QUEM FOI JOÃO SUASSUNA, COMO SE DEU A SUA MORTE E COMO ESTE FATO INFLUENCIOU A VIDA E A OBRA DO SEU FILHO ARIANO
Texto publicado em
Diante da recente morte do escritor
Ariano Suassuna, muito de sua vida foi trazida ao conhecimento de
milhares de brasileiros. Entre os muitos aspectos da biografia deste
paraibano que marcou a história do Nordeste, um dos principais pontos
abordados foi a importância da figura de seu pai, João Suassuna, em sua
vida.
Há dez anos, com a ajuda do amigo Sérgio
Dantas, autor de três maravilhosos livros sobre o cangaço, eu dei
início a uma inacabada pesquisa por quatro estados nordestinos sobre a
vida e morte do cangaceiro paraibano Chico Pereira. Esta motivação vinha
do fato de ser imputado a este cangaceiro e seu bando, em fevereiro de
1927, o assalto a fazenda Rajada, em Acari, na região do Seridó
Potiguar. Na época esta fazenda pertencia a Joaquim Paulino de Medeiros,
meu bisavô e durante grande parte da minha juventude escutei inúmeras
vezes os relatos deste episódio através de vários parentes queridos.
No desenrolar das pesquisas vi que a
história de Francisco Pereira Dantas, o verdadeiro nome de Chico
Pereira, possuía ligações com a trajetória política de João Suassuna.
Até mesmo a sua morte, ocorrida em 1928 na zona rural de Currais Novos,
em um rumoroso caso de violência estatal, que manchou a biografia do
então governador potiguar Juvenal Lamartine de Farias, também possui
ligações com o pai de Ariano.
Mas de maneira totalmente independente
do fato de João Suassuna ser pai do autor de “Auto da Compadecida”,
busquei conhecer mais sobre sua vida.
Nascido João Urbano Pessoa de
Vasconcelos Suassuna, veio ao mundo em Catolé do Rocha, Paraíba, no dia
16 de janeiro de 1886. Anos depois estudou na conceituada e tradicional
Faculdade de Direito de Recife, onde se bacharelou em 1909. O início de
sua carreira como advogado foi em Mossoró, no Rio Grande do Norte.
Depois João Suassuna assumiu o posto de juiz nas cidades de Umbuzeiro e
Campina Grande, ambas na Paraíba. Na sequência foi Procurador da Fazenda
Nacional no seu estado natal.
Em 1 de dezembro de 1913, quando tinha
27 anos, casou com Rita de Cássia Vilar Suassuna, então com 17 anos, a
quem chamava carinhosamente de Ritinha. Quando Castro Pinto esteve a
frente do executivo paraibano (1912-1915), João Suassuna assumiu cargos
de importância na máquina governamental.
Em 1917, após este período de governo,
voltou a ser juiz, desta vez na cidade de Monteiro (PB). Foi nesta época
que João Suassuna adquiriu uma propriedade chamada “Malhada da onça”,
pra onde seguia ocasionalmente. A fazenda ficava em Desterro, local de
nascimento de sua mulher, na época uma comunidade pertencente à cidade
paraibana de Teixeira. Em 1919 deixou a magistratura e foi trabalhar no
antigo Instituto Federal de Obras Contra as Secas – IFOCS. Foi neste
período que ele adquiriu a Fazenda Acauã, na época localizada na zona
rural de cidade de Sousa[1].
No começo da década de 1920, João
Suassuna foi convidado pelo então governador Sólon de Lucena para
assumir a Inspetoria do Tesouro do Estado, depois foi eleito deputado
federal. Estava no exercício do mandato parlamentar no Rio de Janeiro,
então Capital Federal, quando foi eleito “Presidente da Parahyba”, o que
corresponde hoje ao cargo de governador.
O mandato de João Suassuna se
caracterizou em grande parte por uma valorização das ações desenvolvidas
pelos grandes latifundiários de terras do interior, possuidores de
grandes riquezas baseadas no cultivo do algodão e na pecuária. Estes
“coronéis” atuavam através de uma estrutura política arcaica, que se
valia entre outras coisas do mandonismo, da utilização de grupo de
jagunços armados, da conivência com grupos de cangaceiros e outras
ações.
Foi nesta época, no palácio do governo
da Paraíba, que servia de residência oficial do chefe do executivo
daquele estado, mais precisamente no dia 16 de junho de 1927, que nasceu
um dos nove filhos do casal João e Rita. Foi batizado como Ariano.
João Suassuna entregou o cargo em 22 de
outubro de 1928 a João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque e assumiu
novamente uma das vagas de deputado federal pela Paraíba.
PROBLEMAS À VISTA!
João Pessoa discordava da forma como o
grupo político que o elegera conduzia a política do seu estado e logo
surgiram sérias divergências com os latifundiários. Um dos maiores
embates estava na cobrança de taxas de exportação do algodão. Por esta
época os coronéis exportavam o produto principalmente através do porto
de Recife, provocando enormes perdas de divisas tributárias para a
Paraíba. Procurando evitar esta sangria financeira e efetivamente cobrar
os coronéis, João Pessoa implantou diversos postos de fiscalização nas
fronteiras da Paraíba, irritando de tal forma estes caudilhos, que
pejorativamente passaram a chamar o governador de “João Cancela”.
