Djalma Maranhão
O
Golpe de 1964 e o Jogo Claro de Djalma Maranhão
Djalma
Maranhão nasceu em Natal, no dia 27 de novembro de 1915. Filho
de Luís Inácio de Albuquerque Maranhão e de dona
Salomé de Carvalho Maranhão, teve os seguintes filhos: Lamarck
(falecido), Marcos e Ana Maria.
Djalma
Maranhão foi um homem simples, inteligente e que sabia exatamente
o que queria da vida. Não transigia nas suas idéias. Amaca
os mais humildes e lutava para atender às reivindicações
das classes menos favorecidas. Nacionalista, denunciava, gritava, protestava.
Expressava sua ideologia de maneira clara e inequívoca, acreditando
na vitória do socialismo, convicto de que "somente a dialética
marxista-leninista libertará as massas da opressão e da
fome através da socialização dos meios de produção
e da entrega da terra aos camponeses".
Como
não se acomodava às intrigas políticas, nem concordava
ou se adaptava a qualquer tipo de corrupção, foi expulso
de alguns partidos.
Militante
comunista, quando era cabo do exército participou da Intentona
Comunista de 35, sendo preso. É o próprio Djalma Maranhão
que diz: "Andei pelos presídios políticos e pelos campos
de concentração, martirizado pelos esbirros de Felinto Müller
e de Getúlio Vargas".
Em
1946, foi expulso do partido comunista, porque denunciou os diretores
do partido como desonestos. Foi eliminado, quando se encontrava ausente
de plenário, sem que pudesse se defender. A acusação
feita por Djalma Maranhão foi escrita.
Era
de fato um homem temperamental. Às vezes, contudo, sabia se conter.
Exemplo: durante a campanha de 1960 para prefeito de Natal, Djalma Maranhão
entrou irado na sala de redação da "Folha da Tarde" com
um exemplar na mão. Perguntou, então, quem tinha escrito
a manchete de seu jornal, que dizia o seguinte: "Lott - Jango - Walfredo
- Maranhão - Gonzaga. Vote do primeiro do sexto". Ao saber que
o autor da manchete foi Moacyr de Góes, de conteve e disse: "A
manchete está certa. É assim mesmo. Não vamos ficar
em cima do muro. Jogo claro. Honrar as alianças".
Mantinha
cordiais relações com a Igreja. Certo dia, uma funcionária
criticou as pessoas que trabalhavam para a Arquidiocese. Djalma Maranhão
sorriu e disse: "Deixe o padre fazer o trabalho dele. E nós faremos
o nosso".
Na
campanha "De Pé no Chão Também se Aprende a Ler"
trabalhavam cristãos (católicos e protestantes), espíritas
e marxistas. Por essa razão, o professor Moacyr de Góes
chamou o movimento de uma "frente".
Profundamente
humano. Intransigente contra a falsidade e a desonestidade, admitia o
erro, desde que fosse cometido por alguém que desejasse acertar.
Para
ele, governar era realizar. Nas suas administrações como
prefeito de Natal, procurou deixar uma marca de dinamismo.
Nas
eleições de 31/10/1954, foi eleito deputado estadual pelo
Partido Social Progressista, obtendo ótima votação
em Natal. Como legislador, teve um grande desempenho, sendo inclusive
autor do projeto que deu autonomia ao município de Natal.
Em
1955, Djalma Maranhão apoiou Dinarte Mariz para governador, na
coligação PSP-UND. Mariz derrotou Jocelyn Vilar, do PSD.
Como conseqüência do acordo dessas eleições,
Djalma Maranhão foi designado prefeito da Cidade do Natal, cuja
posse ocorreu no dia 1/2/1956.
De
acordo com Moacyr de Góes, "nessa primeira administração
de Djalma Maranhão, a Prefeitura vai implantar o programa municipal
de ensino, através das escolinhas de alfabetização
e do Ginásio Municipal de Natal".
No
ano de 1959, Djalma Maranhão rompeu com Dinarte Mariz. Suplente,
assumiu o cargo de deputado federal, onde se destacou como membro atuante
da Frente Parlamentar Nacionalista.
Em
1960, se candidatou a prefeito, participando da coligação
"Cruzada da Esperança", juntamente com Aluízio Alves, candidato
ao governo do Estado.
Vitorioso,
no dia 5/11/60 Djalma Maranhão assumiu novamente a Prefeitura de
Natal, sendo dessa vez através do voto. Foi, portanto, o primeiro
prefeito natalense eleito diretamente pelo povo, obtendo 66% dos voto.
Em
sua segunda administração, Djalma Maranhão demonstrou
toda a sua capacidade de trabalho e de liderança política.
Aos poucos conquistou a confiança e o respeito da classe média,
aumentando seu prestígio junto das classes populares.
Djalma
Maranhão não foi apenas um político. Atuou, igualmente,
como jornalista. Segundo Leonardo Arruda Câmara, "a imprensa foi
a grande vocação. Revisor, repórter esportivo, repórter
político, redator, secretário de redação,
editorialista, diretor e proprietário de jornais, percorreu na
carreira de jornalista todos os postos e funções. Fundou
o "Monitor Comercial", o "Diário de Natal" e a "Folha da Tarde".
"Foi
diretor e proprietário do "Jornal de Natal".
Como
escritor, publicou "O Brasil e a Luta Anti-Imperialista", pelo Departamento
de Imprensa Nacional, edição da Frente Parlamentar Nacionalista,
no Rio de Janeiro, em 1960, e "Cascudo", Mestre do Folclore Brasileiro",
lançado em 1963. Tem também uma obra póstuma: "Carta
de um Exilado".
Com
o golpe militar de 1964, Djalma Maranhão foi preso. Libertado,
posteriormente, através de um "habeas corpus", concedido pelo Supremo
Tribunal Federal, conseguiu se asilar na Embaixada do Uruguai, indo morar
naquele país, onde veio a faleceu, no dia 30 de julho de 1971.
No
último livro produzido pelo antropólogo Darcy Ribeiro, "O
povo Brasileiro - A formação e o sentido do Brasil", publicado
em 1997, o escrito refere-se à morte e ao apego de Djalma Maranhão
ao Brasil, sem contudo citar seu nome. "Pude sentir, no exílio,
como é difícil para um brasileiro viver fora do Brasil.
Nosso país tem tanta seiva de singularidade que torna extremamente
difícil aceitar e desfrutar do convívio com outros povos.
O prefeito de Natal morreu em Montevidéu de pura tristeza. Nunca
quis aprender espanhol, nem o suficiente para comprar uma caixa de fósforo",
relata Darcy Ribeiro.
Segundo
Leonardo Arruda Câmara, Djalma Maranhão "foi sepultado em
Natal no Cemitério do Alecrim, graças à interferência
do senador Dinarte Mariz, acompanhado de grande multidão no maior
enterro já realizado em nossa capital que atestou o quanto ele
era amado e querido por sua gente".
FONTE: http://tribunadonorte.com.br/especial/histrn/hist_rn_13d.htm
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