que por ser alvo e de olhos azuis diziam que ele se parecia com um inglês, nascendo daí o apelido de Manoel Inglês.
F.03- LOURENÇA FERREIRA DA MOTA - Casou com o português SIMÃO DO RÊGO LEITE, e foram pais de:
N.01- MARIA DA CONCEIÇÃO LEITE - Casou com o português,(nascido em Lisboa) LUÍS DA COSTA MENDES - Este casal é tronco da família FERREIRA LEITE, de quem descende Mané Leite,pai de Sêo Vicen te Leite (Pai de Toinho Leite); e
os abastados Apodienses (irmãos) e comerciantes na praça de Mossoró
Coronel JOÃO FERREIRA LEITE, casado com Cristina Veras, e
SALUSTIANO FERREIRA LEITE.(Saluleite). F.04- DAMIANA ANTONIA DA MOTA - Casou com o sesmeiro CRISTÓVÃO DE SOUZA, filho de Estevão de Pereira de Souza.F.05- MARIA TEREZA DA MOTA - Casou com FRANCISCO MARÇAL DE BRITO, fundador de Pau dos Ferros-RN. F.06- COSMA MARIA - Casou com ANTONIO DA ROSA MACHADO.
F.07- INÊS MOTA - Casou com JOSÉ LUÍS VIEIRA DE VERAS.
F.08- FRANCISCO FERREIRA DA MOTA.
F.09- Capitão JOSÉ FERREIRA DA MOTA - Casou com FLORÊNCIA MARIA DE JESUS, e foram pais de:
N.01- ANTONIA SENHORINHA DE JESUS - Casou com o Capitão MANOEL FERNANDES PIMENTA;
N.02- Padre JOSÉ FERREIRA DA MOTA.
(FONTE:
Vide livro "VELHOS INVENTÁRIOS DO OESTE POTIGUAR" pág. 18 a 21 -
Marcos Antonio Filgueira - COLEÇÃO MOSSOROENSE - Série C - Volume
740 ´Ano 1992).
O Capitão JOSÉ FERREIRA DA MOTA e seu genro Manoel Fernandes
Pimenta participaram do movimento da REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA no
RN, em 1817, não tendo sido presos porque reconheceram o regime
monarquista português. Como se depreende do texto, as famílias
MOTA, SOUZA, BRITO, MACHADO, e o ramo que descende do Capitão
Manoel Fernandes Pimenta, tem sangue indígena.
Marcos pinto - HISTORIADOR APODIENSE.
Copiado de: http://potyline.blogspot.com.br/2012/01/familias-apodienses-com-ascendencia.html
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