Os embates políticos entre o governador e
os coronéis foram crescendo. A maior liderança entre estes poderosos
foi sem dúvida o coronel José Pereira Lima. Verdadeiro imperador da
região oeste da Paraíba, na área da fronteira com Pernambuco, tendo como
base, a cidade de Princesa e este discordava com veemência das ações de
João Pessoa. Do embate entre estes dois homens, resultou um dos maiores
conflitos armados do Brasil Republicano.
A contenda teve início em 28 de
fevereiro de 1930, quando ocorreu a invasão da cidade de Teixeira por
parte da polícia paraibana, com o aprisionamento dos membros da
conceituada família Dantas, ligada por profundos laços de parentescos e
interesses ao coronel José Pereira. Apesar de governador João Pessoa não
contar com o apoio do Palácio do Catete, onde o titular, Washington
Luís não viabilizou uma efetiva ajuda às forças policiais paraibanas, o
governador paraibano foi à luta.
Em meio aos conflitos da chamada “Guerra
de Princesa”, no dia 26 de julho de 1930, um sábado, João Pessoa estava
na Confeitaria Glória, em Recife, quando foi atingido por dois disparos
desfechados pelo advogado paraibano João Duarte Dantas.
Da mesma família Dantas da região de
Teixeira, consta que João Dantas após realizar uma viagem, encontrou seu
escritório na capital paraibana violado. Entre os objetos roubados
estavam cartas e poemas eróticos, além de fotografias sensuais trocados
com a sua amante, a poetisa Anayde Beiriz. Estes materiais teriam sido
roubados por membros da polícia paraibana, sob as ordens de João Pessoa,
sendo publicados e colocados em locais públicos. Diante dessa exibição
João Dantas foi à confeitaria vingar a sua privacidade violada[2]
Após o crime, João Pessoa se tornou um
grande herói para o povo paraibano e seu assassinato foi o estopim da
conhecida Revolução de 1930. Neste meio tempo cresceu descontroladamente
o radicalismo na Paraíba e muito sangue correu[3].
A PARTIDA
Por ser João Suassuna casado com uma
prima de João Dantas, ter sido eleito deputado federal com o apoio dos
Dantas da cidade de Teixeira e do coronel José Pereira, o pai de Ariano
ficou na mira dos familiares, amigos e correligionários do falecido João
Pessoa.
No dia da morte do então governador
paraibano na Confeitaria Gloria, João Suassuna se encontrava no Recife.
Já sua família, inclusive o menino Ariano de três anos, estava na
capital paraibana, em uma casa alugada ao Dr. Mariano Falcão, na Rua das
Trincheiras. Diante do aumento da tensão na capital, Rita Suassuna e
seus nove filhos vão se refugiar no 22º Batalhão de Caçadores, ou 22º
BC, atual 15º Batalhão de Infantaria Motorizada. Em pouco tempo João
Suassuna conseguiu apoio do rico empresário Frederico João Lundgren e
consegue apoio do Exército para trazer sua família para uma casa
mobiliada, pertencente a este empresário e localizada na cidade
pernambucana de Paulista. Um dado interessante foi que a escolta da
família Suassuna era comandada pelo tenente Agildo Barata[4].
João Pessoa morto
O deputado João Suassuna recebeu a
comunicação que havia sido denunciado como cúmplice no assassinato de
João Pessoa e teria que ir ao Rio de Janeiro para se defender na Câmara
dos Deputados. No Porto do Recife ele embarcou no paquete “Zelândia” e
lá estava toda a sua família para as despedidas. Mesmo tendo naquela
ocasião apenas três anos de idade, Ariano Vilar Suassuna sempre relatou
ao longo de sua vida que jamais esqueceu a partida do seu pai para a
Capital Federal. Pois aquela foi a última ocasião que o viu com vida.
João Suassuna chegou a Capital Federal
no dia 22 de outubro de 1930, se apresentou a Câmara Federal. Lá soube
que tramitava na comissão de constituição e justiça um pedido do
deputado estadual pernambucano João Paes de Carvalho Barros, para que
fosse concedida uma licença para abrir uma investigação sobre a
participação de Suassuna como cúmplice no assassinato de João Pessoa.
Logo o pedido foi indeferido pelo presidente da casa, o deputado federal
João Santos[5].
TEMPO DE REVOLTA
Não tarda e a convulsão política eclode.
A conhecida Revolução de 1930 teve seu início em 03 de outubro de 1930,
uma sexta feira, com movimentos sincronizados que foram levados a
efeito no Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais e Paraíba.
Mesmo diante desta situação, o deputado
João Suassuna se coloca ao lado do presidente Washington Luís, junto com
mais de uma centena de políticos. Todos se encontraram na tarde do dia 4
de outubro no Palácio da Guanabara, atual sede do Governo do Estado do
Rio de Janeiro, onde morava o mandatário que em breve seria deposto[6].
