RESUMO - UNIÃO IBÉRICA E PERÍODO HOLANDÊS
Quando
D. Sebastião, rei de Portugal, viajou para Alcácer-Quibir, no Norte da
África para combater os árabes, deixou o reino luso sem um herdeiro que
pudesse assumir o trono caso ele viesse a morrer em combate. Essa
situação alarmava a Corte portuguesa e quando o rei veio a desaparecer
no campo de batalha a situação parecia descambar para uma crise
sucessória. Contudo, o cardeal D. Henrique, tio-avô de D.Sebastião,
assume o trono adiando o estourar da crise. Mas, em 1580, o cardeal
também falece e desta vez o trono português estava sem regente.
Instala-se uma disputa entre D. Antonio, prior do Crato, Catarina de
Médicis, que se dizia descendente de Afonso III, a duquesa de Bragança,
D. Catarina, neta de D. Manuel e Filipe II, rei da Espanha e neto de D. Manuel . Sabendo
da disputa que se instalaria após sua morte, o cardeal deixou em seu
testamento que os juízes da corte decidissem qual dos candidatos detinha
mais direitos. O prior do Crato apoiado pelo povo marcha sobre Lisboa,
porém, não tinha apoio dos magistrados nem dos nobres.
Ao
mesmo tempo, Filipe II ordena às tropas espanholas que invadam
Portugal. Conseguindo resultados positivos Filipe II parte para a
negociação de sua subida ao trono e compra parte da elite para que ela
aceite a união das coroas ibéricas. Em 1581 ocorre a legalização de seu
governo nas chamadas Cortes de Tomar. A partir daí entra para a História
a famosa frase proferida pelo agora rei de Portugal e Espanha: Herdei-o, comprei-o e conquistei-o .
A
partir dessa união, Filipe II passa a comandar o maior império da Idade
Moderna e o primeiro no qual o sol não se punha. Vale salientar que,
administrativamente, as Américas agora anexadas mantiveram-se
independentes e comerciantes espanhóis estavam proibidos de atuarem na
parte portuguesa do Império e vice-versa. Entre outras atitudes tomadas
por Filipe II destacam-se:
- o exercício do governo português por vice-reis;
- comércio colonial sob monopólio português;
- a manutenção do idioma português nas regiões colonizadas por Portugal e no próprio reino;
- a manutenção da moeda portuguesa.
Filipe
II morre em 1598 e o trono das coroas ibéricas passa para Filipe III
(em Portugal, Filipe II). Este não exerceu o poder de forma
centralizadora, o que favoreceu o aparecimento de crises internas. Esse
governo durou até 1621, seguido pelo de Filipe IV (Filipe III, em
Portugal), marcado por uma forte crise econômica de um lado e pela
ostentação do clero e da nobreza do outro.
Finalmente,
em 1640, na região da Catalunha, estoura uma revolta que envolve a
França, gerando uma crise entre os dois países. Portugal aproveita esse
momento e se rebela contra a dominação espanhola. É a Restauração,
que colocará no trono português o duque de Bragança como D. João IV e
estabelecerá a dinastia de Bragança. Encerrava-se, assim, a União
Ibérica.
UNIÃO IBÉRICA: CONSEQUÊNCIAS PARA O BRASIL
A Invasão Holandesa
Quando
Portugal é anexado pela Espanha, realizava um lucrativo comércio com as
Províncias Unidas dos Países Baixos – a futura Holanda – porém, esta
era colônia espanhola e passava por um processo de independência. Como
era de se esperar, a contenda entre espanhóis e holandeses findaria por
atingir os domínios ultramarinos portugueses. Os embargos comerciais
estabelecidos por Filipe II contra os Países Baixos e seu comércio com a
península e o império ibérico deflagraram as hostilidades holandesas.
A guerra colonial entre as duas potências teve início com ataques contra as ilhas de São Tomé e Príncipe em 1598-9. A
partir daí estendeu-se para as posses portuguesas uma vez que estas
localizavam-se em costas marítimas expostas mais fáceis de se atacar que
o México e o Peru – vice-reinos espanhóis – voltados para o interior.
Com
a fundação da Companhia das Índias Ocidentais os interesses dos
holandeses voltaram-se para a posse mais rica e cobiçada dos
portugueses: o Brasil com sua produção de açúcar. É que, com a proibição
do comércio entre Portugal e Holanda, esta ficou sem poder realizar o
transporte, refino e comercialização, na Europa, do chamado ouro branco.
Como muitos engenhos brasileiros tinham sido montados com capital
holandês, aqueles não ficaram nada satisfeitos com o embargo e decidiram
dominar o maior centro produtor mundial de açúcar do mundo da época: o
Nordeste brasileiro.
A
primeira investida holandesa ao Nordeste brasileiro ocorreu em 1624, na
Bahia. Foram utilizados nada menos que trinta navios bem armados que
bombardearam violentamente Salvador, levando a população a se refugiar
no interior e resistir através da guerra de guerrilhas. No ano
seguinte, porém, uma armada de 52 navios e mais de doze mil homens foi
enviada para expulsar os invasores, façanha realizada com sucesso, mas
que não quer dizer que os holandeses desistiriam de seu intento.
