NO RIO GRANDE DO NORTE SE MATA MAIS QUE NA GUERRA ENTRE ISRAELENSES E PALESTINOS
ESTAMOS NO MEIO DA GUERRA CIVIL POTIGUAR?
SOMENTE EM 2012, 975 PESSOAS FORAM
ASSASSINADAS NO RIO GRANDE DO NORTE. NO CONFLITO ENTRE ISRAELENSES E
PALESTINOS, ENTRE 2010 E 2012, MORRERAM 478 PESSOAS. E SÃO ELES QUE
ESTÃO EM GUERRA?
Na manhã da última sexta feira (17/5), estive na Assembleia
Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte. Ali acompanhei a audiência
pública intitulada “Copa Legal – O Rio Grande do Norte no Combate a
Exploração Sexual”. Tive a oportunidade de presenciar os representantes
do Estado, Município e especialistas que atuam na área de defesa
discutir o aumento dos casos de violência e exploração sexual contra
crianças e adolescentes. Debateram possíveis soluções para estas
questões, diante da proximidade da Copa do Mundo de 2014 e da
expectativa de serem recebidos muitos visitantes na nossa região.
A mesa do evento estava Márcia Maia (Deputada Estadual), Julia Arruda
(Vereadora), Correia Junior (Delegado e Diretor de Polícia Civil da
Grande Natal – DPGRAN), Leonardo Nagashima, (Promotor de Justiça e
Coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias da Criança e
do Adolescente – CAOP Infância e Juventude), Antônio Murilo (Padre e
Presidente do Conselho Estadual da Criança e Adolescente – CONSEC),
Ilzamar Silva Pereira (Secretária Municipal de Trabalho e Assistência
Social –SEMTAS) e Marcos Dionísio (Presidente do Conselho Estadual de
Defesa dos Direitos Humanos).
E foi este último quem me lembrou em sua fala de uma estatística
realmente complicada para o Rio Grande do Norte, ao comentar que em
terras potiguares foram registrados 975 assassinatos no ano de 2012.
Marcos Dionísio informou que até 10 de maio último já foram
contabilizados no Rio Grande do Norte um total de 530 homicídios em
2013. O Presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos
acredita que este ano a conta deve fechar entre 1.300 a 1.500
homicídios.
Cruzando Informações
Estes números estarrecedores não são novidade. É até mesmo notícia
velha. Mas confesso que ficaram na minha cabeça após o final da
audiência pública. Ao chegar a minha casa comecei a fazer uma pesquisa
na internet, relacionando os 975 assassinatos em 2012 com guerras e
conflitos a nível mundial.
Descobri que o número de pessoas assassinadas no Rio Grande
do Norte no ano passado, foi maior do que o número de mortos palestinos e
israelenses nos últimos três anos.
Segundo o site http://www.ifamericansknew.org/stats/deaths.html http://www.ifamericansknew.org, entre 2010 e 2012, morreram em confrontos na região 478 pessoas, sendo 454 palestinos, e 24 israelenses.
Segundo a matéria existente neste site, os dados foram fornecidos
pelo B’Tselem, o Centro Israelense para os Direitos Humanos nos
Territórios Ocupados (Ver – http://www.btselem.org/),
com a última atualização em 30 de abril de 2013. Os números citados
incluem civis e combatentes mortos, a maioria na Cisjordânia e na Faixa
de Gaza. Mas as estatísticas não incluem o número considerável de
palestinos que morreram como resultado da incapacidade de socorro às
vitimas devido ao fechamento da fronteira de Gaza, bloqueios em estradas
israelenses, toques de recolher, etc.
Entretanto não podemos esquecer que as raízes do conflito
Palestino/Israelense vêm desde 1947, após a criação do Estado de Israel.
De lá, para cá, a sangria nesta parte do mundo sempre esteve presente
na mídia, se prolongando em meio a um mar de dor, ódio e sangue, sem
perspectiva de solução em curto prazo.
Já a nossa Guerra Civil Potiguar é coisa recente. É uma carnificina
com tendência cada vez maior ao crescimento. Dados apontam que entre
2000 e 2010, o aumento da taxa de homicídios em terras potiguares foi de
154%, enquanto que o aumento populacional foi de apenas 14%.