Os dias seguiam com mais notícias
preocupantes vindas da Paraíba e de Pernambuco. Na capital paraibana, na
madrugada do dia 4 de outubro, poucas horas após o movimento ter-se
iniciado, os revolucionários atacaram o 22º BC e ali morreu o general
legalista Alberto Lavenère Wanderley, comandante da 7ª Região Militar.
Já o 23º BC da cidade de Sousa, opôs resistência aos revolucionários.
Logo em seguida sublevaram-se o 25º BC de Teresina, o 24º BC de São Luís
e o 29º BC de Natal.
Em Recife o movimento encontrou uma
resistência maior por parte das forças legalistas, que haviam se
colocado de prontidão ao surgirem notícias da revolução. A vitória dos
revolucionários, contudo, foi garantida pelo apoio popular à
insurreição, tendo ocorrido, inclusive, distribuição de armas aos
populares. Já na manhã do dia 5 de outubro, o movimento havia triunfado
em Pernambuco, antes mesmo que os reforços provenientes da Paraíba
chegassem a Recife. No dia seguinte a posição dos revoltosos se
consolidou quando o presidente do estado, Estácio Coimbra, abandonou o
governo[7].
TIRO MORTAL
Enquanto as notícias das sublevações e
lutas pelo Brasil afora preocupavam os cariocas e o governo Washington
Luís seguia para seus últimos dias, João Suassuna se dividia entre saber
notícias de sua família e a atividade parlamentar.
Nesta época o deputado paraibano morava
no quarto 63, do Novo Hotel Belo Horizonte, localizado na Rua Riachuelo,
130, no bairro de Botafogo.
Suassuna tinha o hábito de sempre descer
ao “hall” principal para ler os jornais ainda pela manhã. Naquela
quinta feira, 9 de outubro de 1930, ele estava nesta atividade quando
apareceu uma visita. Era o farmacêutico paraibano Caio Gusmão, que há
quatro meses residia no Rio. Eram cerca de oito e quarenta da manhã,
quando o deputado decidiu seguir junto com seu visitante para o Palácio
Tiradentes, sede da Câmara Federal. Estava vestido de paletó de casimira
cinza e sapatos pretos[8].
Os dois caminharam um bom trecho pela Rua Riachuelo, quando Suassuna olhou para o céu e comentou…
- Parece que vai chover e vou buscar minha capa no hotel!
Deu meia volta, avançou alguns passos,
mas nesse momento foi atingido por um disparo de arma de fogo. Suassuna
tentou sacar um revólver “Colt” que conduzia, mas caiu no chão já morto
por apenas aquele único tiro. O fato ocorreu na altura do número 111,
próximo a esquina com a Rua dos Inválidos[9].
Caio Gusmão nada pode fazer, o corpo ficou em decúbito dorsal, com o revólver do falecido ao lado e a sua mão manchada de sangue[10].
Logo encheu de gente. Rapidinho se
espalhou a notícia sobre quem havia sofrido aquele atentado e o espanto
dos transeuntes foi geral. Populares chamaram a “Assistência”, o SAMU da
época, que logo chegou, mas nada puderam fazer em favor de João
Suassuna.
Em pouco tempo o delegado do 12º
Distrito Policial, o Dr. Eunápio Hardman Castello Branco, em companhia
do comissário Antônio Pizarro de Morais, chegou ao local e depois vieram
várias outras autoridades policiais. Das primeiras investigações
descobriram que o assassino fugiu pela Rua Paula Matos, em direção ao
Morro de Santa Tereza. Foi comentado aos policiais que o atirador
possuía estatura mediana, vestia paletó branco, usava boné de casimira
negra e calçava “tennis”[11].
Desde os primeiros momentos que os
jornais cariocas apontavam que a razão do assassinato de João Suassuna
era vingança pela morte de Joao Pessoa e mesmo com revoltas pipocando no
país, os revolucionários de 1930 ainda não tinham conquistado a Capital
Federal. Começou então a caçada ao assassino.
Inicialmente em uma vila, um policial
encontrou um revólver de grosso calibre do tipo “buldogue” e uma pistola
modelo “Liberty”. Além de toda a roupa utilizada pelo pistoleiro na
hora do crime. Logo os investigadores perceberam pelas pistas deixadas
que um cúmplice estava dando apoio ao matador.
Fosse pela importância de João Suassuna,
ou por eficiência (ou uma soma destes dois fatores), o certo é que ás
onze e meia da noite do dia 9 de outubro, policiais da 2ª Delegacia
Auxiliar capturaram o assassino.
Este se chamava Miguel Alves de Souza e havia sido preso no grande
sobrado que pertencia ao engenheiro Joaquim de Souza Leão, localizado na
Rua São Clemente, 261, bairro de Botafogo, a poucos metros da
tradicional Igreja e Colégio Santo Inácio. Assim foi preso Miguel Alves
confessou o crime[12].
Este era paraibano de Alagoa Grande,
tinha 30 anos, havia chegado ao Rio pelo vapor “Itapuy” no dia 18 de
julho de 1929, trabalhava como tratador de cavalos de cavalos e depois
se tornou empregado do engenheiro Joaquim de Souza Leão.