Holandeses em Pernambuco
Após
a derrota na Bahia, os holandeses dedicaram-se a arquitetar uma forma
de invadir Pernambuco, mais rica mas também menos protegida das
capitanias produtoras de açúcar.
Em 1630, após providencial saque de um carregamento de prata que se dirigia à Espanha, a
Companhia das Índias Ocidentais inicia sua incursão em Pernambuco. A resistência luso-brasileira foi valorosa, porém, os invasores contaram com a ajuda de Domingos Fernandes Calabar, um pequeno proprietário de engenho da região, o que
possibilitou a consolidação do domínio holandês na capitania. A tomada
de territórios foi gradativa: Pernambuco, Itamaracá, Paraíba e Rio
Grande do Norte.
Mathias
de Albuquerque, governador de Pernambuco, conseguiu retomar Porto Calvo
em 1635, onde prendeu Calabar e o executou por crime de alta traição.
Em 1636, em Mata Redonda,
os holandeses impuseram violenta derrota ao exército enviado pela
Espanha e consolidaram, assim seu domínio sobre as terras portuguesas.
Agora os holandeses só necessitavam de um administrador e é então que entra em cena o conde Johan Maurits (Maurício) de Nassau.
O Governo de Nassau
Nassau
sabia que não deveria governar de forma autoritária pois os holandeses,
ainda que vencedores, estavam em menor número e suas atitudes não
podiam ir de encontro com, por exemplo, as crenças religiosas da
população luso-brasileira. Ora, a Europa da época passava pelas chamadas
guerras religiosas entre os protestantes e católicos e não seria
prudente impor o credo calvinista a uma população católica e em número
bem maior. A solução era a tolerância religiosa: os católicos, os judeus
tiveram liberdade para realizarem seus cultos sem nenhuma proibição.
A
necessidade de exploração da lavoura açucareira levou Nassau a realizar
acordos de empréstimos para reconstrução dos engenhos. Essa política
não denota que o conde fosse bonzinho, é que ele necessitava reconstruir
as plantações, destruídas durante a invasão para poder auferir os
lucros que tanto interessavam à Companhia das Índias Ocidentais. Eis,
resumidamente, uma lista das ações do conde:
- consolidação do domínio militar holandês;
- reconstrução de Olinda, devastada pela guerra;
- estabelecimento de Recife como centro administrativo da capitania;
Enquanto
não entrasse em conflito religioso nem cobrasse as dívidas dos senhores
de engenho, Nassau garantia sua estada por tempo indeterminado em Pernambuco. Humanista que era, trouxe cientistas, pintores que deixaram obras artísticas de fundamental importância para conhecer o Brasil colonial.
A Insurreição Pernambucana
Em
1640, ascende ao trono português a Dinastia de Bragança, dando um fim à
União Ibérica. Portugal, agora independente e financeiramente arrasado,
necessitava reconquistar suas antigas posses coloniais e o Brasil
figurava em suas prioridades. Para tanto, partiu para a ofensiva. Era o
momento de retomar o que era seu de direito.
Do
outro lado, a Companhia das Índias Ocidentais passou a exigir de Nassau
uma maior cobrança em cima dos devedores. O conde discordava dessa
política de cobrança e findou por ser afastado do governo da capitania.
Em seu lugar assumem três responsáveis que tomam uma série de atitudes
que descontentam os luso-brasileiros: cobrança das dívidas dos senhores
de engenho, proibição da realização de cultos católicos, confisco,
cobrança de altos impostos.
O
movimento insurrecional teve início no Maranhão, espalhando-se em
seguida pelo território dominado. Em Pernambuco, a liderança ficou por
conta de senhores de engenho como João Fernandes Vieira e André Vidal de
Negreiros. Tomaram parte na luta o negro Henrique Dias e o índio Felipe
Camarão.
A
primeira vitória das forças rebeldes ocorreu no Monte das Tabocas em
1645. Em 1648 outra vitória, agora no Monte Guararapes, onde, em menor
número, os luso-brasileiros impuseram mais uma derrota ao invasores
holandeses.
Externamente
a Holanda enfrentava grave crise pois havia entrado em conflito com a
Inglaterra, que também estava interessada em tirar proveito do lucrativo
comércio ultramarino.
Em
1654, os holandeses foram finalmente expulsos da capitania de
Pernambuco com o apoio de reforços enviados por Portugal. Porém, o
perigo de outra invasão holandesa só foi definitivamente afastado em
1661, com a assinatura do Tratado de Paz de Haia, mediado pela
Inglaterra e que estabelecia que Portugal deveria pagar uma indenização à
Holanda e ceder as ilhas Molucas e do Ceilão.
Conseqüências da expulsão dos holandeses
Ao
saírem do Brasil, os holandeses, aproveitando a experiência adquirida,
instalam lavouras açucareiras nas Ilhas Antilhas e passam a concorrer
com o açúcar brasileiro. A situação se complica com a introdução no
mercado do açúcar de beterraba produzido na Europa com uma qualidade
superior ao produzido na colônia portuguesa.
Todos
esses fatores contribuem para a decadência da produção brasileira,
demonstrando que o trinômio monocultura, trabalho escravo e latifúndio
adotado aqui pelos colonizadores portugueses era bastante frágil.
FONTE:http://www.profsalvianohistoria.com/2012/05/resumo-uniao-iberica-e-periodo-holandes.html
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