Câmara Cascudo monarquista
Luiz da Câmara Cascudo com algumas ordens culturais recebidas durante sua vida. Foto: acervo Instituto Tavares de Lyra.
Com a abertura de o arquivo epistolar
do escritor Luiz da Câmara Cascudo aos pesquisadores, tive a felicidade de ser
o primeiro a consultar tão importante acervo, composto de 27.000 cartas.
Na era dos e-mails, o suporte físico
para as correspondências desapareceu. Na contracorrente, a carta ganha status
de objeto de valor, justamente pela nostalgia dos elementos que já não existem
mais, como a caligrafia, o timbre, os desenhos.
Dentre as inúmeras missivas recebidas
pelo escritor, me detive sobre vinte e duas correspondências, entre cartas,
bilhetes e cartões de felicitações. Os remetentes são Dom Pedro de Orleans e
Bragança, Príncipe do Grão-Pará, primogênito da Princesa Isabel do Brasil, o
Marechal Conde D’eu e os príncipes imperiais Dom Pedro Gastão e Dom Pedro
Henrique, este último, Chefe da Casa Imperial Brasileira de 1920 a 1981.
Câmara Cascudo foi um monarquista
convicto e declarado nos primeiros tempos de sua ação literária. Sobre este
tema, Cascudo escreveu “Lopez do Paraguay”, 1927; “Conde d’Eu”, 1933; “O
Marquês de Olinda e seu Tempo”, 1938 e “O Príncipe Maximiliano no Brasil”, 1977,
além de várias Actas Diurnas relativas a assuntos da Monarquia ou de seus mais
proeminentes representantes.
Dom Pedro de Orleans e Bragança foi
príncipe do Grão-Pará, e como Príncipe Imperial do Brasil renunciou aos seus
direitos dinásticos a coroa brasileira para casar-se com a condessa checa
Elizabeth Dobrzensky de Dobrzenicz. Visitou o Rio Grande do Norte em 1927,
sendo recebido no “Principado do Tirol” pela família Cascudo. “Peço-lhe dê
muitas lembranças nossas a seus pais e outros amigos de Natal, de que guardamos
muito boas recordações”, afirmou Dom Pedro numa carta de 1930.
Gastão de Orleans - Conde D'Eu e o
filho Dom Pedro de Orleans e Bragança - Príncipe do Grão-Pará,
mantiveram correspondência ativa com Cascudo. Fotos: Acervo Casa
Imperial do Brasil.
O príncipe parecia atento aos
movimentos político-sociais do Rio Grande do Norte quando afirma em carta de
1931: “A cidade deve ter tomado muito incremento com a importância que tomou
vindo a ser o porto para as vias aéreas da Europa. Espero que no estado do Rio
Grande do Norte esteja tudo agora apaziguado depois da revolução e que não
tenha sofrido com a crise”.
A correspondência é parte essencial da
obra de Câmara Cascudo. Não apenas porque explica e ilumina revelações
biográficas, mas pela riqueza de ideias, elaborações estéticas, projetos
participantes, lampejos e intimidades do pensamento em transe de um homem que
foi uma das expressões mais altas e completas da cultura potiguar.
Por Anderson Lyra, Consultor de História do Rio Grande do Norte, em http://www.historiaegenealogia.com/2013/12/camara-cascudo-monarquista_24.html
Os remetentes são Dom Pedro de Orleans e Bragança, Príncipe do Grão-Pará, primogênito da Princesa Isabel do Brasil, o Marechal Conde D’eu e os príncipes imperiais Dom Pedro Gastão e Dom Pedro Henrique, este último, Chefe da Casa Imperial Brasileira de 1920 a 1981.
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