Em uma entrevista concedida ao
jornalista Ricardo Farias, publicada no caderno especial do jornal
paraibano “A União”, edição de 12 de fevereiro de 2013, página 3, Ariano
Suassuna comentou que o assassino de seu pai foi preso na casa do
concunhado de João Pessoa[13].
Provavelmente os algozes de João
Suassuna tinham a ideia que a polícia carioca jamais concluiria que na
casa de gente tão graúda, como a Dr. Joaquim de Souza Leão, encontrariam
um elemento que havia matado covardemente um homem pelas costas.
TRAMA ASSASSINA
No dia 10 de outubro, enquanto as
autoridades “apertavam” Miguel para ele dar conta do assassinato, no
Senado Federal, para onde seguiu o corpo de João Suassuna, ocorreram
várias homenagens.
O ex-governador potiguar, então senador,
José Augusto Bezerra de Medeiros, proferiu um interessante discurso
sobre a vida do falecido político paraibano. Houve uma missa de corpo
presente, várias autoridades estiveram no velório e foram colocadas
muitas coroas de flores. João Suassuna foi enterrado no tumulo número
611, no cemitério São João Batista, em Botafogo. Mas nem sua mulher e
nenhum de seus nove filhos estiveram presentes!
Enquanto isso na delegacia, Miguel Alves
de Souza confessou que recebeu o apoio de outro paraibano chamado
Antônio Granjeiro. Este era carteiro dos Correios e Telégrafos no Rio,
lhe forneceu as armas e apoiou na sua fuga. Granjeiro foi logo preso[14].
Os dois comparsas entregaram então
Octacílio de Lucena Montenegro, um funcionário do Tribunal de Contas,
como a pessoa que procurou Granjeiro, lhe deu o dinheiro para a compra
das armas do crime e a ordem para procurar alguém disposto a apertar o
gatilho.
E quem era Octacílio de Lucena Montenegro?
Na entrevista concedida ao jornalista
Ricardo Farias, do jornal paraibano “A União”, em fevereiro de 2013,
Ariano Suassuna comentou que foi Octacílio quem intermediou junto a
Granjeiro o assassinato de seu pai e que Octacílio era sobrinho do então
coronel do Exército Aristarco Pessoa, irmão de João Pessoa[15].
Demorou mais alguns dias para prenderem
Octacílio, mas ele foi finalmente detido na Tijuca. Para dirimir
dúvidas, o investigador Silvio Terra fez uma acareação na 2ª Delegacia
Auxiliar entre Octacílio, Granjeiro e Miguel Alves e para o policial
ficou patente a participação de Octacílio. Mas este negou
peremptoriamente sua participação.
Para os policiais Antônio Granjeiro,
homem pobre e com numerosa família (tinha onze filhos), era considerado
“doentio e muito sugestionável” e as preleções de Octacílio, que entre
outras coisas dizia “-Será que não existe um paraibano que seja capaz de
vingar a morte de João Pessoa?” surtiram efeito desejado. Granjeiro foi
atrás de Miguel e o crime ocorreu.
Entre outras acusações Granjeiro foi
apontado como o homem que seguiu João Suassuna, conheceu sua rotina,
comprou as duas armas usadas no crime e chegou a enviá-las para um
armeiro quando foram detectadas defeitos nelas. Foi ele quem adquiriu a
munição e no dia 7 de outubro, dois dias antes do crime, foi com Miguel
Alves praticar tiro ao alvo nas margens da hoje superpovoada lagoa
Rodrigo de Freitas, próximo ao Jóquei Clube do Rio.
Os três acusados, entre estes um
carteiro e um tratador de animais, foram defendidos pelo ninguém menos
que advogado Clovis Dunshee de Abranches, considerado um dos maiores
criminalistas do Brasil na época e famoso pelo rumoroso caso Sylvia
Seraphin Thibau[16].
Mas nesta época nem foi tão necessário a
participação de um jurista tão renomado para defender estes homens,
pois logo os revolucionários chegaram ao Rio de Janeiro, depuseram o
presidente e assumiram o poder. No vácuo institucional, em meio às
alegrias da vitória, os três homens responsáveis pela morte de João
Suassuna foram soltos[17].
EM BUSCA DE JUSTIÇA
Foi Rita Suassuna que não deixou a morte de seu marido cair no esquecimento.
Tempos depois ela enviou uma carta
extremamente intensa e emocionada ao então Presidente Getúlio Vargas e
este mandou reabrir o caso. Em pouco tempo a morte de João Suassuna
voltou às páginas dos periódicos cariocas.
Foram decretadas as prisões de Antônio
Granjeiro e Miguel Alves. O primeiro foi preso em casa, no Rio. Já o
segundo foi capturado na Paraíba e recambiado de navio para a Capital
Federal[18].
Já os autos do processo simplesmente
haviam sumido. Para completar o quadro os jornais noticiaram que novos
depoimentos alteraram a situação de Octacílio de Lucena Montenegro e ele
sequer prestou mais algum depoimento[19].