Segundo a mancha criminal feita no mapa do Rio Grande do Norte pela
Subcoordenadoria de Estatística, os maiores índices de homicídios estão
registrados em 1º lugar em Natal, 2º Região Metropolitana, 3º em
Mossoró, 4º na região de Pau dos Ferros e o 5º lugar ficou ocupado pela
região do Seridó. Outro dado aponta que 92,3% das vítimas têm entre 20 e
30 anos de idade e já tiveram algum envolvimento com atividade ilícita,
as mais comuns são, tráfico de drogas e assalto.
Somos Campeões de Violência
De maneira geral isso não é nenhuma grande novidade. Segundo cálculos
do “Mapa da Violência 2012″, produzido pelo Instituto Sangari e
divulgado em dezembro último, entre 1980 e 2010, o Brasil contabilizou
1,09 milhão de homicídios, com uma média anual de mortes violentas
superior à de diversos conflitos armados internacionais. Para muito
nosso país vive uma Guerra Civil não declarada.
Calculando a média anual de homicídios do país em 30 anos, Julio
Jacobo Waisefisz, pesquisador do Sangari, chegou ao número de 36,3 mil
mortos no ano – o que, em números absolutos, é superior à média anual de
conflitos como o da Chechênia (25 mil), entre 1994 e 1996, e da guerra
civil de Angola (1975-2002), com 20,3 mil mortos ao ano. A média também é
superior as 13 mil mortes por ano registradas na Guerra do Iraque desde
2003 (a partir de números dos sites iCasualties.org e Iraq Body Count,
que calculam as mortes civis e militares do conflito).
Agora uma coisa é você falar de pesquisas que abranjam todo o Brasil.
E o Brasil é gigantesco. Outra coisa é uma estatística que aponta
especificamente para a violência no Rio Grande do Norte, mostrando que
além de sermos um lugar pequeno e pobre, aqui se torna cada vez mais
sangrento.
Vale Mais a Pena Viver na Faixa de Gaza, na Cisjordânia, ou em Natal?
Recentemente publiquei neste nosso espaço um artigo do amigo Flávio Rezende (Ver – http://tokdehistoria.wordpress.com/2013/05/07/um-planeta-em-evolucao-apesar-da-constante-exposicao-midiatica-da-violencia/),
onde este respeitado jornalista aponta que o tema violência ocupa cerca
de 30%, ou até mais, no conjunto do tempo televisivo ou do espaço nas
páginas dos jornais. Flávio não nega em seu trabalho a realidade do
momento vivido por todos, mas busca através de dados apontar que a
violência atualmente existente não é tão grande como se propaga. Em sua
opinião ocorre um desproporcional espaço concedido aos fatos negativos
pela imprensa em geral. Consequentemente isto generaliza o medo.
Concordo em grande parte com o que Flávio escreveu, tanto que
publiquei seu artigo em meu blog. Mas confesso que viver e criar a minha
filha em um lugar onde 975 pessoas foram assassinadas em 2012, me dá
medo.
E não adianta dizer preconceituosamente que a nossa violência é
exclusividade da Zona Norte de Natal, da Grande Natal, das periferias
mais distantes, ou até da Região Oeste do estado. Recentemente o luxuoso
bairro de Petrópolis, com suas clínicas conceituadas e butiques de
grife, sofreu na mão de assaltantes. Logo alguém de família dita
“tradicional”, de sobrenome com uma difícil pronúncia, vai levar um
balaço e se juntar a legião de Joãos, Marias, Pedros, Josés que enchem
as covas de paupérrimos e distantes cemitérios.
Nós potiguares sempre gostamos propagar que nossa terra é um “lugar
tranquilo”, onde a “violência é limitada” e a nossa qualidade de vida é
“ótima”. Agora só resta apenas perguntar se vale mais a pena viver na
Faixa de Gaza, na Cisjordânia, ou em Natal?
Fontes complementares - http://comentecomigo.blogspot.com.br/2013/03/numero-de-homicidios-no-rn-sobe-4176-em.htmlhttp://www.potiguarnoticias.com.br/noticias/24471/marcia-maia-sugere-criacao-de-selo-e-cartilhas-para-combate-a-exploracao
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=10&id_noticia=201879
COPIADO DE http://tokdehistoria.wordpress.com/page/2/
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