O promotor Francisco Belizário Velloso
Rabello se preparou para o julgamento acusando os réus de “assassinato
premeditado e sem direito a defesa”. Apoiando a promotoria, a pedido de
Rita Suassuna, estava o advogado e ex-senador paraibano José Gaudêncio[20].
Já o advogado Clovis Dunshee de
Abranches apresentou em favor dos réus a alegação que o crime por eles
cometido “ocorreu em um período de intensa perturbação política devido à
morte de João Pessoa” e isso gerou nos assassinos de João Suassuna “uma
forte perturbação dos sentidos e da inteligência”[21].
Visando reforçar a defesa, o advogado
Dunshee de Abranches conseguiu do “Centro Paraybano” no Rio de Janeiro,
entidade de apoio aos paraibanos que viviam na Capital Federal, mas
também servia de local de encontros políticos, uma carta em defesa dos
réus. Produzida por Arthur Victor, presidente da instituição, a carta é
uma longa peça acusatória contra João Suassuna, que mostra bem os
processos da política radical daqueles tempos.
Entre outras coisas está descrito que
Irineu José do Nascimento, padrasto de Miguel Alves e um 1º sargento
reformado da polícia paraibana, havia sido “fuzilado por ordem de João
Suassuna”, deixando sua mãe e três irmãos no desamparo. Sua família foi
obrigada a fugir para Pernambuco, onde sofreram “sérias perseguições”
por parte de Estácio Coimbra, então governador daquele estado.
Já Antônio Granjeiro nasceu em 1888,
chegou ao Rio em 1912, entrou nos Correios e Telégrafos e foi
transferido para Diamantina. Depois de retornar para o Rio começou a
participar das atividades do “Centro Paraybano” e na época que iniciou
os movimentos políticos contra o governo Washington Luís, o destemido
Granjeiro era uma espécie de segurança e forte entusiasta pela causa
liberal.
A carta do presidente do “Centro Paraybano” menciona um episódio
envolvendo Granjeiro, na época que o corpo de João Pessoa chegou para
ser enterrado ao Rio de Janeiro. Quando da passagem do féretro por uma
grande avenida, em meio à multidão, o carteiro gritou a pleno pulmões um
“De joelhos!” e docilmente se ajoelhou diante do caixão do governador
assassinado e seu gesto seguido por muitos presentes. Aparentemente isso
o tornou uma figura de destaque do “Centro Paraybano”[22].
O julgamento começou ao meio dia de uma
quarta feira, 18 de novembro de 1931, sob a presidência do juiz Nelson
Hungria. O corpo de jurados era formado por sete homens e, apesar da
atenção que aquele júri despertava entre os cariocas, os dois réus foram
absolvidos por 5 a 2 e a promotoria recorreu[23].
NOVO JULGAMENTO
Em 8 de janeiro de 1933 houve um novo
julgamento, desta vez sendo presidido pelo juiz Antônio Eugenio
Magarinos Torres, tendo como promotor Rufino de Loy e novamente a frente
da defesa o competente Dr. Clovis Dunshee de Abranches. Percebemos que,
tal como o julgamento ocorrido em 1931, este segundo embate jurídico
atraiu a atenção dos cariocas, sendo francamente noticiado na imprensa
local.
O promotor Rufino fez uma longa
acusação. Já o advogado de defesa, com enorme desenvoltura, busca
destruir todos os argumentos da promotoria. Mostra com extrema
eloquência a sofrida história de vida dos réus, apontando-os como
“nordestinos pobres”. Trás para o tribunal o clima de revolta e
instabilidade política de outubro de 1930, torna a ler a carta do
“Centro Paraybano” e coloca os réus fora da “classe dos criminosos
vulgares”. Cita vários juristas, psiquiatras e médicos para explicar o
que as emoções políticas tinha haver com o assassinato de João Suassuna.
Ele relembrou a epopeia dos “18 do Forte”, fazendo uma relação deste
caso para justificar o clima emocional dos réus diante da morte de João
Pessoa[24].
Dunshee de Abranches fez até mesmo
considerações para o crime de regicídio. Em determinada hora, como era
praxe no tribunal no Rio, houve a parada para o “chá”[25].
Depois do retorno e finalização dos
debates, os jurados se recolheram para decidir o futuro dos réus. Em 30
minutos trouxeram para o juiz Magarinos Torres o “Veredictum”,
condenando Miguel Aves de Souza há seis anos e Antônio Granjeiro a
quatro anos de detenção[26].
O julgamento teve outros desdobramentos.
A família Pessoa, através do filho de João Pessoa, o jornalista
Epitácio Pessoa Cavalcante de Albuquerque, abriu fogo com suas baterias
jurídicas, processando o promotor Rufino de Loy. Entre outras coisas,
consideradas um acinte pela família e ditas pelo promotor na tribuna,
estava que “os réus eram conhecidos da família Pessoa”. Não sei o
resultado deste processo.
A TROCA
Evidentemente que para Rita Suassuna o
resultado do julgamento foi decepcionante, uma verdadeira lástima. Mas o
pior foi a viúva de João Suassuna saber que Antônio Granjeiro passou
pouco mais de um ano na cadeia e ainda conseguiu que os seus “serviços”
pela causa liberal fossem “plenamente recompensados” com a sua
liberdade. Mesmo condenado no tribunal, este verdadeiro “alpinista
político”, que queria ascenção com o sangue alheio, foi reincorporado
aos Correios e Telégrafos em junho de 1934 e voltou a sua primitiva
função de carteiro no Rio de Janeiro.
Já o assassino Miguel Alves de Souza se perdeu no “oco do mundo”!
Na época a família Pessoa foi muito
eficaz em criar em torno da morte de João Pessoa, toda uma condição de
perpetuação da memória desta família na Paraíba. Começa que a atual
denominação da capital paraibana é “João Pessoa”, fato único entre as
capitais estaduais brasileiras. Depois basta fazer uma pequena pesquisa
no Google e se percebe o alto número de ruas e logradouros com nomes e
sobrenomes ligados a família do governador morto na Confeitaria Glória.
Já Rita Suassuna, depois de várias
mudanças e provações, levou seus filhos para a cidade de Taperoá, no
sertão paraibano. Ali, em uma região onde isso era a praxe, lutou para
que seus cinco filhos homens jamais partissem para vingar a morte do
pai. Entretanto a família de João Suassuna sempre perpetuou a memória de
João Suassuna e isso se incorporou no jovem Ariano, mesmo com tão pouca
idade na ocasião da morte de seu pai.
Mesmo sem saber mensurar o quanto o peso
da morte de João Suassuna contribuiu para moldar o Ariano Suassuna
escritor, eu creio que de certa maneira ele realizou a sua “vingança”
através dos seus escritos.
Se a família Pessoa buscou se perpetuar
em nomes de ruas e logradouros na Paraíba, certamente Ariano se
imortalizou na mente e nos corações de milhões de brasileiros com as
suas obras. O autor deste trabalho acredita que por muitas décadas e
séculos no futuro, o nome e as obras de Ariano Suassuna serão
obrigatórias para o entendimento do Nordeste.
Contudo eu tenho certeza que ele, Ariano
Vilar Suassuna, trocaria tudo o que conseguiu com as letras para ter
tido a oportunidade de ter visto seu pai conhecer seus filhos, ter
acompanhado a sua vida e estar ao lado de João Suassuna no dia de sua
morte.
NOTAS
[1] Em 1945 o antigo IFOCS passou a se chamar Departamento Nacional de Obras Contras as Secas – DNOCS. A Fazenda Acauã é um importante patrimônio histórico rural paraibano. Com 300 anos de história, é a mais antiga fazenda de gado e algodão do Sertão da Paraíba. Está localizado a 409 quilômetros da capital, atualmente se localiza na zona rural da cidade de Aparecida. Ariano Suassuna morou no casarão, durante parte de sua infância, e se inspirou em Acauã para escrever suas obras. Ver http://sednemmendes.blogspot.com.br/2013/05/visitando-o-sitio-historico-da-fazenda.html
[2] Segundo material existente no site www.http//pb1.com.br , o vereador Fernando Milanez, sobrinho-neto de João Pessoa, afirmou que a versão de que o assassinato teria sido um crime passional é um “absurdo”, porque, segundo ele, João Pessoa nem conhecia João Duarte Dantas. Para a família de João Pessoa, o ex-presidente foi vítima de ambição e mentira, e a causa do assassinato teria sido política. Independente do motivo, João Dantas, junto ao seu cunhado, Augusto Caldas, que não havia participado do crime, foram presos na Casa de Detenção do Recife. Em 6 de outubro de 1930, nos primeiros dias da Revolução de 1930, os dois teriam sido assassinados. A versão oficial indicou suicídio. Ver – http://pb1.com.br/noticias_dentro.php?pt1=898
[3] No início de 1929 ainda estava em vigência a conhecida “política do café com leite”, em que políticos de Minas Gerais e de São Paulo se alternavam na presidência da república. O então Presidente Washington Luís, indicou o governador São Paulo, Júlio Prestes, como seu sucessor. Apenas três estados negaram o apoio a Prestes: Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba. Os três se uniram a políticos de oposição de diversos estados e formaram, em agosto de 1929, um grupo de oposição denominado Aliança Liberal. No dia 20 de setembro do mesmo ano foram anunciados os candidatos oposicionistas às eleições presidenciais. Getúlio Vargas seria candidato a Presidente do Brasil e João Pessoa seria o candidato a vice-presidente. Após perder as eleições, que foram realizadas em março de 1930, a Aliança Liberal alegou que a vitória de Prestes era decorrente de fraudes. Ver – http://pb1.com.br/noticias_dentro.php?pt1=898
[4] O empresário pernambucano Frederico João Lundgren (1879-1946) foi uma espécie de desbravador em seu tempo. Tratado como coronel, gerou 22 filhos, teve várias mulheres e se tornou uma espécie de lenda do comércio ao levar tecidos e outras mercadorias a dezenas de pequenas cidades do interior do país. Herdeiro de uma tecelagem, Lundgren teve, em 1908, a ideia de criar uma cadeia de varejo pela qual pudesse vender seus produtos. Era o começo das conhecidas Casas Pernambucanas. Ver – http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/0726/noticias/a-sobrevivente-m0053283 e http://tokdehistoria.com.br/2014/05/12/oxente-hitler-arquivos-e-documentos-mostram-que-os-nazistas-estiveram-na-paraiba/
[5] Ver jornal “O Paiz”, Rio de Janeiro, edição de 4 de outubro de 1930, página 4.
[6] Ver jornal “O Paiz”, Rio de Janeiro, edição de 5 de outubro de 1930, na 1ª página. Apesar do Palácio do Catete ser a antiga residência dos Presidentes da República, quando tomou posse Washington Luís decidiu residir no Palácio da Guanabara.
[7] Ver – http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_de_1930
[8] Este hotel não existe mais, entretanto a estrutura ainda existe, está conservada e o local ainda é utilizado como hotel. Trata-se do Hotel Monte Alegre e fica localizado na mesma Rua Riachuelo, esquina com a Rua Monte Alegre.
[9] Este local fica bem próximo a atual sede da renomada Editora Folha Dirigida.
[10] Os jornais listam que além de sua aliança, de 200 mil réis em dinheiro, um relógio e abotoaduras de ouro, João Suassuna levava a licença para portar sua arma e alguns papéis. Entre estes uma carta fechada para a esposa.
[11] Ver jornal “A Noite”, Rio de Janeiro, edição de 9 de outubro de 1930, 1ª página e o jornal “O Paiz”, Rio de Janeiro, edição de 10 de outubro de 1930, página 2. Desde os primeiros momentos as investigações ficaram a cargo do investigador Silvio Terra, figura lendária da polícia investigativa carioca, cujo nome atualmente batiza a Academia de Polícia Civil do Rio de Janeiro.
[12] Joaquim Souza Leão era um puro exemplo de um membro oriundo da mais alta elite agrária açucareira pernambucana. Era sobrinho de desembargador, de senador do Império, do Visconde de Campo Alegre e filho de Antônio de Souza Leão, rico fazendeiro pernambucano da região de Moreno e que havia recebido do Imperador Pedro II o título de Barão de Morenos. Um de seus filhos foi embaixador. Ver – http://morenoengenho.blogspot.com.br/
[13] Ver – http://issuu.com/auniao/docs/caderno_especial_parte_1
[14] Ver o jornal “O Paiz”, Rio de Janeiro, edição de 11 de outubro de 1930, página 2 e o jornal “Diário carioca”, Rio de Janeiro, edição de 7 de janeiro de 1933, 1ª página.
[15] Segundo Ariano Suassuna, na década de 1950, quando ele entrou na Faculdade de Direito de Recife, conheceu o filho do Joaquim Pessoa Cavalcante de Albuquerque, irmão de João Pessoa, que isentou o pai da morte de João Suassuna. Mas não o tio Aristarco Pessoa e nem a participação de Octacílio de Lucena Montenegro no crime. Ver – http://issuu.com/auniao/docs/caderno_especial_parte_1
[16] Sylvia Seraphin Thibau era uma jornalista, escritora e poetisa, era casada com o médico João Thibau Júnior e mãe de dois filhos. Sylvia foi acusada pelo jornal carioca “A Crítica” de ter traído o marido, mantendo um caso com o também médico Manuel Dias de Abreu, mais tarde inventor da abreugrafia. Irritada, ela foi à redação do jornal armada, para matar o editor, Mario Rodrigues, no dia 26 de novembro de 1929. Como Mário não estava no jornal, Sylvia acabou atirando no filho dele, o também jornalista Roberto. No local, assistindo ao crime, estava o irmão da vítima, Nelson Rodrigues, então com 17 anos. O processo criminal foi acompanhado por uma feroz campanha promovida pelo jornal, que chamava a ré de “literata do Mangue” e “cadela das pernas felpudas”. Seu julgamento foi o primeiro no Brasil a ser transmitido ao vivo pelo rádio. O advogado Clovis Dunshee de Abranches alegou que Sylvia havia se descontrolado por ter sido caluniada e conseguiu a sua absolvição. Ela suicidou-se em 1936, depois de abandonada por um tenente-aviador por quem havia se apaixonado. Ver http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADlvia_Serafim_Thibau
[17] Ver jornal “A Noite”, Rio de Janeiro, edição de 4 de novembro de 1930, página 9. Neste jornal temos uma longa declaração de Silvio Terra, se defendendo de acusações feitas por Octacílio de Lucena Montenegro através dos jornais. As acusações de Octávio apontam que este havia sido torturado pelos policiais para confessar sua participação na morte de Ariano Suassuna. Não encontrei a edição de jornal com a publicação de Octávio contra Silvio Terra. Mas encontrei a carta de defesa do investigador aos seus superiores e publicada nos jornais do Rio. Este investigador é muito claro, direto e contundente em suas afirmativas, além de negar veementemente o uso de tortura contra os detidos. O então coronel Bertoldo Klinger, líder revolucionário, elogiou o posicionamento do policial. Ver também “A Noite”, Rio de Janeiro, edição de 11 de julho de 1931, página 3.
[18] Miguel Alves estava incluso no crime previsto no Artigo 294, parágrafo 1º, com agravantes do Artigo 39, parágrafos 2º, 7º, 8º e 13º. Já Granjeiro era acusado nos mesmos artigos, acrescentando o artigo 18, parágrafo 3º. Lembrar que estas acusações faziam parte Código Penal anterior ao que atualmente está em vigência. Ver jornal “Diário de Notícias”, Rio de Janeiro, edição de 7 de janeiro de 1933, 1ª página.
[19] Ver jornal “A Noite”, Rio de Janeiro, edição de 11 de julho de 1931, página 3. Os jornais da época não informam quem, quando e onde ocorreram estes depoimentos que livraram Octacílio de Lucena Montenegro deste processo. Nem comentam nada mais sobre o sumiço dos autos e sequer é mais comentado por qualquer razão o nome do Joaquim de Souza Leão como presumidamente envolvido no crime. Ver jornal “A Noite”, Rio de Janeiro, edição de 11 de julho de 1931, página 3.
[20] Ver jornal “A Esquerda”, Rio de Janeiro, edição de 21 de setembro de 1931, página 4.
[21] Ver jornal “Diário de Notícias”, Rio de Janeiro, edição de 19 de agosto de 1931, página 2.
[22] Ver jornal “A Noite”, Rio de Janeiro, edição de 11 de setembro de 1931, página 3. Por mais estranha que esta história de ficar de joelhos diante do caixão de João Pessoa possa parecer, naquela época, naquelas circunstâncias, isso aconteceu de verdade. Na capital paraibana o nível de fanatismo em 1930 era tal, que se alguém tocasse em um local público uma certa música criada para homenagear o morto ilustre, e alguém gritasse um sonoro “De joelhos!”, aí de quem não cumprisse a ordem. Ou era surrado, ou preso.
[23] Ver jornal “Diário Carioca”, Rio de Janeiro, edição de 19 de novembro de 1931, página 3. É interessante comentar sobre o juiz Nelson Hungria Hoffbauer. Este nasceu em Além Paraíba, Minas Gerais, em 1891, iniciou sua vida pública como promotor de Rio Pomba, em seu estado natal. Nomeado juiz em 1924, foi magistrado por 46 anos, tendo sido nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal em 1951, do qual chegou à presidência e se aposentou em 1961. Hungria é tido como um dos luminares de nossa cultura jurídico-penal, onde deixou escrito 17 obras e 150 monografias. Foi considerado o líder intelectual da redação do Código Penal de 1940, além de ter participado da elaboração do Código de Processo Penal, da Lei de Contravenções Penais e ainda da Lei de Economia Popular. Seus Comentários ao Código Penal (8 volumes) influenciaram gerações de juristas brasileiros e constituíram referência obrigatória para a compreensão de nosso sistema jurídico penal. Ver – http://www.memorial.mppr.mp.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=114
[24] A Revolta dos 18 do Forte de Copacabana foi uma revolta tenentista ocorrida na cidade do Rio de Janeiro em 5 de julho de 1922. Foi a primeira revolta tenentista da República Velha. Teve a participação de 17 militares e um civil. Suas causas principais estão no descontentamento dos tenentes com o monopólio político do poder no Brasil por parte das oligarquias (principalmente ricos fazendeiros) de Minas Gerais e São Paulo. Embora o movimento tivesse sido planejado em várias unidades militares, somente o Forte de Copacabana e a Escola Militar se levantaram no dia 5 de julho de 1922. O forte foi bombardeado e a rendição dos rebeldes foi exigida. O tenente Siqueira Campos e um grupo de militares rebeldes pegaram armas e marcharam pelas ruas em direção ao Palácio do Catete (sede do governo federal na época). Durante a marcha alguns militares desistiram, ficando apenas 17 que receberam o apoio na rua de um civil, totalizando 18. Os rebeldes foram cercados pela tropa do Governo Federal. Após forte tiroteio em frente ao posto 3 da praia de Copacabana, somente Siqueira Campos e Eduardo Gomes sobreviveram e foram presos. Os outros dezesseis integrantes do movimento foram mortos no combate.
[25] Regicídio é o assassinato de um rei, seu consorte, de um príncipe herdeiro ou de outras formas de regentes, como presidentes e primeiro ministros. Ver http://pt.wikipedia.org/wiki/Regic%C3%ADdio
[26] Ver o periódico “Diário de Notícias”, Rio de Janeiro, nas edições de 7 e 8 de janeiro de 1933, sempre nas 1ª páginas. Igualmente ver o jornal “Diário Carioca”, Rio de Janeiro, edição de 7 de janeiro de 1933, 1ª e 5º páginas.
O "pistoleiro", segundo a matéria, não seria tão "pistoleiro" assim. O que houve seria uma convergência de vontades, ou seja, duas famílias com sede de vingança: a dos Pessoa e a do próprio "pistoleiro". Uma verdade absoluta: não havia santo nessa história.
ResponderExcluir